3º TRIM. 2015 – LIÇÃO
Nº 12 – EXORTAÇÕES GERAIS
A Igreja e o seu Testemunho – As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais
INTRODUÇÃO
Continuando o estudo da Epístola de Paulo a Tito, estaremos
analisando a primeira parte do segundo capítulo. O texto em estudo, revela
quanto o apóstolo Paulo era cuidadoso com a igreja local e que se preocupava
com a doutrina, com o ensino, com as exortações de caráter espiritual
propriamente dito. Paulo, mais uma vez, em uma carta, tece considerações e
ensinos sobre diversas faixas etárias de crentes em Jesus. Já fizera
recomendações semelhantes em sua primeira carta a Timóteo (5:1,2), agora, o
apóstolo dá orientações a Tito a respeito do comportamento
que deveriam ter os diversos membros da igreja local, bem como a conduta que
deveria ser seguida pelos pastores, responsáveis pelo rebanho do Senhor.
I – EXORTAÇÕES AOS DIVERSOS MEMBROS DA IGREJA
A igreja local, como já vimos,
quando estudamos as cartas a Timóteo, é uma diversidade, isto é, um grupo
social heterogêneo. Por isso, não pode ser tratada de maneira uniforme, como se
todos os crentes fossem apenas números. Pois cada um é um indivíduo, alguém que
não pode ser reduzido a outro, uma singularidade criada por Deus. Portanto, a
primeira exortação feita pelo apóstolo Paulo diz respeito:
1.1. Ao próprio Tito.
Depois de ter orientado seu
cooperador a não dar espaço aos falsos mestres, o apóstolo diz a seu filho na
fé pra falar o que convêm à sã doutrina (Tt. 2:1).
A igreja local não pode viver
apenas do evitar ouvir o que não convém, mas precisa se alimentar da Palavra de
Deus (Mt.4:4; Lc.4:4).
OBS: “…O que contradiz a sã doutrina deve ser coibido, o que lhe corresponde deve ser favorecido. Pessoas convalescerão e amadurecerão quando aprenderem a reconhecer e praticar a vontade de Deus. Adoecerão na fé quando agirem ignorando as orientações de Deus, e igualmente quando mesmo conhecendo a vontade de Deus não a cumprirem.…’ (BÜRKI, Hans. Tito Comentário Esperança. Trad. de Werner Fuchs, p.15).
O apóstolo Paulo insiste em suas
cartas pastorais, a respeito da extrema necessidade de priorizar a Palavra na
Igreja, pois é a Palavra que transmite a fé para os incrédulos alcançarem a
salvação, faz com que os crentes se santifiquem e cresçam espiritualmente, indo
em direção à glorificação, quando alcançarão a estatura completa de Cristo, a
estatura de varão perfeito (Jo.17:17; Hb.12:14; Ef.4:11-13).
OBS:
“…Específica e particularmente, ele instrui Tito a aplicar essa sã doutrina às
diversas classes de pessoas (v. 2-10). Os ministros não devem ficar nas
generalidades, mas devem dar a cada um a sua porção, o que pertence à sua
idade, ou lugar, ou condição de vida. Eles devem ser específicos e práticos em
sua pregação. Eles devem ensinar os deveres às pessoas de modo geral, mas
também especificamente a cada um…” (HENRY, Matthew. op.cit., p.730).
Contudo,
Paulo nos mostra que as “cartas pastorais” não se dirigem apenas aos pastores,
aos obreiros, mas também a todos os membros.
1.2. Aos idosos.
Por terem mais experiência de vida,
devem ser referenciais para toda a membresia da igreja, por isso, a conduta deve
ser exemplar, para que possam ser seguidos pelas novas gerações que virão.
