segunda-feira, 26 de outubro de 2015

A QUEDA DA RAÇA HUMANA



4º TRIM. 2015 – LIÇÃO Nº 4 – A QUEDA DA RAÇA HUMANA

O Começo de Todas as Coisas – Estudos sobre o livro de Gênesis


INTRODUÇÃO
Seguindo os nossos estudos sobre o livro de Gênesis, estaremos abordando nesta presente aula, o capítulo 3, que é o mais triste e trágico capítulo da Bíblia Sagrada, onde encontramos a narrativa da queda do ser humano e com esta, a entrada do pecado no mundo. Mas a história não terminou com esta tragédia. A Bíblia Sagrada nos ensina que, antes da fundação do mundo, dentro de sua presciência, Deus já havia elaborado um plano para retirar o homem desta situação tão delicada (Ef.1:4). Este plano foi revelado ao homem no dia mesmo de sua queda, quando o Senhor anunciou que haveria de surgir alguém da semente da mulher que feriria a cabeça da serpente e criaria inimizade entre o homem e o mal e, consequentemente, comunhão entre Deus e o homem (Gn 3:15). O Plano divino para a salvação da humanidade foi plenamente concretizado no sacrifício inocente, amoroso e vicário de nosso Senhor Jesus Cristo (Jo.1:29; Gl. 4:4,5).


I – TENTAÇÃO E QUEDA
Sabemos que homem e mulher viviam em plena harmonia entre si, com Deus e com a criação terrena. Todos os dias, na viração do dia, ou seja, ao entardecer, o Senhor vinha ao encontro do primeiro casal e o homem tinha um momento de íntima comunhão com o seu Criador, sendo abençoado e ensinado pelo Senhor.
Eles viviam em perfeita comunhão, em total inocência, sendo uma só unidade, tanto que o texto sagrado diz que estavam nus (Gn.2:25), mas não se envergonhavam, não havia qualquer desconfiança ou malícia entre eles (Gn.4:1).
Não sabemos ao certo quanto tempo durou esta situação. Sendo assim, não podemos precisar quanto tempo viveu o ser humano na inocência (Gn. 5:5), em plena comunhão com Deus. O fato é que esta situação infelizmente se alterou quando o primeiro casal foi tentado e não resistiu à tentação, permitindo a entrada do pecado no mundo.
O capítulo 3 do livro de Gênesis inicia-se apresentando uma personagem (a serpente) dizendo ser ela a mais astuta (esperta = sagaz) alimária (animal irracional) do campo que o Senhor Deus tinha feito.

1.1. As Serpentes
O termo "cobra" é utilizado apenas para um tipo de serpente, as Najas da África e Ásia. Na época do "descobrimento", os portugueses atribuíram o nome de "cobra" às serpentes, acreditando se tratar das verdadeiras cobras (Naja da Índia), pois pensavam ter chegado às Índias.

Importante:
Possui ausência de pernas, que perderam durante o processo evolutivo.

Características:
Prudente (Mt. 10:16) – Vive em alerta discernindo bem o perigo ainda distante e em qualquer circunstância da natureza, pois seus sentidos faz o discernimento e logo ela bate em retirada (ágil).
Não anda em exibição, mas anda bem escondida, o que a faz ter êxito nas investidas tanto no combate, quanto na hora de se alimentar. Ela sabe que essa falta de prudência também pode lhe custar a vida, pois é um animal muito perseguido por gaviões e outros predadores (habilidade para enganar).
Faz a sua morada no fundo das cavernas rochosas. Nas grandes rachaduras das penhas, lugar de difícil acesso e quase impenetrável, ela não é como as minhocas que em qualquer terreno faz sua casinha. Isto, propicia a serpente estabilidade, e uma boa segurança contra os eventuais fenômeno da natureza e ataque de inimigos. Dando-lhe uma reprodução tranquila e constante (inteligente).
A serpente troca-se várias vezes a pele que a cobre... Deixando-lhe mais renovada. Pois, a casca retirada estava desgastada e cheia de parasitas. Com esse feito a serpente adquire habilidade e um bom desempenho na vida. A falta dessa renovação fará que tenha, uma vida monótona sem habilidade. Pois, a proliferação de parasitas lhe trará problemas de saúde gravíssimos e por fim a morte.



