3º TRIM. 2015 – LIÇÃO Nº 5 – APOSTASIA, FIDELIDADE E DILIGÊNCIA NO MINISTÉRIO
A Igreja e o seu Testemunho – As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais
I – INTRODUÇÃO
Seguindo o estudo da
Primeira Epístola de Paulo a Timóteo, estaremos analisando o quarto capítulo, onde
trataremos das
advertências do apóstolo acerca do perigo das falsas doutrinas e acerca do
caráter e a obra do ministro num contexto de prejudicial influência dos falsos
mestres. Três pontos serão destacados: o perigo das falsas doutrinas, a
fidelidade dos ministros e a diligência no ministério.
Quando o Senhor estava com seus discípulos, em seu
ministério terreno, falou-lhes acerca dos últimos tempos, em que uma das
características marcantes seria a falsidade, o engano, a mentira e a
mistificação. Jesus sabia que sua igreja sofreria os ataques dos falsos
profetas, que apareceriam. Paulo tinha bastante ciência destas advertências de
Jesus quanto aos "últimos tempos". Em sua carta a Timóteo, ele
expressou sua preocupação com os falsos ensinadores, heréticos e astutos, na
busca pelo domínio da mente dos que estavam na igreja em Éfeso. Era exatamente
o que a Igreja estaria vivendo nos dias atuais, que antecedem a volta de
Cristo.
II - DEFININDO TERMOS
Segundo o dicionário, diligência
é zelo; que produz alguma coisa
com cuidado e aplicação.
Presteza; em que há velocidade; que desenvolve com rapidez.
Presteza; em que há velocidade; que desenvolve com rapidez.
A palavra “apostasia” é grega, composta de
“apo”, preposição que dá a ideia de deslocamento de um ponto de partida, de
afastamento e “stasis”, que significa “posição”. Assim, “apostasia” é o deslocamento de uma posição, a saída de um lugar, o
distanciamento de um local.
III – APOSTASIA
Podemos perceber, então, que “a apostasia está relacionada com uma atitude de mudança de comportamento,
de afastamento de valores supremos, de crenças fundamentais que uma pessoa
possuía e que a fazia viver numa determinada comunidade. Trata-se de uma
considerável modificação de suas crenças e princípios, uma alteração profunda
no seu interior, em que a pessoa deixa as coisas mais caras e preciosas que
tinha no seu universo de crenças, sentimentos e valores, para rejeitar tudo
aquilo de forma voluntária e consciente. Para os gregos, quando alguém se
revoltava contra o governo de sua cidade, quando abandonava o grupo político a
que pertencia, tinha-se a apostasia. Para os judeus, quando a pessoa abandonava
a Torá, deixava de servir ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó, também praticava
apostasia”.
Apostasia entre os cristãos, representa a
rejeição voluntária e deliberada da fé em Cristo. A apostasia é, como afirma a
Bíblia de Estudo Pentecostal, a “…decaída, deserção, rebelião, abandono,
retirada ou afastar-se daquilo a que antes se estava ligado. Apostatar
significa cortar o relacionamento salvífico com Cristo, ou apartar-se da união
vital com Ele e da verdadeira fé n’Ele(…).
Portanto, o que podemos ver, é que a apostasia é algo que atinge apenas os crentes sinceros e autênticos. Não
se pode falar de pessoas que nunca creram em Jesus, ainda que tenham “nome” de
cristãos. Para que haja apostasia, é
preciso que alguém que tenha alcançado a salvação, rejeite decidida e
voluntariamente a fé em Jesus Cristo a partir de um determinado instante de sua
vida espiritual.
Paulo, ao escrever a segunda carta aos tessalonicenses,
fala que Jesus não virá antes que ocorra a apostasia (II Ts.2:3). Esta, é um
sinal do término da nossa dispensação, é um prenúncio da volta de Cristo. Por
isso, quando verificamos a situação de apostasia que paira sobre a Igreja nos
nossos dias, não devemos nos assustar, “…porque é necessário que isto aconteça
primeiro, mas o fim não será logo…” (Lc.21:9b).
