sábado, 19 de setembro de 2015

EXORTAÇÕES GERAIS



3º TRIM. 2015 – LIÇÃO Nº 12 – EXORTAÇÕES GERAIS

A Igreja e o seu Testemunho – As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais

      
INTRODUÇÃO
Continuando o estudo da Epístola de Paulo a Tito, estaremos analisando a primeira parte do segundo capítulo. O texto em estudo, revela quanto o apóstolo Paulo era cuidadoso com a igreja local e que se preocupava com a doutrina, com o ensino, com as exortações de caráter espiritual propriamente dito. Paulo, mais uma vez, em uma carta, tece considerações e ensinos sobre diversas faixas etárias de crentes em Jesus. Já fizera recomendações semelhantes em sua primeira carta a Timóteo (5:1,2), agora, o apóstolo dá   orientações a Tito a respeito do comportamento que deveriam ter os diversos membros da igreja local, bem como a conduta que deveria ser seguida pelos pastores, responsáveis pelo rebanho do Senhor.

I – EXORTAÇÕES AOS DIVERSOS MEMBROS DA IGREJA
A igreja local, como já vimos, quando estudamos as cartas a Timóteo, é uma diversidade, isto é, um grupo social heterogêneo. Por isso, não pode ser tratada de maneira uniforme, como se todos os crentes fossem apenas números. Pois cada um é um indivíduo, alguém que não pode ser reduzido a outro, uma singularidade criada por Deus. Portanto, a primeira exortação feita pelo apóstolo Paulo diz respeito:

1.1. Ao próprio Tito.
Depois de ter orientado seu cooperador a não dar espaço aos falsos mestres, o apóstolo diz a seu filho na fé pra falar o que convêm à sã doutrina (Tt. 2:1).
A igreja local não pode viver apenas do evitar ouvir o que não convém, mas precisa se alimentar da Palavra de Deus (Mt.4:4; Lc.4:4).

OBS: “…O que contradiz a sã doutrina deve ser coibido, o que lhe corresponde deve ser favorecido. Pessoas convalescerão e amadurecerão quando aprenderem a reconhecer e praticar a vontade de Deus. Adoecerão na fé quando agirem ignorando as orientações de Deus, e igualmente quando mesmo conhecendo a vontade de Deus não a cumprirem.…’ (BÜRKI, Hans. Tito Comentário Esperança. Trad. de Werner Fuchs, p.15).

O apóstolo Paulo insiste em suas cartas pastorais, a respeito da extrema necessidade de priorizar a Palavra na Igreja, pois é a Palavra que transmite a fé para os incrédulos alcançarem a salvação, faz com que os crentes se santifiquem e cresçam espiritualmente, indo em direção à glorificação, quando alcançarão a estatura completa de Cristo, a estatura de varão perfeito (Jo.17:17; Hb.12:14; Ef.4:11-13).
OBS: “…Específica e particularmente, ele instrui Tito a aplicar essa sã doutrina às diversas classes de pessoas (v. 2-10). Os ministros não devem ficar nas generalidades, mas devem dar a cada um a sua porção, o que pertence à sua idade, ou lugar, ou condição de vida. Eles devem ser específicos e práticos em sua pregação. Eles devem ensinar os deveres às pessoas de modo geral, mas também especificamente a cada um…” (HENRY, Matthew. op.cit., p.730).
Contudo, Paulo nos mostra que as “cartas pastorais” não se dirigem apenas aos pastores, aos obreiros, mas também a todos os membros.
1.2. Aos idosos.
Por terem mais experiência de vida, devem ser referenciais para toda a membresia da igreja, por isso, a conduta deve ser exemplar, para que possam ser seguidos pelas novas gerações que virão.
Paulo diz a Tito que deveria orientar as pessoas idosas de forma que elas fossem sóbrias, graves, prudentes, sãs na fé, na caridade e na paciência (Tt.2:2).

a) Sóbrias
Devemos entender o termo “sóbrios” no sentido de temperantes ou moderados; isto em relação ao uso do vinho, mas também na atitude em todos os prazeres da vida (incluindo gostos e hábitos).


