domingo, 13 de setembro de 2015

A ORGANIZAÇÃO DE UMA IGREJA LOCAL



3º TRIM. 2015 – LIÇÃO Nº 11 – A ORGANIZAÇÃO DE UMA IGREJA LOCAL

A Igreja e o seu Testemunho – As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais

     
INTRODUÇÃO
Seguindo o estudo do trimestre, iniciaremos a Epístola de Paulo a Tito, onde estaremos estudando o seu primeiro capítulo.
Timóteo recebeu a incumbência de exortar uma igreja que estava sofrendo com os ataques dos falsos mestres. A missão de Tito era semelhante a de Timóteo, mas com um encargo a mais: que foi o de estabelecer presbíteros, “em cada cidade”, pondo “em ordem” a igreja. Portanto, Paulo mostra que não era apenas pregador, ensinador e “doutor dos gentios”, mas também um administrador eclesiástico.

I – SOBRE TITO
Tito era um dos principais cooperadores de Paulo (II Co.8:23), um gentio que havia se convertido a Cristo e passado a auxiliar o apóstolo (Gl.2:3). Era um auxiliar tão importante, que foi levado por Paulo e Barnabé para participar do concílio de Jerusalém (Gl.2:1), tendo sido mesmo um exemplo, uma referência de que os gentios não deviam se circuncidar e que não estavam obrigados a seguir a lei de Moisés (Gl.2:3).
Pelo que se verifica das Escrituras, Tito era um cooperador a quem o apóstolo Paulo sempre incumbia de missões especiais nas igrejas que haviam sido fundadas por ele, como em Corinto, para onde Tito foi enviado muito provavelmente assim que Paulo teve notícia de irregularidades naquela igreja (II Co.2:13; 7:6,13,14) e também para realizar a coleta em favor dos pobres de Jerusalém (II Co.8:6; 12:18). Foi, também, mandado para pôr em ordem as igrejas de Creta (Tt.1:5) e, por fim, foi mandado para a Dalmácia, quando Paulo estava preso pela segunda vez (II Tm.4:10).

OBS: Concílio de Jerusalém (descrito em Atos dos Apóstolos 15: 6-29).                  
Foi a reunião das principais lideranças das comunidades cristãs, em Jerusalém,quando discutiram a questão da necessidade ou não da circuncisão aos cristãos de origem não judaica. 
Quando a Boa Nova foi  anunciada aos gentios  e estes fizeram sua opção de fé, a Jesus Cristo, como o Filho de Deus, e depois  de  batizados, passavam a  conviver  também com os cristãos de origem judaica, que eram circuncidados, isso poderia ser um problema. Alguns cristãos de origem judaica entenderam que os gentios que se tornavam cristãos, também precisavam ser circuncidados e, por isso, a reunião em Jerusalém das principais lideranças cristãs, para decidir a respeito do assunto.

II – A CARTA DE PAULO A TITO
Esta carta foi escrita na mesma época em que a primeira carta a Timóteo foi escrita, ou seja, após o apóstolo ser solto de sua primeira prisão em Roma.
Pelo que podemos perceber nesta epístola, os cristãos viviam um estado de completa desorganização. Após ir a Filipos, Paulo foi com Tito para a ilha de Creta, a fim de organizar as igrejas locais ali existentes.
Depois de deixá-lo em Creta, Paulo sentiu a responsabilidade de escrevê-lo uma carta, dando-lhe orientações de como proceder em tal missão de organização dessas igrejas.