Paulo diz a Tito que deveria
orientar as pessoas idosas de forma que elas fossem sóbrias, graves, prudentes,
sãs na fé, na caridade e na paciência (Tt.2:2).
a) Sóbrias
Devemos
entender o termo “sóbrios” no sentido de temperantes ou moderados; isto em
relação ao uso do vinho, mas também na atitude em todos os prazeres da vida (incluindo
gostos e hábitos).
b) Graves
Sugere seriedade de propósito (seriedade x carranca), dignos
de confiança e respeito (na conversa e no comportamento).
c) Prudentes
Significa autodisciplinados, sensatos, que tenham
autodomínio, ou seja, homens de juízo maduro e que saibam refrear-se.
d) Sãos na fé, na
caridade (amor) e na paciência
Estas virtudes cristãs também constam em I Co. 13:13 (fé, esperança
e amor), mas com a substituição da esperança
por paciência. Talvez pensando na esperança inclusa na fé, ou pode ser
que ele coloque a paciência no lugar da
esperança.
Sadios (…) não mórbidos, que comuniquem saúde: que em toda
a direção difundam saúde moral e espiritual. Essa saúde deve ser demonstrada em
relação à fé, ao amor e à paciência…”
“…Velhos
discípulos de Cristo devem conduzir-se de acordo com a doutrina cristã. Eles
não podem achar que com a decadência da natureza, ao sentirem a idade
avançando, eles são desculpáveis se cometerem alguma irregularidade ou
intemperança. Na verdade, eles devem comportar-se de acordo com a sua idade,
tanto em relação à saúde quanto a outros aspectos, servindo de conselho e
exemplo para os mais jovens. Graves: a leviandade é imprópria em qualquer
pessoa, mas especialmente nos idosos. Eles devem ser serenos e firmes,
respeitosos no hábito, na conversa e no comportamento. Berrantes no vestir,
levianos e vaidosos no comportamento, como são inconvenientes em sua idade!
Prudentes, moderados e controlados, alguém que controla bem suas paixões e
sentimentos, para não ser arrastado por eles para algo mau ou indecente. Sãos
na fé, sinceros e firmes, constantemente seguindo a verdade do evangelho, não
afeiçoados por novidades, nem dispostos a se envolverem em opiniões corruptas ou
facções, nem dando ouvidos a fábulas ou tradições, ou às caduquices dos
rabinos. Aqueles que estão em boa velhice devem estar cheios da graça e
bondade, onde o homem interior se renova mais e mais à medida que o exterior se
corrompe. Na caridade, ou amor. O amor se une harmoniosamente com a fé, que
opera por amor e deve ser vista em amor, amor por Deus e pelos homens. Esse
amor deve ser sincero, sem dissimulação: amor de Deus por si mesmo e pelos
homens por causa de Deus …” (HENRY, Matthew. op.cit., p.730).
1.3. As mulheres
idosas.
Paulo está a mostrar como a doutrina cristã é igual para
homens e mulheres. A orientação às mulheres começa com as mulheres idosas, que,
como os homens, deveriam ser:
a) Sérias no seu
viver
A mesma sobriedade e equilíbrio que
se exigiam aos idosos eram também requerido às idosas, em mais uma demonstração
de que Deus não faz acepção de pessoas.
As mulheres idosas devem ser santas
e esta santidade exige sobriedade, seriedade no viver. “…Em toda a sua
paciência (não só em seu vestuário – I Tm.2:9), em seu comportamento, as mulheres mais idosas
devem ser reverentes, conduzindo-se como se fossem servas no templo de Deus,
porque na verdade é isso que são!
As mulheres idosas deveriam ser
dignas em suas atitudes. Estas, abrangem todo o ser, a unidade da constituição
interior e da aparência exterior.
b) Não caluniadoras
Dois defeitos têm em relação às mulheres, especialmente as
zelosas; e ambos os defeitos existem nas idosas que, em razão da idade, são
desconfiadas e ciumentas, em razão do sexo…” (AQUINO, Tomás de. op.cit.).
c) não ser dadas a muito vinho
“…Note como não caluniadoras (…) e
‘não escravizadas a muito vinho’ são combinados. Beber vinho e gracejo
malicioso vão juntos. (…). As anciãs, pois, devem ser temperadas, justamente
como os anciãos. Não devem deixar-se escravizar a (…) muito vinho. Ao
contrário, mediante seu exemplo piedoso, devem ser ‘mestras daquilo que é
excelente’ (cfe. I Pe.3:1,2)…” (HENDRIKSEN, William. op.cit., p.445).