b) Graves
Sugere seriedade de propósito (seriedade x carranca), dignos de confiança e respeito (na conversa e no comportamento).

c) Prudentes
Significa autodisciplinados, sensatos, que tenham autodomínio, ou seja, homens de juízo maduro e que saibam refrear-se.

d) Sãos na fé, na caridade (amor) e na paciência
Estas virtudes cristãs também constam em I Co. 13:13 (fé, esperança e amor), mas com a substituição da esperança  por paciência. Talvez pensando na esperança inclusa na fé, ou pode ser que ele coloque  a paciência no lugar da esperança.
Sadios (…) não mórbidos, que comuniquem saúde: que em toda a direção difundam saúde moral e espiritual. Essa saúde deve ser demonstrada em relação à fé, ao amor e à paciência…”

“…Velhos discípulos de Cristo devem conduzir-se de acordo com a doutrina cristã. Eles não podem achar que com a decadência da natureza, ao sentirem a idade avançando, eles são desculpáveis se cometerem alguma irregularidade ou intemperança. Na verdade, eles devem comportar-se de acordo com a sua idade, tanto em relação à saúde quanto a outros aspectos, servindo de conselho e exemplo para os mais jovens. Graves: a leviandade é imprópria em qualquer pessoa, mas especialmente nos idosos. Eles devem ser serenos e firmes, respeitosos no hábito, na conversa e no comportamento. Berrantes no vestir, levianos e vaidosos no comportamento, como são inconvenientes em sua idade! Prudentes, moderados e controlados, alguém que controla bem suas paixões e sentimentos, para não ser arrastado por eles para algo mau ou indecente. Sãos na fé, sinceros e firmes, constantemente seguindo a verdade do evangelho, não afeiçoados por novidades, nem dispostos a se envolverem em opiniões corruptas ou facções, nem dando ouvidos a fábulas ou tradições, ou às caduquices dos rabinos. Aqueles que estão em boa velhice devem estar cheios da graça e bondade, onde o homem interior se renova mais e mais à medida que o exterior se corrompe. Na caridade, ou amor. O amor se une harmoniosamente com a fé, que opera por amor e deve ser vista em amor, amor por Deus e pelos homens. Esse amor deve ser sincero, sem dissimulação: amor de Deus por si mesmo e pelos homens por causa de Deus …” (HENRY, Matthew. op.cit., p.730).

1.3. As mulheres idosas.
Paulo está a mostrar como a doutrina cristã é igual para homens e mulheres. A orientação às mulheres começa com as mulheres idosas, que, como os homens, deveriam ser:

a) Sérias no seu viver
A mesma sobriedade e equilíbrio que se exigiam aos idosos eram também requerido às idosas, em mais uma demonstração de que Deus não faz acepção de pessoas.
As mulheres idosas devem ser santas e esta santidade exige sobriedade, seriedade no viver. “…Em toda a sua paciência (não só em seu vestuário – I Tm.2:9),  em seu comportamento, as mulheres mais idosas devem ser reverentes, conduzindo-se como se fossem servas no templo de Deus, porque na verdade é isso que são!
As mulheres idosas deveriam ser dignas em suas atitudes. Estas, abrangem todo o ser, a unidade da constituição interior e da aparência exterior.

b) Não caluniadoras
Dois defeitos têm em relação às mulheres, especialmente as zelosas; e ambos os defeitos existem nas idosas que, em razão da idade, são desconfiadas e ciumentas, em razão do sexo…” (AQUINO, Tomás de. op.cit.).

c) não ser dadas a muito vinho
“…Note como não caluniadoras (…) e ‘não escravizadas a muito vinho’ são combinados. Beber vinho e gracejo malicioso vão juntos. (…). As anciãs, pois, devem ser temperadas, justamente como os anciãos. Não devem deixar-se escravizar a (…) muito vinho. Ao contrário, mediante seu exemplo piedoso, devem ser ‘mestras daquilo que é excelente’ (cfe. I Pe.3:1,2)…” (HENDRIKSEN, William. op.cit., p.445).