2.1. SAUDAÇÕES INICIAIS DE PAULO A TITO
A saudação inicial desta carta é a mais longa das cartas de Paulo (Tt. 1:1-4), com exceção da carta aos Romanos (Rm. 1:1-7). Tem-se aqui uma verdadeira “confissão apostólica”, onde Paulo, em termos concisos, como que explica a natureza e a própria razão de ser não só de seu ministério mas de toda a vida cristã.
No início desta carta, diferente das outras epístolas, Paulo apresenta-se como “servo de Deus”.  
“...O título “servo de Deus” é antigo, sendo usado somente para os profetas, para Abraão, Moisés, Davi: II Sm. 7:5; Sl.105:42; Dn.9:11. Por meio desse título (incomum para o NT) Paulo se posiciona ao lado dos patriarcas e profetas. Além de “servo de Deus”, Paulo apresenta-se como apóstolo de Jesus Cristo, mesmo nome com que se apresenta nas outras duas cartas pastorais (I Tm.1:1; II Tm.1:1), a demonstrar que as orientações que estava a dar a seus cooperadores decorria de exigências e da responsabilidade de seu ministério apostólico.
Este ministério apostólico era exercido segundo a fé dos eleitos de Deus e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade (compaixão) - Tt.1:1. 
Paulo mostra a razão de ser do ministério: promover a fé dos salvos em Cristo Jesus, fazer - lhes conhecer a verdade, que são as Escrituras Sagradas (Jo.17:17) e transformar a vida de cada um dos membros da igreja local numa vida de virtude cristã, numa real vida de dedicação e comunhão com Deus.
Paulo identifica Tito como seu verdadeiro filho, mostrando que tinha uma relação paternal para com seus cooperadores, pois da mesma forma, se dirige também a Timóteo. Embora Tito (extrovertido e alegre – 2 Co. 7:13) e Timóteo (Tímido – 2 Tm. 1:7, emotivo – 2 Tm. 1:4 e pouca eloquência) fossem bem diferentes, é certo que Paulo tratava a ambos como filhos, sem qualquer predileção, mesmo comportamento que devem ter os ministros nas igrejas locais.
Como em todas as cartas pastorais, o apóstolo usa na saudação da epístola a Tito, as expressões “graça, misericórdia e paz”, como a lembrar aos ministros que, além da graça e da paz é preciso lembrar, também, da misericórdia, pois, no exercício do ministério, é fundamental que se ponha a bondade de Deus em ação, que é o que significa a misericórdia.
III – A RESPONSABILIDADE DE ORGANIZAR A IGREJA DE CRETA E COMBATER FALSOS DOUTORES
Depois da longa saudação, o apóstolo Paulo explica os motivos pelos quais estava a escrever esta epístola, qual seja, dar orientações a Tito de como deveria proceder para cumprir a missão de pôr em boa ordem a situação de anarquia, de falta de governo que as igrejas locais em Creta estavam passando e que de, cidade em cidade, estabelecesse presbíteros como já mandara (Tt.1:5).
Esta determinação de Paulo mostra-nos que a igreja local precisa ser devidamente organizada e que o governo na igreja é uma exigência do próprio Senhor Jesus, não havendo qualquer cabimento para se defender que, como Cristo é a cabeça da Igreja (Ef.1:22; 5:23), não haja qualquer necessidade de lideranças humanas. Os chamados “desigrejados”, têm aumentado na atualidade. São pessoas arrogantes e soberbas, que se acham superiores a todos os demais e que admitem não pertencer a uma igreja local, achando que podem apascentar a si mesmas, o que contraria completamente o que se encontra nas Escrituras Sagradas. Os cretenses pareciam ser pessoas desta mesma índole, pois não havia qualquer governo nas igrejas locais. Não haviam sido separados presbíteros e a obra de Deus em Creta estava prejudicada. Então, Paulo dá a Tito as qualificações que devem ter estes presbíteros a serem postos em cada igreja local de cada cidade de Creta, qualificações que são bem similares às que Paulo dá em sua primeira epístola a Timóteo. Por isto, não nos deteremos na sua explicação, apenas, observaremos que Paulo chama os presbíteros de “despenseiros da casa de Deus”, mesma expressão que utilizara em I Co.4:1, lembrando que os presbíteros são ministros de Cristo e que, como tal, devem ser fiéis na distribuição do “alimento espiritual” (a Palavra de Deus) que é a sua missão primordial.
Após apresentar as qualificações necessárias para a escolha ao exercício do ministério pastoral, Paulo lembra que os ministros devem reter firmes a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que possam ser poderosos (Tt.1:9).
