domingo, 27 de setembro de 2015

A MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA DA SALVAÇÃO



3º TRIM. 2015 – LIÇÃO Nº 13 – A MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA DA SALVAÇÃO

A Igreja e o seu Testemunho – As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais


INTRODUÇÃO

Estamos encerrando o terceiro trimestre letivo, onde estudamos as cartas pastorais do apóstolo Paulo (I Timóteo, II Timóteo e Tito). Nesta última lição, estaremos analisando a parte final do capítulo 2 e o capítulo 3 da Epístola de Paulo a Tito (Tt.2:11-3:15).
Depois que o apóstolo Paulo disse como Tito e os segmentos das igrejas de Creta deveriam se comportar, Paulo diz porque Tito e os crentes poderiam ter uma conduta diferente daqueles que não conheciam a Deus, isto: “porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt.2:11).
Além de mostrar a causa de podermos agradar a Deus, que se encontra no Senhor e não em nós mesmos, mostra-nos que Jesus veio salvar a todos.

I – A MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA DE DEUS

1.1. Definição de graça.
Hessed”, no hebraico; “charis”, no grego; “gratia”, no latim, tem o sentido de ser um favor imerecido concedido por Deus à humanidade. Imerecido, porque o homem perdeu todo e qualquer direito, ou privilégio junto ao seu Criador, por causa do pecado.

Não é possível ao homem ter uma conduta de acordo com a vontade de Deus, por suas próprias forças ou agradar a Deus por seus próprios méritos. Isto só é possível porque a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens. A salvação tem origem em Deus e jamais o homem poderá salvar-se por si próprio.
Na verdade, nem todos se salvarão, isto não se deve a uma “limitação” da redenção, como ensinam os teóricos da predestinação, mas, porque Deus fez o homem com o livre-arbítrio.
Deixou cada ser humano escolher entre servir, ou não ao Senhor, crer, ou não, em Cristo Jesus.
A graça de Deus veio ao homem através de Cristo Jesus (Jo.1:17).
A graça nos ensina que devemos renunciar à impiedade e às concupiscências mundanas, vivendo neste presente século sóbria, justa e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo (Tt.2:12,13).
Nesta afirmação, o apóstolo Paulo faz como que um resumo da vida cristã. Vamos analisar:

a) A graça de Deus faz com que o homem renuncie à impiedade.
Não há como alcançar a salvação se não renunciarmos à impiedade, ao pecado.
Jesus nos ensinou que, para segui-l’O, devemos negar a nós mesmos (Mt.16:24; Mc.8:34; Lc.9:23).
Quando a graça de Deus alcança a vida de alguém, ela deixa de pecar, abandona o pecado, passa a viver separada do pecado. Como diz o salmista: “…a santidade convém à Tua casa, Senhor, para sempre” (Sl.93:5b).
Como a casa do Senhor somos nós (Hb.3:6), devemos ser santos, separados do pecado.
Quando a graça de Deus alcança a vida de alguém, ela também:

b) Renuncia às concupiscências (desejos) mundanas.
O salvo não dá lugar à carne, à sua natureza pecaminosa. A sua velha natureza está crucificada com Cristo, não mais vive ele, mas sim, Cristo (Gl.2:20).
Não podemos permitir que o velho homem, a carne prevaleça em nossas vidas, pois “…a inclinação da carne é morte (…) a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto os que estão na carne não podem agradar a Deus” (Rm.8:6,7).
Esta realidade espiritual é figurada no batismo nas águas. No momento que alguém declara publicamente que foi salva por Jesus, imerge nas águas, a indicar que o velho homem foi sepultado e que, agora, vive um novo homem, que ressuscitou com Cristo e que somente fará o que Deus quiser que se faça dali para a frente, uma “nova criatura” que andará em novidade de vida (Rm.6:3-10). Algo que se inicia no interior do ser humano. A graça de Deus não se limita a alterar o interior, manifestando-se exteriormente para todos os homens, através de