Voltando para (Gn. 3:1):
Ora, a serpente era mais astuta... A palavra astuta significa: que tem habilidade para enganar ou usar artifícios, esperteza, sagacidade, ou seja: é ágil, inteligente, capaz, influenciador. Só que no texto bíblico, não temos apenas a palavra astuta, porém, MAIS astuta; ou seja: em maior intensidade.
O diabo reconheceu na serpente um diferencial com relação aos outros animais.  Esta, tinha atributos e qualidades que foram percebidas pelo diabo.
Lembremo-nos que estamos falando de um ser espiritual maligno e dotado de grande capacidade no que se refere ao conhecimento das características da personalidade humana. Portanto sabedor dos caminhos e atalhos que levam a alcançar sorrateiramente o interior dessa personalidade (Lc. 4.3).

Quanto ao texto de (Gn.3:1), há discussões sobre à serpente, vejamos:
a) Sendo Satanás um ser angelical, ainda que caído, é um espírito e, como tal, pode assumir formas materiais (II Co.11:14), de modo que não lhe foi difícil assumir a forma de uma serpente e, assim, iniciar um diálogo com a mulher.
b) Que o diabo “possuiu” a serpente e, desta maneira, começou a dialogar com a mulher, o que é uma interpretação possível. Sendo assim, teria sido a primeira “sessão mediúnica” da história da humanidade de forma que está a se referir a Satanás (Ap.12:9; Ap.20:2).
Tendo assumido a forma de serpente, ou tendo “possuído” a serpente, o fato é que esta iniciou o diálogo com a mulher. Usando de sua astúcia, que é a “habilidade de dissimular e usar artifícios enganadores e, com isso, obter vantagens às custas de outrem; malícia, treta, artimanha”, como diz o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, o diabo inicia o diálogo com a mulher, fazendo uma indagação: “Não comereis de toda árvore do jardim?” (Gn.3:1).
Temos aqui duas grandes falhas do primeiro casal, as que tornaram possível a tentação: 

1) Homem e mulher encontravam-se separados.
Não estavam juntos naquele momento, por motivos que não sabemos. Eva estava sozinha e o Senhor já havia dito que não era bom que o homem estivesse só (Gn.2:18).
A solidão é um estado que muito facilita a ação do inimigo e coloca em risco a nossa vida espiritual. Por isso, o Senhor sempre formou, ao longo da história, o Seu povo, para que, dentro da sociabilidade, o homem pudesse vencer o pecado e o mal, mantendo uma vida de comunhão com Ele. Pelo mesmo motivo, não é possível que, solitários, possamos servir a Deus. Daí porque a proposta dos chamados “desigrejados”, que tem crescido nestes últimos dias, é, na verdade, uma artimanha satânica, pois, sozinhos, seremos alvos certos do inimigo e, assim como Eva, haveremos de fracassar espiritualmente.

