sábado, 7 de novembro de 2015

O IMPIEDOSO MUNDO DE LAMEQUE



4º TRIM. 2015 – LIÇÃO Nº 6 – O IMPIEDOSO MUNDO DE LAMEQUE

O Começo de Todas as Coisas – Estudos sobre o livro de Gênesis


INTRODUÇÃO
Na sequência do estudo do livro de Gênesis, estudaremos o final do capítulo 4 até o capítulo 6.

I – A CIVILIZAÇÃO CAIMITA
Deixamos Caim, na lição anterior, saindo da presença de Deus e indo habitar na terra de Node, que ficava na banda do oriente do Éden (Gn.4:16). Apesar de lhe ter sido dado um sinal (Gn.4:15) que o impedia de ser morto por quem o achasse, mostrava a grande misericórdia de Deus. Ele manteve sua decisão de se esconder da face do Senhor (Gn.4:14). Indo morar na terra de Node, que ficava da banda do oriente do Éden, era desse lado que se encontrava a espada inflamada que impedia o acesso à árvore da vida (Gn.3:24), como que a justificar que não havia mais solução para ele.

OBS: O homem sem Deus e sem salvação, muitas vezes é convencido por Satanás que não há mais solução para ele.
Trata-se de mais uma mentira satânica, pois o apóstolo Paulo afirma que alcançou a salvação em Cristo (I Tm.1:13-16) – onde abundou o pecado, superabundou a graça (Rm.5:20). Portanto, não há limite para a ação da graça de Deus.

Caim casa-se, forma uma família e tendo um filho (Gn.4:17). O filho de Caim chamou-se Enoque, cujo significado é “iniciado”, “ensino”, “professor”, “treinado” e “dedicado”, segundo os estudiosos.
Caim mostra, com a nominação de seu filho, a intenção de dar início a uma geração que vivesse sem precisar de Deus, que mantivesse Deus fora de sua mentalidade.
O sinal que Deus lhe havia dado, em vez de levá-lo ao arrependimento, serviu para endurecer ainda mais seu coração e aproveitar esta imunidade que lhe havia sido dada pelo Senhor para construir uma descendência que o perpetuasse na face da Terra.
Caim, sabendo que não poderia mais lavrar a terra, ante a maldição divina (Gn.4:11,12), resolveu edificar uma cidade e temos aí a primeira cidade criada na história da humanidade, dando à esta o nome de Enoque, dando início a uma posteridade que seria independente de Deus.
Aparentemente, Caim foi bem sucedido em seu intento. Sua descendência proliferou e a civilização foi tomando forma (Gn.4:18). Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “o conjunto de aspectos peculiares à vida intelectual, artística, moral e material de uma época, de uma região, de um país ou de uma sociedade”, é o estabelecimento de um modo de viver por parte do ser humano.
Enoque teve como filho primogênito a Irade, nome cujo significado é “fugitivo”, a reforçar a ideia de que este povo viveria alheio ao Senhor, fugindo de Sua presença.
Irade, por sua vez, teve como primeiro filho Meujael, cujo significado é “destruído de Deus” ou “ferido por Deus”, mais um nome que indica a persistência da intenção de Caim em sua linhagem, a mostrar uma mentalidade de descrença em Deus e de consideração de que Deus não Se importava com o ser humano, não estava disposto a perdoá-lo.
Meujael teve como primogênito a Metusael Seu significado é “homem de Deus” ou “homem de deus”, que Russell Norman Champlin entende ser “…talvez alusivo ao antigo deus Selah, também chamado Sin. Em tal nome, vemos, pela vez primeira, uma tendência de se considerar o homem como divino, mais uma indicação de que se cria, na civilização caimita, que o homem era “igual a Deus, sabendo o bem e o mal”. Era o predomínio da autossuficiência, da crença de que se poderia viver sem Deus.
Metusael, por sua vez, teve como primogênito a Lameque, que é considerado o protótipo, o ícone, o modelo de toda esta civilização, tanto que foi escolhido para representar este povo no título da lição. “Lameque” significa “poderoso”, “moço forte”, “selvagem”, “derrubador”.
Lameque, como a quinta geração de Caim foi de mal a pior.

1º) Foi o primeiro polígamo da história da humanidade. Mesmo Caim mantendo a instituição familiar, sendo marido de uma mulher, no entanto, sua descendência sem Deus, não demora a destruir esta instituição criada

por Deus – a família. Nesta nossa sociedade ou civilização temos visto proliferar em nações que se dizem cristãs (algumas até se rotulam como “pós-cristãs”), uma série de leis para destruir a instituição famíliar, permitindo a união de pessoas do mesmo sexo, uniões alternativas ao casamento e até defender a poligamia como algo normal, como é o caso de projetos de lei existentes no Brasil, a chamada “união poliafetiva” e a própria descriminalização do crime de bigamia, como consta no projeto de Código Penal em tramitação no Congresso Nacional.