Observamos aqui, mais uma vez, que
a expressão “não dadas a muito vinho” não significa uma autorização bíblica
para o consumo de bebidas alcoólicas. O vinho usado aqui, é o suco de uva não
fermentado. As Escrituras são claras a proibir o uso da “bebida forte”
(Lv.10:9; Nm.6:3; Dt.29:6; Pv.20:1; 31:4; Is.5:22; 28:7) , que é o vinho
fermentado, a bebida alcoólica, que, na Antiguidade, tinha um teor alcoólico
bem inferior ao dos vinhos atualmente existentes no mercado, que estão
completamente fora da possibilidade de consumo para um servo do Senhor.
d) “Mestras no bem”
Elas deveriam ser mulheres
exemplares, cuja vida pudesse ser um referencial para as mulheres mais jovens:
“…elas podiam e deviam ensinar, ou seja, pelo exemplo e vida regrada. Observe que:
As mulheres que apresentam comportamento e atitudes santos são mestras do bem; .…”
(HENRY, Matthew. op.cit., p.731).
Através do exemplo, as mulheres
idosas ensinam as mais jovens a serem prudentes, a amarem seus maridos, a
amarem seus filhos (Tt.2:4). O exemplo sempre é um grande professor e, nas
igrejas locais, as mulheres idosas têm de se tornar referências para que as
mais jovens tenham estas importantes qualidades.
As mulheres novas têm que aprender
a ser “moderadas”, palavra que, no original, significa “sensatas”. “… devem
evitar escrupulosamente toda imoralidade de pensamento, palavra e ação…”
(HENDRIKSEN, William. op.cit., p.446).
- As mulheres devem concentrar a
sua atenção nas famílias. Seu papel de mãe e de esposa exigem delas um cuidado
todo especial na administração da casa, é esta a sua principal função na
família. Por isso, o apóstolo diz que elas devem ser “boas donas de casa” e
isto nos faz lembrar a “mulher virtuosa” cantada em Provérbios 31, que enfatiza
este papel da mulher que, assim fazendo, edificará a casa (Pv.14:1).
O apóstolo diz a Tito que as
mulheres devem ser sujeitas a seus maridos e esta sujeição nada tem a ver com o
machismo que se costuma atribuir a este princípio bíblico.
A sujeição de que fala a Bíblia é
bem explicada em Ef.5:22-24, quando o apóstolo Paulo faz um paralelo entre a
sujeição que temos em relação ao Senhor e a sujeição que as mulheres devem ter
em relação a seus maridos. A sujeição nada mais é que a reação à iniciativa
amorosa. Assim como nos sujeitamos a Cristo porque Ele nos amou primeiro (I
Jo.4:19), as mulheres devem se sujeitar a seus maridos se eles demonstrarem
amor por elas. Paulo é bem claro ao dizer que os maridos devem amar suas
mulheres assim como Cristo amou a Igreja e a Si mesmo Se entregou por ela.
A sujeição não é uma demonstração
de inferioridade nem tampouco uma ditadura exercida pelo marido.
1.4. Aos jovens
A virtude fundamental destaca-se
pela ênfase dada à sobriedade e à discrição, como no caso das mulheres jovens
(v. 5). Precisam ter domínio próprio, conter os “desejos da mocidade” (II
Tm.2:22), algo que, também, tem sido contrariado pela mentalidade vigente em
nossos dias, em que se tem um hedonismo, ou seja, um comportamento que
privilegia o prazer, a incontinência. “…Eles têm uma inclinação para serem
ansiosos e fogosos, irrefletidos e precipitados. Portanto, eles devem ser
seriamente exortados a serem ponderados e não tempestuosos; aconselháveis e
submissos, não teimosos e obstinados; humildes e moderados, não arrogantes e
orgulhosos; porque há mais jovens sendo destruídos pelo orgulho do que por
qualquer outro pecado. Os jovens devem ser sérios e sólidos na sua conduta e
nos seus modos, unindo a seriedade da velhice com a vivacidade e o vigor da
mocidade. Isso fará com que esses anos da juventude sejam significativos e
sirvam para uma reflexão tranquila quando chegarem os maus dias. Esse tipo de
atitude impedirá que ocorra muito pecado e tristeza na vida deles e servirá de
fundamento para se fazer muitas coisas boas e se desfrutar delas. Esses jovens
não gemerão no fim, mas terão paz e conforto na morte e depois disso uma coroa
gloriosa de vida.…” (HENRY. Matthew. op.cit., p. 732).