A revelação do Espírito Santo ao
apóstolo é de que, nos últimos tempos, haveria a apostasia, ou seja, alguns
salvos em Cristo Jesus abandonariam a fé, dando ouvidos a espíritos
enganadores, a doutrinas de demônios.
Não nos iludamos. Os
“espíritos enganadores” estão atuando no meio das igrejas locais, utilizando-se
de pessoas que têm aparência de cristãos, embora não o sejam, pois, como
nos ensina o Senhor Jesus, os falsos profetas vêm até nós vestidos como ovelhas
mas, interiormente, são lobos devoradores (Mt.7:15).
Tudo quanto se desvie da pregação do Evangelho, da pregação
de Cristo e Este crucificado (I Co.2:2), nada mais é do que “doutrina de
demônios”, que tem por objetivo simplesmente fazer com as que as ovelhas de
Cristo saiam do caminho que conduz à salvação e passem a trilhar novamente o
caminho largo e espaçoso que conduz à perdição (Mt.7:13,14).
Os agentes dos “espíritos
enganadores” são hipócritas, ou seja, aparentam ser o que não são. Por isso, é que não devemos nos deixar levar pela aparência, mas devemos julgar
segundo a Palavra de Deus (Jo.7:24).
É sempre uma doutrina de demônio
o ensino que proíbe fazer aquilo que Deus não proibiu, que procura privar alguém daquilo
que Deus criou para que desfrutemos.
O apóstolo dá exemplos de falsos ensinos:
1) Proibindo
o casamento, e ordenando a abstinência dos alimentos que Deus criou para os
fiéis, e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de
graças
(1 Tm. 4:3);
(1 Tm. 4:3);
2) Mas
rejeita as fábulas profanas e de velhas, e exercita-te a ti mesmo em piedade
(1 Tm. 4:7).
(1 Tm. 4:7).
II – A FIDELIDADE E
DILIGÊNCIA NO MINISTÉRIO
Depois de ter trazido a revelação do Espírito
Santo a respeito da apostasia dos últimos tempos, Paulo diz a Timóteo que ele
seria um bom ministro de Cristo se propusesse aquelas coisas aos irmãos, criado
com as palavras da fé e da boa doutrina que tinha seguido.
Lamentavelmente, nos dias em que vivemos, muitos não podem
ser considerados “bons ministros de Jesus Cristo”, porque negligenciam o ensino
da Palavra de Deus, permitindo que os cultos sejam ocupados com tudo, menos a
genuína pregação do Evangelho, sendo que muitos nem sequer frequentam as
Escolas Bíblicas Dominicais, dando um exemplo de menosprezo pelo aprendizado
das Escrituras. Paulo volta a dizer a Timóteo que ele poderia ensinar a sã
doutrina porque ele próprio havia sido “criado com as palavras da fé e de boa
doutrina que tens seguido” (I Tm.4:6). Não há como ensinar o que não se
aprendeu e daí a importância do requisito de ser “apto para ensinar” para que
alguém seja separado ao ministério. Timóteo não só fora criado, mas seguia a sã
doutrina.
“…Observe: 1. Os próprios
ministros têm necessidade de crescer no conhecimento de Cristo e na sua doutrina: eles precisam ser
criados com as palavras da fé.
2. A melhor
maneira para os ministros crescerem no conhecimento e na fé é despertar nos
irmãos a lembrança; enquanto ensinamos aos outros, ensinamos a nós mesmos.
3. As pessoas que os ministros ensinam
são irmãos e devem ser tratados como tais. Porque os ministros não são senhores
da herança de Deus.…” (HENRY. Matthew. op.cit, p. 695).