Um ministro somente terá autoridade se ele for alguém que pratique e viva a Palavra de Deus, que não a distorça e não apenas ensine-a.O ministro deve ser o primeiro a seguir a Palavra e a mostrar através de suas obras, a fé que tem nas Escrituras Sagradas. Deve ser um homem piedoso, um homem sincero, reto, temente a Deus e que se desvia do mal. Deve ter uma vida de meditação nas Escrituras, oração e jejum, pois, assim, receberá da parte de Deus autoridade e poder, que será evidenciada através de uma pregação em que se sentirá a unção do Espírito Santo, bem como a realização de sinais, prodígios e maravilhas. Os apóstolos vivenciavam esta realidade (At.5:12), inclusive o apóstolo (I Co.2:4,5; I Ts.1:5).
Um ministro de Cristo não pode apenas falar bem, ou ser um bom administrador, mas deve ser alguém que tenham intimidade com Deus e que mostre esta intimidade na condução do rebanho do Senhor. Mas em nos dias atuais, há muitos que estão no ministério por causa de sua capacidade administrativa, embora nada apresentem em termos espirituais. Não era este tipo de gente que Tito deveria colocar à frente de cada igreja local nas cidades de Creta, pois esta, estava vivendo a perturbação doutrinária dos crentes judaizantes e não poderia pôr à frente das igrejas locais pessoas que não tivessem intimidade com o Senhor, mas pessoas que pudessem não só ensinar a verdadeira doutrina aos crentes fiéis, como também trazer de volta à fé aos que estavam a contradizer a própria Palavra de Deus.
Logo, o apóstolo passa a descrever como eram os “falsos mestres” que estavam perturbando os cristãos em Creta.
1) “Desordenados”, ou seja, desobedientes à Palavra de Deus.
Buscam satisfazer os seus próprios interesses através de “inovações”, atraindo pessoas que lhes seguem, obtendo, com isso, posição social, fama, popularidade, perturbando a fé daqueles que estão a servir Cristo Jesus.
2) “faladores”, ou seja, preocupavam-se com o uso de palavras para convencer os seus ouvintes, exatamente como fazem os falsos pregadores da atualidade.
3) “vãos”, ou seja, vazios espiritualmente.
Não apresentam a excelência do poder de Deus nem em suas vidas nem tampouco em suas palavras.
4) “Enganadores”, ou seja, enganando e sendo enganados” (II Tm. 3:13).
Crêem estarem no caminho certo, iludidos por Satanás, que usa outros homens para fazê-los acreditar que são homens de Deus.
Entre os falsos mestres, os que tinham maior notoriedade em Creta, eram os judaizantes, aqueles que defendiam o “partido da circuncisão” (Tt.1:10), e que, por estarem ainda a defender esta posição, mesmo diante das deliberações do concílio de Jerusalém, que ocorrera quase que quinze anos antes destes fatos (e no qual Tito tomara parte), revelava quão desobedientes eram eles, que simplesmente se recusavam a acatar as deliberações tomadas pela liderança da Igreja, deliberações que não eram fruto da vontade dos apóstolos e anciãos, mas, sim, do Espírito Santo (At.15:28).
OBS: Falar sobre esse grupo na atualidade.
Paulo manda que Tito os combata e coloque nas cidades cretenses obreiros que os contradigam.
A atitude a ser tomada com estes falsos mestres, era tapar-lhes a boca, impedindo que tivessem espaço nas igrejas locais para ensinarem ou pregarem as suas falsas doutrinas. Por serem fingidos e espertos, gostavam de ir aos lares, transtornando casas inteiras com seus inconvenientes ensinos, movidos quase sempre por ganância (Tt.1:11).

CONCLUSÃO
Tais circunstâncias não deveriam intimidar Tito, igualmente a nós, nestes últimos dias da dispensação da graça. Devemos levar o Evangelho, a genuína e autêntica Palavra de Deus, denunciando o pecado e pondo em ordem as igrejas locais para que possamos cumprir o nosso papel de sal da Terra e luz do mundo (Mt.5:13-16), de sermos astros em meio a uma geração perversa (Fp.2:15).


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Online.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Plenitude.
Dicionário online de Português.
Dicionário wycliffe.
Pequena Enciclopédia Bíblica – Orlando Boyer – IBAD.
Lições Bíblicas CPAD – 3º Trimestre – 2015.
Revista Ensinador Cristão – nº 64 – CPAD.
As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Elinaldo Renovato de Lima. CPAD.
Portal EBD – Dr. Caramuru Afonso Francisco.
                  EV. Luiz Henrique de Almeida Silva.
Consultas a sites de Estudos Bíblicos.


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