terça-feira, 4 de agosto de 2015

APOSTASIA, FIDELIDADE E DILIGÊNCIA NO MINISTÉRIO



3º TRIM. 2015 – LIÇÃO Nº 5 –  APOSTASIA, FIDELIDADE E DILIGÊNCIA NO MINISTÉRIO

A Igreja e o seu Testemunho – As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais


I – INTRODUÇÃO
Seguindo o estudo da Primeira Epístola de Paulo a Timóteo, estaremos analisando o quarto capítulo, onde trataremos das advertências do apóstolo acerca do perigo das falsas doutrinas e acerca do caráter e a obra do ministro num contexto de prejudicial influência dos falsos mestres. Três pontos serão destacados: o perigo das falsas doutrinas, a fidelidade dos ministros e a diligência no ministério.
Quando o Senhor estava com seus discípulos, em seu ministério terreno, falou-lhes acerca dos últimos tempos, em que uma das características marcantes seria a falsidade, o engano, a mentira e a mistificação. Jesus sabia que sua igreja sofreria os ataques dos falsos profetas, que apareceriam. Paulo tinha bastante ciência destas advertências de Jesus quanto aos "últimos tempos". Em sua carta a Timóteo, ele expressou sua preocupação com os falsos ensinadores, heréticos e astutos, na busca pelo domínio da mente dos que estavam na igreja em Éfeso. Era exatamente o que a Igreja estaria vivendo nos dias atuais, que antecedem a volta de Cristo.

II -  DEFININDO TERMOS
Segundo o dicionário, diligência é zelo; que produz alguma coisa com cuidado e aplicação.
Presteza; em que há velocidade; que desenvolve com rapidez.

A palavra “apostasia” é grega, composta de “apo”, preposição que dá a ideia de deslocamento de um ponto de partida, de afastamento e “stasis”, que significa “posição”. Assim, “apostasia” é o deslocamento de uma posição, a saída de um lugar, o distanciamento de um local.

III – APOSTASIA
Podemos perceber, então, que “a apostasia está relacionada com uma atitude de mudança de comportamento, de afastamento de valores supremos, de crenças fundamentais que uma pessoa possuía e que a fazia viver numa determinada comunidade. Trata-se de uma considerável modificação de suas crenças e princípios, uma alteração profunda no seu interior, em que a pessoa deixa as coisas mais caras e preciosas que tinha no seu universo de crenças, sentimentos e valores, para rejeitar tudo aquilo de forma voluntária e consciente. Para os gregos, quando alguém se revoltava contra o governo de sua cidade, quando abandonava o grupo político a que pertencia, tinha-se a apostasia. Para os judeus, quando a pessoa abandonava a Torá, deixava de servir ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó, também praticava apostasia”.
Apostasia entre os cristãos, representa a rejeição voluntária e deliberada da fé em Cristo. A apostasia é, como afirma a Bíblia de Estudo Pentecostal, a “…decaída, deserção, rebelião, abandono, retirada ou afastar-se daquilo a que antes se estava ligado. Apostatar significa cortar o relacionamento salvífico com Cristo, ou apartar-se da união vital com Ele e da verdadeira fé n’Ele(…).
Portanto, o que podemos ver, é que a apostasia é algo que atinge apenas os crentes sinceros e autênticos. Não se pode falar de pessoas que nunca creram em Jesus, ainda que tenham “nome” de cristãos. Para que haja apostasia, é preciso que alguém que tenha alcançado a salvação, rejeite decidida e voluntariamente a fé em Jesus Cristo a partir de um determinado instante de sua vida espiritual.
Paulo, ao escrever a segunda carta aos tessalonicenses, fala que Jesus não virá antes que ocorra a apostasia (II Ts.2:3). Esta, é um sinal do término da nossa dispensação, é um prenúncio da volta de Cristo. Por isso, quando verificamos a situação de apostasia que paira sobre a Igreja nos nossos dias, não devemos nos assustar, “…porque é necessário que isto aconteça primeiro, mas o fim não será logo…” (Lc.21:9b).
A revelação do Espírito Santo ao apóstolo é de que, nos últimos tempos, haveria a apostasia, ou seja, alguns salvos em Cristo Jesus abandonariam a fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, a doutrinas de demônios.
Não nos iludamos. Os “espíritos enganadores” estão atuando no meio das igrejas locais, utilizando-se de pessoas que têm aparência de cristãos, embora não o sejam, pois, como nos ensina o Senhor Jesus, os falsos profetas vêm até nós vestidos como ovelhas mas, interiormente, são lobos devoradores (Mt.7:15).
Tudo quanto se desvie da pregação do Evangelho, da pregação de Cristo e Este crucificado (I Co.2:2), nada mais é do que “doutrina de demônios”, que tem por objetivo simplesmente fazer com as que as ovelhas de Cristo saiam do caminho que conduz à salvação e passem a trilhar novamente o caminho largo e espaçoso que conduz à perdição (Mt.7:13,14).
Os agentes dos “espíritos enganadores” são hipócritas, ou seja, aparentam ser o que não são. Por isso, é que não devemos nos deixar levar pela aparência, mas devemos julgar segundo a Palavra de Deus (Jo.7:24).
É sempre uma doutrina de demônio o ensino que proíbe fazer aquilo que Deus não proibiu, que procura privar alguém daquilo que Deus criou para que desfrutemos.
O apóstolo dá exemplos de falsos ensinos:
1) Proibindo o casamento, e ordenando a abstinência dos alimentos que Deus criou para os fiéis, e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças
(1 Tm. 4:3);
2) Mas rejeita as fábulas profanas e de velhas, e exercita-te a ti mesmo em piedade
(1 Tm. 4:7).
II – A FIDELIDADE E DILIGÊNCIA NO MINISTÉRIO
Depois de ter trazido a revelação do Espírito Santo a respeito da apostasia dos últimos tempos, Paulo diz a Timóteo que ele seria um bom ministro de Cristo se propusesse aquelas coisas aos irmãos, criado com as palavras da fé e da boa doutrina que tinha seguido.
Lamentavelmente, nos dias em que vivemos, muitos não podem ser considerados “bons ministros de Jesus Cristo”, porque negligenciam o ensino da Palavra de Deus, permitindo que os cultos sejam ocupados com tudo, menos a genuína pregação do Evangelho, sendo que muitos nem sequer frequentam as Escolas Bíblicas Dominicais, dando um exemplo de menosprezo pelo aprendizado das Escrituras. Paulo volta a dizer a Timóteo que ele poderia ensinar a sã doutrina porque ele próprio havia sido “criado com as palavras da fé e de boa doutrina que tens seguido” (I Tm.4:6). Não há como ensinar o que não se aprendeu e daí a importância do requisito de ser “apto para ensinar” para que alguém seja separado ao ministério. Timóteo não só fora criado, mas seguia a sã doutrina.