Para ser
um bom ministro de Cristo, ensina o apóstolo dos gentios, é preciso “rejeitar
as fábulas profanas e de velhas”, bem como “exercitar-se a si mesmo em
piedade”. Mais uma
vez, Paulo manda que Timóteo não aceite as fábulas, as invencionices que
estavam sendo pregadas por alguns em Éfeso. O bom ministro não só ensina, mas,
antes de ensinar, deve fazer o que irá ensinar, seguindo o próprio Mestre
(Mt.23:8), que, antes de ensinar, fez aquilo que ensinou (At.1:1).
É necessário que o próprio ministro não viva de acordo com
ensinos e preceitos que não se encontram nas Escrituras Sagradas. Ele deve ser
o exemplo dos fiéis (I Tm.4:12), jamais acolhendo em sua vida qualquer doutrina
ou ensinamento que não tenha base bíblica.
Além de rejeitar as fábulas, o
bom ministro de Cristo deve exercitar-se a si mesmo em piedade, ou seja, ele
precisa ter uma vida piedosa, ser um “cristão prático” e não teórico. Precisa ser alguém que não só se
alimenta da Palavra de Deus, mas que também tenha vida de
oração e de jejum.
Não deve o ministro se ater às
coisas materiais, não deve se preocupar demasiadamente com as coisas
passageiras deste mundo.
O apóstolo diz que “o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade
para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir”
(I Tm.4:8).
As igrejas na atualidade estão a privilegiar o efêmero, o
terreno, aquilo que é passageiro, que é próprio deste mundo. Os esforços de
muitas igrejas hoje em dia, estão voltados para momentos de confraternização,
para o entretenimento, para a emoção, para o divertimento, enquanto que as
coisas eternas, a busca do reino de Deus e de sua justiça, a busca do poder de
Deus tem sido deixada para um segundo plano. Como se não bastasse isso, as
falsas teologias que hoje têm ocupado os púlpitos, em sua esmagadora maioria,
pregam um Evangelho do imediato, do bem-estar nesta vida, pouco se preocupando com
a eternidade. Lembremos das palavras de Paulo: “o exercício corporal para pouco
aproveita”!
O bom ministro de Cristo deve sempre dizer à membresia da igreja que
o primordial é a salvação e, por isso, a igreja deve pregar o Evangelho para
ganhar almas para o reino de Deus e deve se santificar para conservar esta
salvação até o dia da glorificação. O bom ministro de Cristo jamais deve se
esquecer de alertar o rebanho que está sob sua responsabilidade que devemos
vigiar para não entrar em tentação e, assim, estar preparados para o
arrebatamento da Igreja. Jesus está às portas e isto tem de ser sempre lembrado.
Um dos sinais da apostasia espiritual que
vivemos em nossos dias é o desaparecimento de tais mensagens em nossos
púlpitos. Muitos pregam sobre a vida terrena, sobre bênçãos terrenas, muito se
incentiva e se estimula a que se tenha bem-estar neste mundo, pouco se fala
sobre salvação, sobre arrependimento de pecados, sobre santificação e, menos
ainda, sobre o arrebatamento da igreja.
Para que tivesse bom êxito em sua
missão, Timóteo, apesar de sua pouca idade, deveria ser o exemplo dos fiéis, na
palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé e na pureza. Timóteo deveria demonstrar, por
seu testemunho diante dos membros da igreja local, a sua maturidade espiritual
que a sua mocidade não revelava. O critério a ser utilizado, não deve ser o cronológico, a idade de alguém, mas, sim, a
maturidade espiritual. Não se deve
privilegiar nem velhos, nem jovens na obra de Deus, mas, dar lugar àqueles que
são espiritualmente maduros, que têm condições de ensinar a sã doutrina, porque
não só a conhecem, mas a vivem no dia-a-dia de suas vidas.
Timóteo deveria ser exemplo dos fiéis:
a) Na palavra.
Aqui Paulo se refere a respeito da linguagem, do falar. O ministro
deve ter um falar puro, um falar moderado, deve ser alguém cuja língua é
completamente dominada pelo Espírito Santo. Muitos ministros em nossos dias, só
utilizam linguagem chula e vulgar, como também são murmuradores, fofoqueiros e
anda a falar mal das pessoas.
b) No trato.