2º) Banalizou a violência para a vida social (Gn.4:23). Lameque tornou-se um assassino contumaz, alguém que resolvia seus litígios e desavenças com o derramamento de sangue. Não são diferentes os nossos dias, que o próprio Senhor Jesus denominou de “os dias de Noé” (Lc.17:26). 

3º) Era autossuficiente, soberbo, egoísta e individualista, mesmo conhecendo o ensino divino, pois gaba-se para suas duas mulheres por ter matado duas pessoas (Gn.4:23).Alguns dizem que isso era um poema para elas. Hoje em dia, vemos muitas pessoas desse mesmo tipo, gabando-se com o que faz com os outros.

4º) Lameque põe-se no lugar de Deus e encara uma sentença (Gn. 4:23,24). Ele rejeita que Deus é o dono da vida.

5º) Deus quando coloca o sinal em Caim é porque o amava e tinha misericórdia dele.
Lameque conta os dois crimes comoum “protegido”,” impune”, um valentão que se considerava maior que Deus, capaz de ser mais protegido que Caim. Até que ponto chegou a descendência de Caim! Flávio Josefo chega a afirmar que a posteridade de Caim se afundou em toda a espécie de crimes, não se contentaram em praticar os crimes dos pais, mas inventaram outros novos. Só havia entre eles assassinos e latrocínios, e os que não mergulhavam suas mãos no sangue, estavam cheios de orgulho e avareza.
Lameque, teve como filho primogênito a “Jabal”, nome cujo significado é “rio torrente” ou “derramamento”. É apresentado como sendo “o pai dos que habitam em tendas e têm gado” (Gn.4:20). Os caimitas, deixando as coisas espirituais de lado, não querendo buscar a presença de Deus, focou toda a sua criatividade, toda a sua racionalidade e inteligência nas “coisas da terra”, nas coisas materiais. Não demorou para que alcançassem êxito em suas habilidades e invenções, com isso teve um inegável desenvolvimento material.
Jabal deu início à mais ampla domesticação dos animais e à instituição da pecuária como atividade econômica, promovendo a domesticação de outras espécies animais. Como também providenciou a tecnologia das tendas, permitindo condições melhores nos deslocamentos, já que eram um povo nômade.
Mas Ada teve outro filho, chamado “Jubal”, nome cujo significado é “torrente região úmida”, “música”, “riacho”.
Jubal é apresentado como sendo “o pai de todos os que tocam harpa e órgão” (Gn.4:21) e o inimigo de nossas almas era provavelmente o encarregado da música na dimensão celestial.
Zila, a outra mulher de Lameque, teve como filho primogênito a Tubal-Caim, nome cujo significado é “tumulto, ferreiro”, “produto de forjas”. Ele é chamado de “mestre de toda a obra de cobre e de ferro”, ou seja, “pai da metalurgia”, “pai da tecnologia”.
O homem, criado por Deus como ser pensante e inteligente, é capaz de criar uma “tecnologia”, ou seja, como diz o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “teoria geral e/ou estudo sistemático sobre técnicas, processos, métodos, meios e instrumentos de um ou mais ofícios ou domínios da atividade humana.
O texto sagrado diz que Zila teve uma filha, chamada “Naamá”, nome cujo significado é “agradável”, “doce”, “deleite”, “prazer”. A tradição judaica identifica Naamá como a primeira prostituta da face da Terra. Seu nome revela o protagonismo que tinha, a civilização caimita, o prazer, a busca da satisfação dos desejos, dos instintos, ou seja, uma civilização dominada pela concupiscência, pelos desejos incontrolados, pela vontade da carne, algo típico de quem vive na carne.
Nas genealogias, os autores não enfatizam os nomes das mulheres, a não ser se tivesse algo relevante. Naamah, no hebraico é "A bela, a graciosa". No rodapé da Bíblia de Jerusalém, diz que Caim é o construtor da primeira cidade, o pai dos pastores, dos músicos, dos ferreiros e das meretrizes.

II – A LINHAGEM DE SETE (OS FILHOS DE DEUS)
O primeiro casal teve um outro filho, que foi dado por Deus em substituição a Abel. Este filho foi chamado de Sete, cujo significado é “compensação”, “fundador”, “broto” ou “designado”.