1.5. Os servos
Lembrando aqui o que já havia
ensinado aos efésios, ou seja, que os servos deveriam ser sujeitos a seus
senhores, devendo agradá-los em tudo e não contradizê-los (Tt.2:9).
O apóstolo estava a falar para uma
sociedade em que ainda havia a escravidão e, neste particular, repete o que já
havia ensinado a Timóteo – que a condição do servo não deveria ser confundida
com a de irmão em Cristo que havia, na igreja, pois todos aqueles que estão sob
autoridade na sociedade devem assumir a sua condição de subalternos.
Tito
deveria orientar os servos a serem submissos e a agradar em tudo a seus senhores.
Como diz o
apóstolo Paulo aos efésios, que o
dever que assumimos diante de nossos superiores não deve ser cumprido propriamente
para o superior, mas para Deus (Ef.6:5,6).
Temos de cumprir todas as
obrigações que assumimos diante de nossos superiores, não defraudando
(enganando), mas mostrando toda a boa lealdade, para que sejamos ornamento da
doutrina de Deus, nosso Salvador (Tt.1:10). “…Aos servos duas faltas comuns são
destacadas: não sejam respondões, responder ou discutir; e não furtem, roubar.
Fidelidade é a palavra frequentemente usada para a fé no N.T.…” (HARRISON,
Everett F. op.cit., p.6).
II – EXORTAÇÃO AOS OBREIROS
Agora, Paulo fala a respeito não só
da conduta que Tito deveria ter em Creta, mas de todos aqueles que forem
chamados para o ministério na igreja.
2.1. Deveria se dar por exemplo de boas obras.
O ministro deve ser sempre exemplo
para os fiéis (Fp.3:17; II Ts.3:9; I Tm.4:12; I Pe.5:3). Paulo podia exigir
isto de Tito pois ele era um exemplo para todos os que o acompanhavam (I
Co.11:1).
2.2. Mostrar incorrupção na doutrina.
Deveria ser um fervoroso observador
da Palavra de Deus. O ministro não pode corromper a doutrina, seja
introduzindo, seja retirando elementos que não se encontram nas Escrituras, mas
deve viver o que ensina.
2.3. Apresentar gravidade (seriedade) na doutrina.
“…Eles devem deixar claro que o
intento da pregação deles visa única e exclusivamente promover a honra de Deus,
o interesse de Cristo e o bem-estar e felicidade das almas.
2.4. Mostrar sinceridade na doutrina.
Para poder mostrar a doutrina de
modo incorrupto, grave e sincero, Tito deveria usar linguagem sã e
irrepreensível, para que o adversário se envergonhasse não tendo nenhum mal que
dizer da igreja. O ministro deve ter cuidado com o seu falar, pois a língua é um
membro que resiste ao domínio do Espírito Santo (Tg.3:6).
É preciso que o ministro procure
sempre apresentar uma linguagem sadia, acima de qualquer censura.
CONCLUSÃO
O líder precisa ser exemplo. Se Deus nos confiou autoridade
e responsabilidade, precisamos ter uma vida irrepreensível. Ser irrepreensível
não significa ser perfeito, dessa forma nenhum ser humano poderia assumir tal
posição. Ser irrepreensível significa ter um padrão de conduta elevado e
maduro, segundo os princípios bíblicos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Online.
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo
Plenitude.
Dicionário online de
Português.
Dicionário wycliffe.
Comentário Bíblico do Novo
Testamento - Beacon.
Lições Bíblicas CPAD – 3º Trimestre – 2015.
Revista Ensinador
Cristão – nº 64 – CPAD.
As Ordenanças de Cristo nas Cartas
Pastorais. Elinaldo Renovato de Lima. CPAD.
Portal
EBD – Dr. Caramuru Afonso Francisco.
Blogger do professor Luciano de Paula Lourenço
Consultas
a sites de Estudos Bíblicos.
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