2) A falta da guarda do jardim por parte do primeiro casal.
Satanás conseguiu entrar no jardim e isto demonstra que havia ocorrido uma falha na guarda, tarefa de que estava incumbido o primeiro casal (Gn.2:15). Houve falta de vigilância, falta de cuidado por parte do primeiro casal, portanto Satanás pôde entrar no jardim sorrateiramente.
Não é por outro motivo que o Senhor Jesus, em Seu sermão escatológico, dá a chamada “ordem santa”, que é a vigilância (Mc.13:37). Devemos estar sempre vigilantes, atentos, para não permitir que o diabo possa se aproximar de nós, pois ele está ao derredor, buscando a quem possa tragar (I Pe.5:8).
Satanás adentrou no jardim do Éden e iniciou um diálogo com a mulher e, usando de toda a sua astúcia, lançou uma indagação: “É assim que Deus disse: não comereis de toda árvore do jardim?”
Vemos aqui uma das artimanhas do inimigo, que é a distorção da Palavra de Deus. Não é à toa que o Senhor Jesus disse que a verdade nos liberta (Jo.8:32). Quando conhecemos a Palavra de Deus, que é a verdade (Jo.17:17), não há como nos enrolarmos nas armadilhas de Satanás. O diabo inicia o diálogo com a mulher distorcendo o que Deus havia dito.
O primeiro momento da tentação é a abertura do diálogo. Jamais devemos abrir diálogo com o adversário de nossas almas. Ele é muito astuto, maior do que nós, pois, embora sendo caído, continua sendo um anjo e, como tal, é maior do que nós (Sl.8:5; Hb.2:7), não sendo, pois, possível que o vençamos com nossas próprias forças. Assim como um estelionatário, que consegue, com sua “lábia”, enganar suas vítimas, se iniciarmos

diálogo com o adversário, seremos vencidos. Por isso, o apóstolo Paulo nos adverte de que não podemos ignorar os ardis do inimigo (II Co.2:11).
A mulher, sozinha e sem vigilância, abre o diálogo com o adversário e responde ao inimigo, certamente admirada por ver uma serpente falando, dizendo que lhe era permitido comer de toda árvore do jardim, mas que do fruto da árvore que estava no meio do jardim não lhe era autorizado comer nem tocar para que não houvesse morte (Gn.3:2,3).
Devemos observar que a mulher estava realmente desprovida de vigilância, pois era sabedora de que os animais não falavam. Ao ver um animal falar, deveria ter uma atitude de desconfiança e ter ido ao encontro de seu marido, pois Somente o homem foi dotado do poder de linguagem racional, tanto que Deus chamou Adão para dar nome aos animais. A “fala” da serpente era algo novo e inusitado e que deveria ter despertado estranheza por parte da mulher e não curiosidade, que é outro fator que pode nos levar ao fracasso espiritual. Devemos fugir de tudo que é estranho, de tudo que não está de acordo com os parâmetros divinos. Há muitos servos do Senhor que estão a se perder nos dias atuais, participando de “inovações” e supostas experiências sobrenaturais que nada mais são que vias de entrada para a perdição.
 Notamos nesta resposta da mulher, como é indispensável termos conhecimento da Palavra de Deus para que não caiamos nas tentações que nos sobrevierem. A mulher não havia prestado atenção naquilo que Deus havia determinado. A ordem dada por Deus foi para Adão, quando Eva ainda não tinha sido criada, mas provavelmente, não só Adão, mas o próprio Deus havia repetido tal ordenança à mulher, de forma que não havia qualquer justificativa para que esta fosse ignorante a respeito. O fato é que ela não havia prestado atenção, dado o devido valor ao mandamento divino e temos mais um fator que leva ao fracasso espiritual: a falta de conhecimento e de valorização da Palavra do Senhor.
Ao responder ao diabo, a mulher cometeu dois erros:

1) Identificar erroneamente a árvore que o fruto era proibido.
Disse que não podiam comer do fruto que estava na árvore que ficava no meio do jardim, mas isto não correspondia ao que Deus havia dito. Deus havia proibido comer da árvore da ciência do bem e do mal (Gn.2:16,17), mas a mulher havia identificado como fruto proibido o fruto da árvore da vida, pois era esta a árvore que ficava no meio do jardim (Gn.2:9).

