domingo, 27 de setembro de 2015

A MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA DA SALVAÇÃO



3º TRIM. 2015 – LIÇÃO Nº 13 – A MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA DA SALVAÇÃO

A Igreja e o seu Testemunho – As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais


INTRODUÇÃO

Estamos encerrando o terceiro trimestre letivo, onde estudamos as cartas pastorais do apóstolo Paulo (I Timóteo, II Timóteo e Tito). Nesta última lição, estaremos analisando a parte final do capítulo 2 e o capítulo 3 da Epístola de Paulo a Tito (Tt.2:11-3:15).
Depois que o apóstolo Paulo disse como Tito e os segmentos das igrejas de Creta deveriam se comportar, Paulo diz porque Tito e os crentes poderiam ter uma conduta diferente daqueles que não conheciam a Deus, isto: “porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt.2:11).
Além de mostrar a causa de podermos agradar a Deus, que se encontra no Senhor e não em nós mesmos, mostra-nos que Jesus veio salvar a todos.

I – A MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA DE DEUS

1.1. Definição de graça.
Hessed”, no hebraico; “charis”, no grego; “gratia”, no latim, tem o sentido de ser um favor imerecido concedido por Deus à humanidade. Imerecido, porque o homem perdeu todo e qualquer direito, ou privilégio junto ao seu Criador, por causa do pecado.

Não é possível ao homem ter uma conduta de acordo com a vontade de Deus, por suas próprias forças ou agradar a Deus por seus próprios méritos. Isto só é possível porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens. A salvação tem origem em Deus e jamais o homem poderá salvar-se por si próprio.
Na verdade, nem todos se salvarão, isto não se deve a uma “limitação” da redenção, como ensinam os teóricos da predestinação, mas, porque Deus fez o homem com o livre-arbítrio.
Deixou cada ser humano escolher entre servir, ou não ao Senhor, crer, ou não, em Cristo Jesus.
A graça de Deus veio ao homem através de Cristo Jesus (Jo.1:17).
A graça nos ensina que devemos renunciar à impiedade e às concupiscências mundanas, vivendo neste presente século sóbria, justa e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo (Tt.2:12,13).
Nesta afirmação, o apóstolo Paulo faz como que um resumo da vida cristã. Vamos analisar:

a) A graça de Deus faz com que o homem renuncie à impiedade.
Não há como alcançar a salvação se não renunciarmos à impiedade, ao pecado.
Jesus nos ensinou que, para segui-l’O, devemos negar a nós mesmos (Mt.16:24; Mc.8:34; Lc.9:23).
Quando a graça de Deus alcança a vida de alguém, ela deixa de pecar, abandona o pecado, passa a viver separada do pecado. Como diz o salmista: “…a santidade convém à Tua casa, Senhor, para sempre” (Sl.93:5b).
Como a casa do Senhor somos nós (Hb.3:6), devemos ser santos, separados do pecado.
Quando a graça de Deus alcança a vida de alguém, ela também:

b) Renuncia às concupiscências (desejos) mundanas.
O salvo não dá lugar à carne, à sua natureza pecaminosa. A sua velha natureza está crucificada com Cristo, não mais vive ele, mas sim, Cristo (Gl.2:20).
Não podemos permitir que o velho homem, a carne prevaleça em nossas vidas, pois “…a inclinação da carne é morte (…) a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm.8:6,7).
Esta realidade espiritual é figurada no batismo nas águas. No momento que alguém declara publicamente que foi salva por Jesus, imerge nas águas, a indicar que o velho homem foi sepultado e que, agora, vive um novo homem, que ressuscitou com Cristo e que somente fará o que Deus quiser que se faça dali para a frente, uma “nova criatura” que andará em novidade de vida (Rm.6:3-10). Algo que se inicia no interior do ser humano. A graça de Deus não se limita a alterar o interior, manifestando-se exteriormente para todos os homens, através de

c) Uma Vida sóbria.
Neste mundo, portanto, temos de ser diferentes dos que não conhecem a Deus. Quem é salvo pratica boas obras e, por isso, tem uma vida sóbria, ou seja, uma vida equilibrada, que não se deixa embriagar com as coisas desta vida, que não se deixa iludir com este mundo, sabendo que tudo aqui é passageiro e que não podemos nos prender a ele. Quem tem uma vida sóbria busca as coisas que são de cima (Cl.3:1-3), dá prioridade ao reino de Deus e sua justiça (Mt.6:33), enche-se do Espírito Santo (Ef.5:18) e entende que a sua vida só tem sentido para glorificar o nome do Senhor, seguindo o exemplo de Cristo (Jo.17:4).

