domingo, 16 de agosto de 2015

EU SEI EM QUEM TENHO CRIDO



3º TRIM. 2015 – LIÇÃO Nº 7 – EU SEI EM QUEM TENHO CRIDO

A Igreja e o seu Testemunho – As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais


I – INTRODUÇÃO
Seguindo o estudo deste trimestre, em que estamos analisando as chamadas “cartas pastorais” de Paulo, passaremos a estudar, a partir desta presente aula, a Segunda Epístola de Paulo a Timóteo, que foi a última epístola escrita por ele, quando já se encontrava na sua segunda prisão em Roma, da qual resultou sua condenação à morte, tornando-se um dos muitos cristãos martirizados na primeira grande perseguição romana contra a Igreja, ocorrida durante o reinado de Nero.
Provavelmente, depois de ir a Filipos e a Espanha (Rm.15:24), Paulo retornou à Ásia, mais precisamente a Trôade (II Tm.4:13), onde, possivelmente, foi novamente preso, por ter sido acusado por Alexandre, o latoeiro (II Tm.4:14). Acusação essa, de natureza política, já que Nero iniciara perseguição contra os cristãos, que se recusavam a adorar o Imperador, sendo, então, levado novamente a Roma. Conhecedor do direito romano, percebeu que desta vez não teria sucesso, que a condenação era certa e Já havia participado da primeira audiência, e sentira que sua sorte estava determinada. O próprio Espírito Santo revelou a Paulo que ele morreria por causa da fé (II Tm.4:6-8). Diante de tal circunstância, Paulo sentiu a necessidade de escrever uma nova carta a Timóteo, a fim de lhe dar as últimas orientações a respeito do ministério pastoral e também para pedir que viesse visita-lo, pois queria despedir-se dele, ter novamente a sua companhia. Portanto, é no primeiro capítulo desta carta, que vemos como a fé é necessária para que não nos abalemos nas dificuldades desta vida.

II – SAUDAÇÕES INICIAIS DA SEGUNDA EPÍSTOLA DE PAULO A TIMÓTEO
·       Paulo inicia a carta reafirmando a sua autoridade apostólica (II Tm.1:1). Esta apresentação, mostra-nos que o apóstolo, apesar das circunstâncias adversas que estava passando, não estava espiritualmente abalado. Ele estava abatido (preso e a prenúncio da morte), a solidão e o abatimento ficam bem nítidos ao longo da epístola.
Ao mesmo tempo em que o apóstolo tinha convicção de sua chamada, num olhar para o passado que o mantinha firme na sua caminhada para o céu, também tinha um olhar para o futuro, porquanto dizia que havia uma “promessa da vida que está em Cristo Jesus”.
O comentarista bíblico Matthew Henry, ao comentar esta passagem, diz: “…O evangelho é a promessa de vida em Cristo Jesus. A vida é o alvo; e Cristo, o caminho (Jo.14:6). A vida é colocada na promessa; e ambas estão seguras em Cristo Jesus, a testemunha fiel.
·      Assim como na primeira epístola, O apóstolo chama Timóteo de seu filho, mas aqui, em vez de chama-lo de “verdadeiro filho”, chama-o de “amado filho”, revelando, assim, toda a sua estima àquele jovem pastor, de cuja companhia estava precisando nestes últimos instantes de sua vida terrena (II Tm. 4:9).
·    Uma vez mais, fala da graça misericórdia e paz de Deus Pai e da de Cristo Jesus, Senhor nosso, uma característica de suas cartas pastorais, lembrando que o ministro precisa ser misericordioso, porquanto é alvo e objeto da misericórdia de Deus.
·       Paulo mostra, ainda, que, apesar das circunstâncias adversas, não tinha tido a sua fé abalada, tanto que dava graças a Deus, a quem servia desde os seus antepassados com uma consciência pura (porque tinha comunhão com o Senhor, porque servia a Deus e fazia a Sua vontade), de quem sem cessar fazia memória de Timóteo em suas orações noite e dia (II Tm.1:3). Também, mostra, com esta afirmação, que o verdadeiro ministro (aquele que tem convicção de sua chamada) é um homem de oração. Na sua primeira carta, Paulo havia dito que se deveria orar sem cessar (I Ts.5:17); e na sua última, o apóstolo mostra que era um homem que orava sem cessar. Paulo tinha uma fé inabalável porque vivia em contínua oração.
·       O apóstolo também expressa a saudade de seu filho na fé Timóteo. Diz que desejava muito vê-lo. Paulo sabia que iria morrer e, com esta certeza, queria novamente ter a companhia daquele seu tão estimado cooperador, que tanto bem já lhe havia feito durante o seu ministério
(II Tm. 1:4).
·     Paulo diz que se lembrava das lágrimas de Timóteo. Lágrimas essas, derramadas, provavelmente quando Paulo e Timóteo se separaram pela última vez. Estas lágrimas de Timóteo enchiam o apóstolo Paulo de gozo. Ele sabia que seu filho na fé tinha uma vida espiritual bem alicerçada, tinham uma fé não fingida, que havia se desenvolvido desde os tempos da sua infância, pelo exemplo e ensino que tinha tido seja de sua avó Loide, seja de sua mãe Eunice (II Tm.1:4,5).
o apóstolo podia se regozijar com seu filho na fé, pois ele era enraizado na sã doutrina e isto era a garantia de que poderia passar pelas dificuldades da vida e chegar vitorioso ao final da jornada. O apóstolo sabia que seus dias se findavam e que iria alcançar a sua salvação, mas também se alegrava em ver que Timóteo estava caminhando na mesma direção.
Por ter uma fé genuína, Timóteo não poderia deixar de despertar o dom de Deus que nele havia, que lhe havia sido imposto pelas próprias mãos do apóstolo. Timóteo não poderia se deixar abalar pelas circunstâncias adversas por que passava Paulo, deveria aperfeiçoar a sua fé cumprindo o ministério que lhe fora dado por Deus.
Muitos, em nossos dias, em virtude das incompreensões, das dificuldades, das adversidades, deixam de lado o ministério e preferem, como Dema, amar o presente século (II Tm.4:10), desprezando aquilo que receberam de Deus. No entanto, o apóstolo deixa bem claro que o dom ministerial deve ser exercido, sob pena de se pôr em risco a própria salvação, como o Senhor Jesus deixa claro nas parábolas dos dez talentos (Mt.25:14-30), dos dez servos e das dez minas (Lc.19:11-27).