2) Acrescentar algo que o Senhor não havia dito (que era proibido tocar no fruto da árvore).
O Senhor havia proibido comer do fruto (Gn.2:16,17), mas nada havia dito com relação ao toque, ocorrendo, portanto, um indevido acréscimo à Palavra de Deus. O desconhecimento da Palavra faz com que sejamos presa fácil do inimigo. Satanás logo percebeu que a mulher não tinha prestado atenção ao que o Senhor havia dito e prosseguiu sua tentação, lançando a mulher no campo da dúvida, afirmando que não haveria morte, mas uma “evolução espiritual” no dia em que se comesse do fruto da árvore, já que seriam “iguais a Deus”, “sabendo o bem e o mal”. Temos uma mentira de Satanás, pois ele é o pai da mentira e quando mente apenas reflete a sua natureza (Jo.8:44). Satanás procurou despertar na mulher o mesmo sentimento que o levou à queda, ou seja, o desejo de independência em relação a Deus, a soberba, a autossuficiência (Is.14:13,14).
A mulher que estava solitária, que não havia vigiado, não havia prestado atenção ao mandamento divino, deixa-se deduzir pela mentira satânica e passa a não mais crer no dito do Senhor. Então, passamos a ter falta de fé, a falta de confiança em Deus, a incredulidade, que outra importante arma que o inimigo lança para que fracassemos espiritualmente.
Totalmente vulnerável ao inimigo, a mulher acabou sendo levada pelas circunstâncias e fez nascer a concupiscência (desejo) em si, o que é mais um passo no processo da tentação (Tg.1:14). Assim, diz o texto sagrado, que a mulher viu aquela árvore como boa para se comer, o que caracteriza a concupiscência da carne; viu aquela árvore como agradável aos olhos, o que caracteriza a concupiscência dos olhos e, por fim, viu aquela árvore desejável para dar entendimento, o que caracteriza a soberba (orgulho, exaltação) da vida.
Estas três concupiscências — a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida — são precisamente os elementos existentes no mundo, que é dominado pelo maligno (I Jo.2:16) e que foram apreendidos pela mente da mulher, que demonstrava que já havia se corrompido por deixar de dar crédito à Palavra de Deus e por ter dado lugar ao diabo.
Uma vez atraída e engodada pela própria concupiscência, permitiu que tal concupiscência concebesse e

desse à luz ao pecado (Tg.1:15) e, por causa disso, pecou, tomando do fruto e dele comendo (Gn.3:6). Mas o efeito multiplicador do pecado logo se fez sentir. Assim que corrompida e tendo pecado, a mulher, também, se torna tentadora e leva o seu marido  também a pecar, oferecendo-lhe o fruto proibido e Adão, conscientemente, também come do fruto proibido, pecando igualmente.
Não tendo sido alvo de qualquer engano por parte do inimigo, como atesta I Tm.2:14, o fato é que Adão, sabendo que sua mulher havia ingerido o fruto proibido, também quis fazê-lo, desconsiderando o mandamento divino. Após o pecado, as Escrituras afirmam que ambos tiveram abertos seus olhos e perceberam que estavam nus, surgindo a noção de pudor, passando a existir uma malícia entre o homem e a mulher, e por isto, resolveram coser folhas de figueira, fazendo para si aventais. Havia-se