Observamos aqui, mais uma vez, que a expressão “não dadas a muito vinho” não significa uma autorização bíblica para o consumo de bebidas alcoólicas. O vinho usado aqui, é o suco de uva não fermentado. As Escrituras são claras a proibir o uso da “bebida forte” (Lv.10:9; Nm.6:3; Dt.29:6; Pv.20:1; 31:4; Is.5:22; 28:7) , que é o vinho fermentado, a bebida alcoólica, que, na Antiguidade, tinha um teor alcoólico bem inferior ao dos vinhos atualmente existentes no mercado, que estão completamente fora da possibilidade de consumo para um servo do Senhor.

d) “Mestras no bem”
Elas deveriam ser mulheres exemplares, cuja vida pudesse ser um referencial para as mulheres mais jovens: “…elas podiam e deviam ensinar, ou seja, pelo exemplo e vida regrada. Observe que: As mulheres que apresentam comportamento e atitudes santos são mestras do bem; .…” (HENRY, Matthew. op.cit., p.731).
Através do exemplo, as mulheres idosas ensinam as mais jovens a serem prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos (Tt.2:4). O exemplo sempre é um grande professor e, nas igrejas locais, as mulheres idosas têm de se tornar referências para que as mais jovens tenham estas importantes qualidades.
As mulheres novas têm que aprender a ser “moderadas”, palavra que, no original, significa “sensatas”. “… devem evitar escrupulosamente toda imoralidade de pensamento, palavra e ação…” (HENDRIKSEN, William. op.cit., p.446).
- As mulheres devem concentrar a sua atenção nas famílias. Seu papel de mãe e de esposa exigem delas um cuidado todo especial na administração da casa, é esta a sua principal função na família. Por isso, o apóstolo diz que elas devem ser “boas donas de casa” e isto nos faz lembrar a “mulher virtuosa” cantada em Provérbios 31, que enfatiza este papel da mulher que, assim fazendo, edificará a casa (Pv.14:1).
O apóstolo diz a Tito que as mulheres devem ser sujeitas a seus maridos e esta sujeição nada tem a ver com o machismo que se costuma atribuir a este princípio bíblico.
A sujeição de que fala a Bíblia é bem explicada em Ef.5:22-24, quando o apóstolo Paulo faz um paralelo entre a sujeição que temos em relação ao Senhor e a sujeição que as mulheres devem ter em relação a seus maridos. A sujeição nada mais é que a reação à iniciativa amorosa. Assim como nos sujeitamos a Cristo porque Ele nos amou primeiro (I Jo.4:19), as mulheres devem se sujeitar a seus maridos se eles demonstrarem amor por elas. Paulo é bem claro ao dizer que os maridos devem amar suas mulheres assim como Cristo amou a Igreja e a Si mesmo Se entregou por ela.
A sujeição não é uma demonstração de inferioridade nem tampouco uma ditadura exercida pelo marido.

1.4. Aos jovens
A virtude fundamental destaca-se pela ênfase dada à sobriedade e à discrição, como no caso das mulheres jovens (v. 5). Precisam ter domínio próprio, conter os “desejos da mocidade” (II Tm.2:22), algo que, também, tem sido contrariado pela mentalidade vigente em nossos dias, em que se tem um hedonismo, ou seja, um comportamento que privilegia o prazer, a incontinência. “…Eles têm uma inclinação para serem ansiosos e fogosos, irrefletidos e precipitados. Portanto, eles devem ser seriamente exortados a serem ponderados e não tempestuosos; aconselháveis e submissos, não teimosos e obstinados; humildes e moderados, não arrogantes e orgulhosos; porque há mais jovens sendo destruídos pelo orgulho do que por qualquer outro pecado. Os jovens devem ser sérios e sólidos na sua conduta e nos seus modos, unindo a seriedade da velhice com a vivacidade e o vigor da mocidade. Isso fará com que esses anos da juventude sejam significativos e sirvam para uma reflexão tranquila quando chegarem os maus dias. Esse tipo de atitude impedirá que ocorra muito pecado e tristeza na vida deles e servirá de fundamento para se fazer muitas coisas boas e se desfrutar delas. Esses jovens não gemerão no fim, mas terão paz e conforto na morte e depois disso uma coroa gloriosa de vida.…” (HENRY. Matthew. op.cit., p. 732).