III– ORIENTAÇÕES A TIMÓTEO SOBRE A FIRMEZA E CONSTÂNCIA NO MINISTÉRIO
Paulo mostra a Timóteo que vale a pena estar preso por causa de Cristo. Ele havia sido chamado por Deus para ser pregador, apóstolo e doutor dos gentios porque o poder de Deus o havia salvado e o chamado com uma santa vocação.
Ele mostra que sua chamada não foi por causa dos seus méritos, mas pela graça de Deus.
Quando tomamos consciência do significado de nossa salvação, nós não nos deixamos abalar pelas dificuldades da vida, mesmo com as perseguições, porque sabemos que a salvação nos veio pela graça, é um projeto de Deus para que tenhamos a vida eterna, vida esta que não pode ser impedida por qualquer força humana, por qualquer potestade maligna.
Assim como Paulo estava inabalável, apesar de preso e quase condenado à morte, Timóteo também não poderia se intimidar, não poderia desanimar, mas teria de ter o espírito de fortaleza, amor e moderação, lembrando que também havia sido chamado por Deus para o ministério, devendo prosseguir no exercício do dom que recebera do Senhor.
Para vencer as aflições do mundo, temos de ter bom ânimo (Jo.16:33) e este bom ânimo nasce da consciência do que é a salvação que nos é oferecida por Cristo Jesus.
O apóstolo, por ter esta consciência, não se envergonhava de Jesus Cristo, mesmo estando preso e sabendo que iria morrer por causa do Senhor. Às dificuldades que sofria, Paulo pôde dizer com toda a convicção de seu coração: “Eu sei em quem tenho crido e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia” (II Tm.1:12).
Paulo conhecia o Senhor Jesus, tinha intimidade com Ele. Desde que o Senhor lhe aparecera no caminho de Damasco, o apóstolo tinha a plena convicção de quem era o Senhor Jesus e que, portanto, valia a pena fazer-Lhe a vontade, ainda que isto significasse muitos sofrimentos e privações.
Uma das características mais tocantes nesta carta é a comprovação da fé inabalável do apóstolo Paulo. Numa prisão, e no ponto de vista humano, perder a esperança seria explicável. Sabemos que há perigo de roubo. O homem até pode perder o depósito, permitindo que alguém tire a sua atenção da verdade revelada por Deus para guiar a sua vida e seu trabalho.
Assim como os heróis da fé venceram por não terem recuado apesar das aflições de mundo, assim, também, quem recuar perderá a salvação. A primeira classe de pessoas que ficará de fora da cidade celestial é, precisamente, a dos “tímidos” (Ap.21:8), que a Versão Almeida e Atualizada traduz por “covardes”.
O alvo de Paulo não era as coisas desta vida. Sua salvação e seu galardão estavam com Cristo e ninguém poderia separar o apóstolo do amor de Deus que estava em Jesus (Rm.8:33-39). Por isso, o apóstolo recomenda a Timóteo que conservasse o modelo das sãs palavras que ouvira dele, na fé e na caridade que havia em Cristo Jesus (II Tm.1:13).
Provamos que temos a fé em Cristo Jesus, que sabemos em quem temos crido quando conservamos o modelo da Palavra de Deus.
Paulo diz a Timóteo que deveria guardar o bom depósito pelo Espírito Santo que habita nos crentes. Este bom depósito era a guarda da sã doutrina, que ele deveria continuar pregando, ainda que em meio a perseguições e sofrimentos.
Paulo se preocupava com Timóteo, visto que outros cooperadores seus já tinham desertado, já haviam abandonado a fé, como era o caso de Figelo e Hermógenes. Ao contrário deles, Paulo faz menção de Onesíforo, que, muito provavelmente sem ter sido solicitado por Paulo, foi até Roma para visitar o apóstolo e recreá-lo, não tendo qualquer receio de ser também preso por sua fé em Cristo Jesus.
Onesíforo foi até Roma, esforçou-se para achar o apóstolo, tendo-o encontrado e cumprido o seu propósito de consolar, confortar, fazer companhia ao apóstolo que abatido estava naquele ambiente de solidão na prisão, ante a proximidade da morte (II Tm.1:16).

CONCLUSÃO
Que possamos  falar como o apóstolo Paulo:
Eu sei em quem tenho crido, e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia (II Timóteo. 1:12).
E que naquele grande dia possamos ouvir do nosso Deus:
Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo (Mateus. 25:34).

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Online.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Plenitude.
Dicionário online de Português.
Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia – R.N. CHAMPLIN.
Dicionário wycliffe.
Lições Bíblicas CPAD – 3º Trimestre – 2015.
Revista Ensinador Cristão – nº 64 – CPAD.
As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Elinaldo Renovato de Lima. CPAD.
Portal EBD – Dr. Caramuru Afonso Francisco.
Consultas a sites de Estudos Bíblicos.

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