Aqui Paulo está a se referir a respeito do
tratamento das pessoas, da maneira como se tratavam as mais diferentes pessoas
que compunham a membresia da igreja local. O ministro deve ser alguém que saiba
tratar bem as pessoas, que seja educado e sociável.
c) Na caridade, ou seja, no amor, entendido aquilo como o amor divino.
O ministro de Cristo deve ser alguém que revele a todos que
o amor de Deus está derramado em seu coração pelo Espírito Santo (Rm.5:5). O
ministro deve mostrar, em sua conduta, que ele tem amor a Deus, sendo obediente
à Palavra, como também que tem amor ao próximo, fazendo sempre o bem a todos os
homens, procurando, sempre, o bem-estar de todos. Amor, lembremos, não é apenas
um sentimento, mas um comportamento, uma conduta.
d) No espírito, ou seja, na inclinação espiritual, na adoração
espiritual.
O ministro de Cristo deve ser uma referência para a vida
espiritual da membresia da igreja. Deve mostrar-se um homem espiritual, que
sabe bem discernir as coisas do Espírito, que seja alguém devotado à oração, à
meditação nas Escrituras, à reverência com as coisas de Deus, alguém que possua
ou busque incessantemente os dons espirituais. Não é por outro motivo que o
ministro deve ser alguém que tenha sido batizado com o Espírito Santo, que é o
primeiro degrau desta intimidade espiritual com o Senhor depois da salvação.
e)
Na fé, ou seja, nesse dom de Deus que
nos vem por intermédio da Palavra de Deus (Rm.10:17).
O ministro de Cristo Jesus é o primeiro que tem de mostrar,
na igreja local, ter fé em Deus, confiar n’Ele. Ele deve estimular a fé nos
membros e, para isto, ele próprio precisar viver a vida que vive na fé do Filho
de Deus.
f) Na pureza, ou seja, deve ser uma referência na santificação.
O ministro de Cristo deve ser alguém que se desvia do mal,
que foge da aparência do mal, que se esforça, como ninguém, para ter uma vida
de santificação, de separação do pecado. O ministro, aliás, por estar em
posição de eminência no meio do povo de Deus, deve ter um cuidado redobrado
para não causar escândalos, para não ser motivo de tropeço dos demais irmãos.
g) No mais, Timóteo deveria persistir em ler, exortar e
ensinar.
O obreiro nunca deve parar de estudar as Escrituras como
também ler outros livros até o final de seu ministério, servindo o próprio
apóstolo de exemplo (II Tm.4:13).
CONCLUSÃO
A chamada, embora seja
indispensável, não era suficiente. Timóteo tinha de honrar esta chamada por
Deus com o devido preparo, um preparo tanto teórico, quanto prático.
O
ministro precisa, em primeiro lugar, cuidar de si próprio, e este cuidado
envolve não apenas a vida espiritual, mas também a vida física. O obreiro deve ser alguém que
tenha uma vida regrada não só no aspecto espiritual, mas também no aspecto
secular, pois é nesta dimensão da vida terrena que se apresentará como um homem
fiel diante dos homens. Apesar da
salvação ser individual, um estímulo e incentivo para que os membros da igreja
local alcancem o estágio final da salvação: a glorificação.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Online.
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo
Plenitude.
Dicionário online de
Português.
Dicionário de Bíblia, Teologia e
Filosofia – R.N.
CHAMPLIN.
Dicionário wycliffe.
Lições Bíblicas CPAD – 3º Trimestre – 2015.
Revista Ensinador
Cristão – nº 64 – CPAD.
As Ordenanças de Cristo nas Cartas
Pastorais. Elinaldo Renovato de Lima. CPAD.
Portal
EBD – Dr. Caramuru Afonso Francisco.
Blog do Luciano de Paula
Lourenço.
Consultas a sites de Estudos Bíblicos.
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