perdido a inocência e nascido a concupiscência, a natureza pecaminosa do ser humano. Esta situação também revelou uma separação com Deus, pois, quando o Senhor, como sempre fazia na viração do dia, apresentou-Se no jardim para falar com o homem, o primeiro casal procurou se esconder, pois havia perdido a comunhão com o seu Criador em virtude do pecado, que faz separação entre Deus e o homem (Is.59:2). Estava demonstrada a ocorrência da morte de que falara o Senhor quando dera o mandamento divino, pois morte nada mais é que separação.
O Senhor, então, dá a Adão a oportunidade de se defender, indagando onde ele estava (Gn.3:9), dando a oportunidade para que Adão se manifestasse e, quem sabe, pedisse perdão pelo ocorrido. Adão, então, se apresentou e justificou ter se escondido por se achar nu (Gn.3:10). Esta nudez era muito mais do que a simples nudez física, mas era a própria nudez espiritual, pois, com o cometimento do pecado, o homem havia perdido as suas vestes espirituais, o manto de justiça (Is.61:10), tornando-se espiritualmente nu (II Co.5:3; Ap.3:17; 16:15).
O Senhor, então, diante desta afirmação, que só demonstrava a soberba do homem que, em vez de confessar seu pecado, quis justificar seu ato, pergunta-lhe se havia comido do fruto proibido (Gn.3:11).
Ante tal indagação, passa a incriminar a mulher e, indiretamente, o próprio Deus pela sua falta (Gn.3:12). Temos aqui a demonstração da morte moral (em vez de assumir a sua culpa, procura terceirizá-la, revelando total falta de amor ao próximo e incapacidade de assumir seu erro). Houve aqui tentativa de encobrimento da transgressão (Jó 31:33) e, por isso, não pôde desfrutar da misericórdia divina (Pv.28:13).
O diabo mentira ao dizer que e casal saberia como Deus o bem e o mal. Eles tinham conhecimento do bem, Tão somente não haviam experimentado o mal, e, ao fazê-lo, tornaram-se escravos do pecado, pois quem comete pecado se torna escravo do pecado (Jo.8:34).
Ante tal afirmativa, o Senhor Se dirige à mulher, a demonstrar, pois, que a responsabilidade diante de Deus é individual, motivo por que homem e mulher, ainda que formando uma só carne, eram individualmente responsáveis diante do Senhor. Demonstrando ter igualmente se corrompido com o pecado, corrupção até maior do que a homem, pois de corrompida passara também a corruptora, teve a mesma reação do seu marido. Buscou culpar à serpente, dizendo ter sido enganada por ela (Gn.3:13).
É importante asseverar que a Bíblia diz que o pecado entrou no mundo por um homem (Rm.5:12; I Co.15:21), de sorte que não podemos dizer que o pecado é culpa do homem ou da mulher, pois ambos foram igualmente culpados por isso. Quando se fala em “homem”, está a se falar de “ser humano”, tanto do homem quanto da mulher, porque ambos transgrediram o mandamento divino. Pois a mulher somente é chamada de “Eva” após a queda (Gn.3:20).
Homem e mulher admitiram ter descumprido o mandamento divino, mesmo não assumindo sua culpa diante de Deus, assim, o Senhor que é justiça (Gn.18:27; Sl.119:137; Ap.16:5; Jr.23:6), teve de impor o juízo a todos quantos estavam envolvidos neste episódio.