“…Observe: 1. Os próprios ministros têm necessidade de crescer no conhecimento de Cristo e   na sua doutrina: eles precisam ser criados com as palavras da fé.
                  2. A melhor maneira para os ministros crescerem no conhecimento e na fé é despertar nos irmãos a lembrança; enquanto ensinamos aos outros, ensinamos a nós mesmos.                
3. As pessoas que os ministros ensinam são irmãos e devem ser tratados como tais. Porque os ministros não são senhores da herança de Deus.…” (HENRY. Matthew. op.cit, p. 695).

Para ser um bom ministro de Cristo, ensina o apóstolo dos gentios, é preciso “rejeitar as fábulas profanas e de velhas”, bem como “exercitar-se a si mesmo em piedade”. Mais uma vez, Paulo manda que Timóteo não aceite as fábulas, as invencionices que estavam sendo pregadas por alguns em Éfeso. O bom ministro não só ensina, mas, antes de ensinar, deve fazer o que irá ensinar, seguindo o próprio Mestre (Mt.23:8), que, antes de ensinar, fez aquilo que ensinou (At.1:1).
É necessário que o próprio ministro não viva de acordo com ensinos e preceitos que não se encontram nas Escrituras Sagradas. Ele deve ser o exemplo dos fiéis (I Tm.4:12), jamais acolhendo em sua vida qualquer doutrina ou ensinamento que não tenha base bíblica.
Além de rejeitar as fábulas, o bom ministro de Cristo deve exercitar-se a si mesmo em piedade, ou seja, ele precisa ter uma vida piedosa, ser um “cristão prático” e não teórico. Precisa ser alguém que não só se alimenta da Palavra de Deus, mas que também tenha vida de oração e de jejum.
Não deve o ministro se ater às coisas materiais, não deve se preocupar demasiadamente com as coisas passageiras deste mundo. O apóstolo diz que “o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir” (I Tm.4:8).
As igrejas na atualidade estão a privilegiar o efêmero, o terreno, aquilo que é passageiro, que é próprio deste mundo. Os esforços de muitas igrejas hoje em dia, estão voltados para momentos de confraternização, para o entretenimento, para a emoção, para o divertimento, enquanto que as coisas eternas, a busca do reino de Deus e de sua justiça, a busca do poder de Deus tem sido deixada para um segundo plano. Como se não bastasse isso, as falsas teologias que hoje têm ocupado os púlpitos, em sua esmagadora maioria, pregam um Evangelho do imediato, do bem-estar nesta vida, pouco se preocupando com a eternidade. Lembremos das palavras de Paulo: “o exercício corporal para pouco aproveita”!
O bom ministro de Cristo deve sempre dizer à membresia da igreja que o primordial é a salvação e, por isso, a igreja deve pregar o Evangelho para ganhar almas para o reino de Deus e deve se santificar para conservar esta salvação até o dia da glorificação. O bom ministro de Cristo jamais deve se esquecer de alertar o rebanho que está sob sua responsabilidade que devemos vigiar para não entrar em tentação e, assim, estar preparados para o arrebatamento da Igreja. Jesus está às portas e isto tem de ser sempre lembrado.
Um dos sinais da apostasia espiritual que vivemos em nossos dias é o desaparecimento de tais mensagens em nossos púlpitos. Muitos pregam sobre a vida terrena, sobre bênçãos terrenas, muito se incentiva e se estimula a que se tenha bem-estar neste mundo, pouco se fala sobre salvação, sobre arrependimento de pecados, sobre santificação e, menos ainda, sobre o arrebatamento da igreja.
Para que tivesse bom êxito em sua missão, Timóteo, apesar de sua pouca idade, deveria ser o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé e na pureza. Timóteo deveria demonstrar, por seu testemunho diante dos membros da igreja local, a sua maturidade espiritual que a sua mocidade não revelava. O critério a ser utilizado, não deve ser o  cronológico, a idade de alguém, mas, sim, a maturidade espiritual. Não se deve privilegiar nem velhos, nem jovens na obra de Deus, mas, dar lugar àqueles que são espiritualmente maduros, que têm condições de ensinar a sã doutrina, porque não só a conhecem, mas a vivem no dia-a-dia de suas vidas.