d) Justa.
Ou seja, uma vida de acordo com a Palavra de Deus, pois ela é a reta justiça (Jo.7:24). Esta justiça não provém do homem, mas de Deus, que é a justiça nossa (Jr.23:6), pois é Deus quem nos justifica, quem nos torna justos (Rm.8:33). Esta justificação vem-nos pela fé em Cristo Jesus (Rm.5:1). Justificação não nos faz justos, mas declara nossa justiça. Nossa justiça vem de colocarmos nossa fé no trabalho completo de Jesus Cristo. Seu sacrifício cobre o nosso pecado, permitindo com que Deus nos veja como perfeitos e sem qualquer mancha.

e) Uma vida pia.
Ou seja, uma vida piedosa, uma vida caracterizada pela prática do bem, pelo amor ao próximo.

Além de operar uma transformação interior, Deus também faz com que passemos a ter a

f) Esperança da vinda de Cristo.
O apóstolo afirma que o salvo aguarda a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo.
O verdadeiro, genuíno e autêntico servo de Deus espera o retorno de Cristo, ama a vinda do Senhor (II Tm.4:8), a todo momento está em comunhão com o Espírito Santo e pede a volta do Senhor Jesus (Ap.22:17). Era este o desejo do apóstolo Paulo (I Co.16:22).
 Era isto que Tito deveria pregar em Creta e estabelecer presbíteros que também pregassem esta mensagem. Pregar o Evangelho é dizer que Jesus veio a este mundo para nos salvar e purificar para Si um povo Seu especial, zeloso de boas obras.

II – A CONDUTA DO SALVO
No capítulo 3, Paulo trata do dever do cristão em relação ao mundo, faz um breve comentário sobre seu relacionamento com o poder civil e o ambiente pagão em geral (do nosso correto relacionamento com as autoridades, com o próximo e com Deus).

2.1. Sujeição às autoridades (Tt 3:1).
Lembra-lhes que se sujeitem aos que governam, às autoridades sejam obedientes estejam prontos para toda boa obra...”.
Paulo pede a Tito para lembrar aos cristãos das assembleias de Creta as responsabilidades em relação ao governo deles. A Palavra ensina que todos os governos são ordenados por Deus (Rm 13:1).
O cristão precisa se conscientizar de que ele tem dupla cidadania: é cidadão do Céu e também do mundo. Ele deve obediência a Deus e também às autoridades constituídas. Duas coisas são exigidas do cristão em relação às autoridades:

a) Submissão (Tt 3.1).
Aqueles que governam são autoridades constituídas pelo próprio Deus e devem ser respeitados. O cristão deve ser um cidadão exemplar, estando pronto para toda boa obra. Ele não é um problema para a sociedade, mas um benfeitor. O cristão deve cumprir as leis e instruções das autoridades civis e pagar seus impostos com fidelidade (Rm 13:6).

b) Obediência (Tt 3:1).
A obediência civil é responsabilidade do cristão. Ele não pode ser desordeiro, nem agitador social, uma vez que resistir à autoridade é revoltar-se contra o próprio Deus que permitiu que este assumisse o cargo de autoridade.
Mas, a obediência civil tem limites. O Estado não é dono da consciência de ninguém. Se um governo determina que o cristão desobedeça a Deus, então ele deve se opor, sob o principio de Atos 5:20.

2.2. O relacionamento do cristão (Tt 3:2).
“Que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda a mansidão para com todos os homens”.

Paulo nos ensina que o cristão deve relacionar-se bem com todos os membros da comunidade. Devemos ter relacionamentos corretos não apenas dentro da igreja, mas também fora dela e com os não-crentes.
O apóstolo Paulo menciona quatro atitudes que um cristão deve cultivar:

a) não difamar a ninguém.
Não destruir a reputação das pessoas. A difamação é um assassinato moral. É usar a espada da língua para ferir e destruir a reputação das pessoas. O cristão não deve caluniar ninguém. Aqueles que foram alvos da benignidade de Deus não podem ser instrumentos de maldade para ferir as pessoas.

b) não ser contencioso, "nem sejam altercadores".
Altercar é criar confusão, provocar contendas, envolver-se em discussões que ferem as pessoas e destroem os relacionamentos. Devemos usar o diálogo em vez de sermos geradores de conflitos.

c) não cavar abismos
Mas construir pontes de contato com as pessoas. O cristão precisa ser uma pessoa moderada. Sua língua deve ser bênção e não maldição. Precisamos tratar uns aos outros com dignidade e respeito. Precisamos viver em paz uns com os outros.

d) “... mostrando toda mansidão para com todos os homens”. A mansidão não é um atributo natural. Ser manso não é ser frouxo ou ficar impassível diante dos problemas. Ser manso não é ser tímido ou covarde. Não é manter a paz a qualquer custo. Uma pessoa mansa é aquela que entregou seus direitos a Deus,por isso, mantém-se tranquilo.