II - AS CONSEQUÊNCIAS DA QUEDA: O JUÍZO QUE PÕE FIM À DISPENSAÇÃO DA INOCÊNCIA
O primeiro alvo do juízo é para a serpente (Satanás). É interessante observar que Deus não deu oportunidade para que o diabo se manifestasse, pois ele já havia sido julgado e condenado por conta de sua transgressão e rebelião na eternidade passada (Jo.16:11).
O Senhor dirigiu-Se à serpente e amaldiçoou o animal que havia sido “possuído” ou cuja forma o adversário havia tomado (Gn.3:14). Deus amaldiçoou o animal sem ter culpa para que ficasse um sinal visível na criação para lembrança do homem de que ele havia perdido a comunhão com Deus. Era uma “marca” que se deixava na natureza para que o homem nunca se esquecesse de que, por meio da serpente, havia sido enganado pelo diabo.
A maldição que caiu sobre a serpente, também, serviu para demonstrar a perda da harmonia que havia entre

o homem e a criação terrena sobre a qual deveria dominar, estabelecendo-se uma concorrência até então inexistente entre o ser humano e a natureza.
Obs: A ciência tem confirmado que a morfologia das serpentes comprova de que elas possuíram membros outrora, circunstância que se atribui a uma “evolução”, mas que, na verdade, fica sobejamente explicado pela passagem bíblica.
Junto a este sinal visível da natureza, que serviria de lembrança para o homem, o Senhor, também, fez a promessa de que a inimizade que o diabo conseguira construir entre Deus e o homem seria vencida por um homem, chamado aqui de “semente da mulher” (Gn.3:15). Esta é a primeira vez em que é anunciada a boa nova da salvação, a notícia de que Deus haveria de restabelecer a comunhão entre o homem e Deus.
Esta “semente da mulher” é apontada pelo Senhor como alguém que estava muito próximo a Ele (verifique que é identificada pelo pronome “esta”, pronome demonstrativo que indica proximidade com a pessoa que fala), o que nos mostra tratar-se de uma das Pessoas Divinas, o Verbo de Deus que Se faria carne e habitaria entre nós (Jo.1:14), aquele que viria ao mundo para desfazer as obras do diabo (I Jo.3:8).
Tal redenção se faria mediante duas ocorrências: por primeiro, haveria a vitória da “semente da mulher”, que desfaria tudo quanto havia sido feito pela serpente (“esta te ferirá a cabeça”), mas não sem que houvesse um preço a ser pago por esta mesma “semente” (“tu lhe ferirás o calcanhar”). Desde o primeiro instante da revelação do plano da salvação do homem, é dito que isto não se daria sem um preço a ser pago, que foi a morte de Jesus na cruz do Calvário, o derramamento do Seu precioso sangue (I Pe.1:18,19).
Ao mesmo tempo em que lança novo juízo sobre o diabo, o Senhor revela a Sua misericórdia para com o homem, mostrando ao inimigo de que, ao contrário do que acontecera com ele, a queda do homem não era definitiva e irreversível, mas, sim, passível de reversão, passível de perdão, pois estava na dimensão terrena, habitava o jardim do Éden, que fica na Terra, e sua existência eterna dependia do acesso à árvore da vida. Portanto, enquanto não passasse para a dimensão eterna, poderia alterar a sua decisão no que concerne ao seu relacionamento com Deus e, por causa disso, havia a possibilidade de se arrepender e de se converter.
O Senhor, então, mostrou mais um fracasso da parte do adversário que, pensando ter dado à humanidade o seu mesmo triste fim, haveria de contemplar a redenção do ser humano por meio da “semente da mulher”.
Após, o Senhor Se dirige à mulher, que fora o pivô da queda da humanidade (Gn.3:16). Temos um tríplice juízo (grande multiplicação de dor, dores quando tivesse filhos, sofreria uma inferioridade social em relação ao homem).
Dirige-Se, pois, o Senhor ao homem (Gn.3:17). A natureza passou a ser hostil em relação a seu mordomo, estabelecendo-se uma concorrência entre o homem e ela. Para que pudesse sobreviver, o homem teria de se voltar contra a natureza e a própria natureza deixaria de estar submissa ao homem, desafiando-lhe.
Deus fez com que a terra produzisse espinhos e cardos, ou seja, haveria espécies que não trariam qualquer benefício ao homem, mas atrapalhariam o seu penoso trabalho, deixando de contribuir para o seu bem-estar, criando obstáculos para que conseguisse sobreviver. É o que vemos em todos os seres que são nocivos ao homem, que lhe causam doenças e enfermidades, como também prejudicam os alimentos que cultiva.
Por causa desta maldição, o equilíbrio que existia entre o homem e a natureza foi rompido e o homem, visando a satisfação de sua concupiscência, dá início a sucessivos ataques humanos contra o meio-ambiente que, em nossos dias, atingiu níveis tais que comprometem a própria existência da vida em nosso planeta.
Disse o Senhor que o homem deveria comer da erva do campo (Gn.3:18b), também, alterou a qualidade do trabalho, tornando-o penoso e necessário para a sobrevivência. Se o homem não trabalhasse, não poderia comer, não poderia sobreviver (II Ts.3:10). O homem passou, então, a empreender uma luta contra a natureza para poder se manter vivo.
O Senhor também decretou ao ser humano a “morte física. O Senhor disse que, como o homem era pó da terra, teria de voltar à terra. Não mais haveria a manutenção do corpo em constante regeneração como ocorria até então.
Depois deste juízo, é dito que Adão chamou à sua mulher pelo nome de “Eva”, que significa “mãe da vida” (Gn.3:20), consolidando da perda da igualdade , harmonia e comunhão entre homem e mulher, o que somente seria restabelecido por Jesus Cristo, que restaurou a dignidade da mulher.
Além da promessa da redenção por meio da “semente da mulher”, o Senhor providenciou túnicas de peles para o primeiro casal para vesti-los (Gn.3:21).