1.5. Os servos
Lembrando aqui o que já havia ensinado aos efésios, ou seja, que os servos deveriam ser sujeitos a seus senhores, devendo agradá-los em tudo e não contradizê-los (Tt.2:9).
O apóstolo estava a falar para uma sociedade em que ainda havia a escravidão e, neste particular, repete o que já havia ensinado a Timóteo – que a condição do servo não deveria ser confundida com a de irmão em Cristo que havia, na igreja, pois todos aqueles que estão sob autoridade na sociedade devem assumir a sua condição de subalternos.
Tito deveria orientar os servos a serem submissos e a agradar em tudo a seus senhores. Como diz o  apóstolo Paulo aos efésios, que o dever que assumimos diante de nossos superiores não deve ser cumprido propriamente para o superior, mas para Deus (Ef.6:5,6).
Temos de cumprir todas as obrigações que assumimos diante de nossos superiores, não defraudando (enganando), mas mostrando toda a boa lealdade, para que sejamos ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador (Tt.1:10). “…Aos servos duas faltas comuns são destacadas: não sejam respondões, responder ou discutir; e não furtem, roubar. Fidelidade é a palavra frequentemente usada para a fé no N.T.…” (HARRISON, Everett F. op.cit., p.6).

II – EXORTAÇÃO AOS OBREIROS
Agora, Paulo fala a respeito não só da conduta que Tito deveria ter em Creta, mas de todos aqueles que forem chamados para o ministério na igreja.

2.1. Deveria se dar por exemplo de boas obras.
O ministro deve ser sempre exemplo para os fiéis (Fp.3:17; II Ts.3:9; I Tm.4:12; I Pe.5:3). Paulo podia exigir isto de Tito pois ele era um exemplo para todos os que o acompanhavam (I Co.11:1).

2.2. Mostrar incorrupção na doutrina.
Deveria ser um fervoroso observador da Palavra de Deus. O ministro não pode corromper a doutrina, seja introduzindo, seja retirando elementos que não se encontram nas Escrituras, mas deve viver o que ensina.

2.3. Apresentar gravidade (seriedade) na doutrina.
“…Eles devem deixar claro que o intento da pregação deles visa única e exclusivamente promover a honra de Deus, o interesse de Cristo e o bem-estar e felicidade das almas.
  
2.4. Mostrar sinceridade na doutrina.
Para poder mostrar a doutrina de modo incorrupto, grave e sincero, Tito deveria usar linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhasse não tendo nenhum mal que dizer da igreja. O ministro deve ter cuidado com o seu falar, pois a língua é um membro que resiste ao domínio do Espírito Santo (Tg.3:6).
É preciso que o ministro procure sempre apresentar uma linguagem sadia, acima de qualquer censura.

CONCLUSÃO
O líder precisa ser exemplo. Se Deus nos confiou autoridade e responsabilidade, precisamos ter uma vida irrepreensível. Ser irrepreensível não significa ser perfeito, dessa forma nenhum ser humano poderia assumir tal posição. Ser irrepreensível significa ter um padrão de conduta elevado e maduro, segundo os princípios bíblicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Online.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Plenitude.
Dicionário online de Português.
Dicionário wycliffe.
Comentário Bíblico do Novo Testamento - Beacon.
Lições Bíblicas CPAD – 3º Trimestre – 2015.
Revista Ensinador Cristão – nº 64 – CPAD.
As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Elinaldo Renovato de Lima. CPAD.
Portal EBD – Dr. Caramuru Afonso Francisco.
Blogger do professor Luciano de Paula Lourenço                
Consultas a sites de Estudos Bíblicos.

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