Eva, mais uma vez atribuindo a Deus a bênção da maternidade, disse que Deus lhe havia dado uma semente em lugar de Abel. Vemos que, quando Sete nasceu, Caim já havia iniciado a sua civilização, de modo que não chegou a conviver com Sete.
Não é de imaginar que, pelo próprio nome dado a Sete, cria o primeiro casal que, com Sete, se renovaria a esperança do cumprimento da vinda da “semente da mulher” que restabeleceria a comunhão entre Deus e o homem.
Sete mostrou-se, mesmo, ser a “compensação” da perda de Abel. Construiu uma vida que deu prioridade a Deus, buscou servir ao Senhor, seguindo o exemplo de Abel e foi o primeiro homem a usar o livre-arbítrio para servir ao Senhor.
Quando teve o seu primeiro filho, deu-lhe o nome de Enos, cujo significado é “homem”, “humanidade”, “mortal”, “decadência”, onde , a partir de então, se começa a invocar o nome do Senhor (Gn.4:26).
Sete tinha mentalidade e demonstração de buscar a Deus em primeiro lugar, já que fora criado a imagem e semelhança de Adão (Gn. 5:3), sete tinha a confiança que dependemos de Deus. Enos também é conhecido como o “primeiro amante da esperança”.
Sete demonstrou, assim, ter não somente crido na promessa da redenção, mas ter despertado a esperança de seu cumprimento, que poderia ser o seu filho Enos, daí ter lhe dado o nome de “homem” ou de “mortal”. Criando seu filho nesta esperança, começou a construir uma linhagem de pessoas piedosas, uma civilização que punha Deus em primeiro lugar na vida, que entendia que a vida só tem sentido se houver um relacionamento com Deus, se se buscar superar esta existência terrena mediante uma eternidade juntamente com o Criador.
Sete dá, assim, origem ao primeiro povo de Deus. Um povo que aceitava  o senhorio divino, a prioridade espiritual sobre a vida material, um povo que busca estar com o seu criador e obedecê-lo.
Enos teve como filho primogênito a Quenã (Gn.5:9), nome cujo significado é “fixo”, “adquirido” ou “gerado”. Temos aqui a ideia de que os filhos são “herança do Senhor” e de que havia uma intenção de se buscar sempre a presença do Senhor, de tudo se atribuir a Deus.
O filho primogênito de Quenã foi Maalalel, cujo significado é “louvor de Deus”, a reafirmar o intento de se construir uma civilização baseada no senhorio de Deus, para louvor e adoração.
Maalael teve como filho primogênito Jarede, cujo significado é “descida”, “terra baixa”, que dá a ideia da incapacidade humana e da absoluta necessidade de Deus. Também fala da humildade. O Senhor Jesus disse: aprendei de mim que sou manso e humilde de coração (Mt.11:29).
Jarede teve como filho primogênito Enoque, que significa “iniciado”, “ensino”, “professor”, “treinado” e “dedicado”. Ao contrário do primogênito de Caim, tem o início da comunhão com o Senhor. Na sexta geração da linhagem de Sete, chegava-se a uma intimidade com Deus, pois o texto sagrado diz que “Enoque andou com Deus” (Gn.5:22).
Muito provavelmente, neste período os filhos de Sete começam a ser contato com os filhos de Caim, que os dois povos iniciam uma mistura (Gn.6:1), porém Enoque continuou firme, andando com Deus, não abandonando os princípios estabelecidos desde Sete.
Enoque é o primeiro profeta (Jd.14,15), aquele que foi o primeiro porta-voz do Senhor. Viveu ele, trezentos e sessenta e cinco anos sobre a face da Terra e não foi mais visto, pois Deus o tomou para Si (Gn.5:23,24). Enoque foi trasladado para não ver a morte, pois alcançou testemunho de que agradara a Deus (Hb.11:5,6).

III – A DEGENERAÇÃO COMPLETA DA HUMANIDADE

1º) O primeiro resultado da miscigenação foi o abandono dos princípios piedosos da linhagem de Sete e a absorção da mentalidade materialista e profana da linhagem de Caim. O resultado de tudo isto, foi o Senhor estabelecer um limite de idade de vida para os homens (Gn.6:4).

2º) Admiração pela valentia, pelo uso da violência. Os gigantes varões de fama (Gn. 6:4) era a prevalência do terreno sobre o celestial. Não pode haver comunhão entre luz e trevas (II Co.6:14).

3º) Tem início, então, a apostasia por parte do primeiro povo de Deus, apostasia que lança o fim da dispensação da consciência. Temos, então, os chamados “dias de Noé” (Mt.24:38; Lc.17:27). Jesus disse: Comiam e bebiam, buscavam tão somente satisfazer seus desejos e necessidades relativo as coisas desta vida.


4º) Este estado de coisas motivou o juízo divino. Mas Noé achou graça aos olhos do Senhor (Gn.6:8), porque era varão justo e reto, seguindo o exemplo de Enoque, o pregoeiro da justiça (II Pe. 2:5).

5º) Durante cem anos, Noé pregou, visto que tinha quinhentos anos quando o Senhor lhe falou e quando veio o dilúvio, ele estava com seiscentos anos. 

CONCLUSÃO
Vivemos nos dias de Enoque e Noé.Tempos difíceis! Que possamos estar firmes na presença do Senhor, para não sermos pegos de surpresa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Online.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Plenitude.
Dicionário online de Português.
Dicionário da Bíblia, Teologia e Filosofia – R.N. CHAMPLIN.
Dicionário wycliffe.
Comentário Bíblico Através da Bíblia (Gênesis) - Itamir Neves de Souza; John Vernon McGee.
Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.
Pequena Enciclopédia Bíblica – Orlando Boyer – IBAD.
Lições Bíblicas CPAD – 4º Trimestre – 2015.
Revista Ensinador Cristão – nº 64 – CPAD.
O Começo de Todas as Coisas. Claudionor de Andrade – CPAD.
Portal EBD – Dr. Caramuru Afonso Francisco.

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