Timóteo deveria ser exemplo dos fiéis:
a) Na palavra.
Aqui Paulo se refere a respeito da linguagem, do falar. O ministro deve ter um falar puro, um falar moderado, deve ser alguém cuja língua é completamente dominada pelo Espírito Santo. Muitos ministros em nossos dias, só utilizam linguagem chula e vulgar, como também são murmuradores, fofoqueiros e anda a falar mal das pessoas.
b) No trato.
Aqui Paulo está a se referir a respeito do tratamento das pessoas, da maneira como se tratavam as mais diferentes pessoas que compunham a membresia da igreja local. O ministro deve ser alguém que saiba tratar bem as pessoas, que seja educado e sociável.
c) Na caridade, ou seja, no amor, entendido aquilo como o amor divino.
O ministro de Cristo deve ser alguém que revele a todos que o amor de Deus está derramado em seu coração pelo Espírito Santo (Rm.5:5). O ministro deve mostrar, em sua conduta, que ele tem amor a Deus, sendo obediente à Palavra, como também que tem amor ao próximo, fazendo sempre o bem a todos os homens, procurando, sempre, o bem-estar de todos. Amor, lembremos, não é apenas um sentimento, mas um comportamento, uma conduta.
d) No espírito, ou seja, na inclinação espiritual, na adoração espiritual.
O ministro de Cristo deve ser uma referência para a vida espiritual da membresia da igreja. Deve mostrar-se um homem espiritual, que sabe bem discernir as coisas do Espírito, que seja alguém devotado à oração, à meditação nas Escrituras, à reverência com as coisas de Deus, alguém que possua ou busque incessantemente os dons espirituais. Não é por outro motivo que o ministro deve ser alguém que tenha sido batizado com o Espírito Santo, que é o primeiro degrau desta intimidade espiritual com o Senhor depois da salvação.
e) Na fé, ou seja, nesse dom de Deus que nos vem por intermédio da Palavra de Deus (Rm.10:17).
O ministro de Cristo Jesus é o primeiro que tem de mostrar, na igreja local, ter fé em Deus, confiar n’Ele. Ele deve estimular a fé nos membros e, para isto, ele próprio precisar viver a vida que vive na fé do Filho de Deus.
f) Na pureza, ou seja, deve ser uma referência na santificação.
O ministro de Cristo deve ser alguém que se desvia do mal, que foge da aparência do mal, que se esforça, como ninguém, para ter uma vida de santificação, de separação do pecado. O ministro, aliás, por estar em posição de eminência no meio do povo de Deus, deve ter um cuidado redobrado para não causar escândalos, para não ser motivo de tropeço dos demais irmãos.
g) No mais, Timóteo deveria persistir em ler, exortar e ensinar.
O obreiro nunca deve parar de estudar as Escrituras como também ler outros livros até o final de seu ministério, servindo o próprio apóstolo de exemplo (II Tm.4:13).

CONCLUSÃO
A chamada, embora seja indispensável, não era suficiente. Timóteo tinha de honrar esta chamada por Deus com o devido preparo, um preparo tanto teórico, quanto prático.
O ministro precisa, em primeiro lugar, cuidar de si próprio, e este cuidado envolve não apenas a vida espiritual, mas também a vida física. O obreiro deve ser alguém que tenha uma vida regrada não só no aspecto espiritual, mas também no aspecto secular, pois é nesta dimensão da vida terrena que se apresentará como um homem fiel diante dos homens. Apesar da salvação ser individual, um estímulo e incentivo para que os membros da igreja local alcancem o estágio final da salvação: a glorificação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Online.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Plenitude.
Dicionário online de Português.
Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia – R.N. CHAMPLIN.
Dicionário wycliffe.
Lições Bíblicas CPAD – 3º Trimestre – 2015.
Revista Ensinador Cristão – nº 64 – CPAD.
As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Elinaldo Renovato de Lima. CPAD.
Portal EBD – Dr. Caramuru Afonso Francisco.
Blog do Luciano de Paula Lourenço.
Consultas a sites de Estudos Bíblicos.

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