Em Tito 3:3, Paulo faz um diagnóstico da nossa condição antes de sermos salvos:
Ele diz a Tito que, antes da salvação, éramos ”… insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros, mas, quando apareceu a benignidade e a caridade de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a Sua misericórdia, fomos salvos pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente Ele derramou sobre nós por Jesus Cristo, nosso Salvador, para que, justificados pela Sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna” (Tt.3:3-7).

Vejamos:
1) Insensatez.
Nossa mente estava corrompida pelo pecado. A estultícia e a imprudência marcavam a nossa vida. Nossos conceitos estavam errados, nossos valores distorcidos e nossos desejos corrompidos.

2) Desobediência.
Nosso coração era indisciplinado e rebelde à autoridade divina e humana. Nossa inclinação era toda para o mal.

3) Extraviado.
Sem Deus e sem a salvação, o homem é um perdido.

4) Servindo a “várias concupiscências e deleites”.


Éramos escravos de toda sorte de paixões e prazeres carnais.

5) Vivendo em Malícia e inveja.
Nossa mente era cheia de maldade e sujeira. A malícia ou maldade é o que se faz quando se deseja o mal a alguém; a inveja é ressentir-se e desejar o bem que outros têm.

6) Odiosos.
Quando o nosso relacionamento com Deus está rompido, não conseguimos conviver conosco nem com as outras pessoas.

Mais uma vez o apóstolo enfatiza que a modificação da conduta do homem, que o torna santo e nova criatura, é resultado único e exclusivo da graça de Deus, da “benignidade e caridade de Deus, para com os homens”. Somente alcançamos a santidade porque fomos salvos pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, porque nascemos da água e do Espírito (Jo.3:5). Para vermos o reino de Deus, faz-se necessário nascer de novo (Jo.3:3).

Vamos entender?
Primeiro o homem precisa da Palavra de Deus para que possa crer e para crer, primeiro é preciso ouvir acerca da fé (evangelho) que é poder de Deus. Portanto, ao escrever a Tito, Paulo demonstra que Deus lava e renova o homem por meio da sua Palavra e do seu Espírito.

2.3. A prática das boas obras (Tt 3:8).
Fiel é a palavra, e isto quero que deveras afirmes, para que os que creem em Deus procurem aplicar-se às boas obras; estas coisas são boas e proveitosas aos homens”.

Todos aqueles que creem em Deus procuram aplicar-se às boas obras. As boas obras não são a causa, mas a evidência da salvação. Não somos salvos pelas boas obras, mas para as boas obras. Não são as nossas boas obras que nos levam para o céu; nós é que as levamos para o céu.

2.4. Como tratar com os hereges (Tt 3:10,11). 
Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está pervertido e peca, estando já em si mesmo condenado”.

Um herege é uma pessoa que decidiu que está certa e todos os demais estão errados. Tito deveria evitar pessoas que gostavam de criar partidos dentro da igreja e semear heresia, e discórdia. Nada machuca mais a igreja do que aqueles que se apartam da verdade e vivem criando mal-estar, ferindo a comunhão, falando mal das pessoas e denegrindo sua honra.
Paulo ensina que não devemos nos envolver com as discussões tolas dos falsos mestres. As pessoas que estão ocupadas fazendo a obra do Senhor não têm tempo para discussões inúteis. Infelizmente, muitos acabam dando atenção aos ensinos que são contrários a Palavra de Deus e acabam tendo um fim trágico: a apostasia.

CONCLUSÃO
“A graça seja com vós todos. Amém!” (Tt 3:15).
Paulo termina a Epístola pastoral de Tito rogando a graça de Deus sobre todos os crentes. A graça é a fonte da vida, é melhor do que a vida. Por ela somos salvos, por ela vivemos e por ela entraremos no céu.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Online.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Plenitude.
Dicionário online de Português.
Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia – R.N. CHAMPLIN.
Dicionário wycliffe.


Dicionário Teológico – Claudionor Corrê Andrade – CPAD.
Pequena Enciclopédia Bíblica – Orlando Boyer – IBAD.
Lições Bíblicas CPAD – 3º Trimestre – 2015.
Revista Ensinador Cristão – nº 64 – CPAD.
As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Elinaldo Renovato de Lima. CPAD.
Portal EBD – Dr. Caramuru Afonso Francisco.
                  EV. Luiz Henrique de Almeida Silva.
Portal da Teologia: http://www.institutogamaliel.com/portaldateologia
Consultas a sites de Estudos Bíblicos.
  

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