Este gesto divino apresenta-nos importantíssimas lições:

1) O que homem fizer para se salvar não terá valor algum.
Coser folhas de figueira para lhe servir de aventais era totalmente inapropriado. Deus substitui estes aventais por túnicas de peles. O homem nada pode fazer para se salvar, a não ser confessar e pedir perdão ao Senhor.

2) O pecado gera a morte.
Para que houvesse vestimentas dignas de salvação, o Senhor teve que matar um animal para que dele se fizessem túnicas de pele. Não é dito que animal tenha sido este, mas a tradição judaica e a maior parte dos estudiosos das Escrituras entende que este animal tenha sido um cordeiro.

3) Para a remissão de pecado era necessário derramamento de sangue.
Como diz o escritor aos hebreus: “…sem derramamento de sangue, não há remissão” (Hb.9:22b). O sangue representa a vida (Gn.9:4) e, com este gesto, o Senhor já deixa claro que o preço a ser pago pela salvação da humanidade, pela sua redenção, pelo restabelecimento da comunhão com Deus seria o preço de sangue, seria uma vida humana, a vida da “semente da mulher”. Inicia-se aqui o que se costuma dizer do “rastro de sangue da Bíblia”, que vai até o derramamento do sangue de Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus, na cruz do Calvário.

4) Somente Deus pode dar fim à nudez espiritual do homem.
As vestes de salvação, somente poderiam ser fornecidas por Deus (Is.61:10; Cl.3:10; Ap.3:5,18; 7:13,14; 16:15).
Demonstrando misericórdia, o Senhor impediu o acesso do primeiro casal à árvore da vida, expulsou ambos do jardim do Éden, pondo querubins ao oriente e uma espada inflamada que andava ao redor para guardar o caminho da árvore da vida (Gn.3:22-24).
Caso tivesse acesso à árvore da vida, o homem jamais poderia se arrepender e tornar a ter comunhão com Deus. Deus queria que, no tempo que o ser humano tivesse de vida, pudesse confessar e deixar o pecado, e alcançar a salvação pela fé na vinda da “semente da mulher” cuja vinda havia sido prometida.
Quando o Senhor manda Moisés construir o tabernáculo, manda que a arca, que simbolizava a presença de Deus, fosse separada por um véu e não fosse sequer contemplada pelos israelitas, arca que possuía em sua tampa a imagem de dois querubins, que cobriam toda a arca, a lembrar esta proibição de acesso à árvore da vida, a mostrar que a lei não conseguira retirar o pecado do mundo.
A espada inflamada também nos faz lembrar da Palavra de Deus que também há de julgar e condenar todos os que não crerem na “semente da mulher” no dia do juízo final (Jo.12:48).

CONCLUSÃO
Entendem alguns que o jardim existiu até o dilúvio, quando foi destruído.
Adão e Eva saíram do jardim do Éden e foram, então, lavrar a terra de onde haviam sido tomados (Gn.3:23) e teve, assim, início a dispensação da consciência, quando passaremos a analisar a partir da próxima lição.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Online.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Plenitude.
Dicionário online de Português.
Dicionário da Bíblia, Teologia e Filosofia – R.N. CHAMPLIN.
Dicionário wycliffe.
Comentário Bíblico Através da Bíblia (Gênesis) - Itamir Neves de Souza; John Vernon McGee.
Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.
Pequena Enciclopédia Bíblica – Orlando Boyer – IBAD.
Lições Bíblicas CPAD – 4º Trimestre – 2015.
Revista Ensinador Cristão – nº 64 – CPAD.
O Começo de Todas as Coisas. Claudionor de Andrade – CPAD.
Portal EBD – Dr. Caramuru Afonso Francisco.
Consultas a sites de Estudos Bíblicos. 

 



Nenhum comentário:

Postar um comentário