c) Uma Vida sóbria.
Neste mundo, portanto, temos de ser diferentes dos que não conhecem a Deus. Quem é salvo pratica boas obras e, por isso, tem uma vida sóbria, ou seja, uma vida equilibrada, que não se deixa embriagar com as coisas desta vida, que não se deixa iludir com este mundo, sabendo que tudo aqui é passageiro e que não podemos nos prender a ele. Quem tem uma vida sóbria busca as coisas que são de cima (Cl.3:1-3), dá prioridade ao reino de Deus e sua justiça (Mt.6:33), enche-se do Espírito Santo (Ef.5:18) e entende que a sua vida só tem sentido para glorificar o nome do Senhor, seguindo o exemplo de Cristo (Jo.17:4).

d) Justa.
Ou seja, uma vida de acordo com a Palavra de Deus, pois ela é a reta justiça (Jo.7:24). Esta justiça não provém do homem, mas de Deus, que é a justiça nossa (Jr.23:6), pois é Deus quem nos justifica, quem nos torna justos (Rm.8:33). Esta justificação vem-nos pela fé em Cristo Jesus (Rm.5:1). Justificação não nos faz justos, mas declara nossa justiça. Nossa justiça vem de colocarmos nossa fé no trabalho completo de Jesus Cristo. Seu sacrifício cobre o nosso pecado, permitindo com que Deus nos veja como perfeitos e sem qualquer mancha.

e) Uma vida pia.
Ou seja, uma vida piedosa, uma vida caracterizada pela prática do bem, pelo amor ao próximo.

Além de operar uma transformação interior, Deus também faz com que passemos a ter a

f) Esperança da vinda de Cristo.
O apóstolo afirma que o salvo aguarda a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo.
O verdadeiro, genuíno e autêntico servo de Deus espera o retorno de Cristo, ama a vinda do Senhor (II Tm.4:8), a todo momento está em comunhão com o Espírito Santo e pede a volta do Senhor Jesus (Ap.22:17). Era este o desejo do apóstolo Paulo (I Co.16:22).
 Era isto que Tito deveria pregar em Creta e estabelecer presbíteros que também pregassem esta mensagem. Pregar o Evangelho é dizer que Jesus veio a este mundo para nos salvar e purificar para Si um povo Seu especial, zeloso de boas obras.

II – A CONDUTA DO SALVO
No capítulo 3, Paulo trata do dever do cristão em relação ao mundo, faz um breve comentário sobre seu relacionamento com o poder civil e o ambiente pagão em geral (do nosso correto relacionamento com as autoridades, com o próximo e com Deus).

2.1. Sujeição às autoridades (Tt 3:1).
Lembra-lhes que se sujeitem aos que governam, às autoridades sejam obedientes estejam prontos para toda boa obra...”.
Paulo pede a Tito para lembrar aos cristãos das assembleias de Creta as responsabilidades em relação ao governo deles. A Palavra ensina que todos os governos são ordenados por Deus (Rm 13:1).
O cristão precisa se conscientizar de que ele tem dupla cidadania: é cidadão do Céu e também do mundo. Ele deve obediência a Deus e também às autoridades constituídas. Duas coisas são exigidas do cristão em relação às autoridades:

a) Submissão (Tt 3.1).
Aqueles que governam são autoridades constituídas pelo próprio Deus e devem ser respeitados. O cristão deve ser um cidadão exemplar, estando pronto para toda boa obra. Ele não é um problema para a sociedade, mas um benfeitor. O cristão deve cumprir as leis e instruções das autoridades civis e pagar seus impostos com fidelidade (Rm 13:6).

b) Obediência (Tt 3:1).
A obediência civil é responsabilidade do cristão. Ele não pode ser desordeiro, nem agitador social, uma vez que resistir à autoridade é revoltar-se contra o próprio Deus que permitiu que este assumisse o cargo de autoridade.
Mas, a obediência civil tem limites. O Estado não é dono da consciência de ninguém. Se um governo determina que o cristão desobedeça a Deus, então ele deve se opor, sob o principio de Atos 5:20.

2.2. O relacionamento do cristão (Tt 3:2).
“Que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda a mansidão para com todos os homens”.

Paulo nos ensina que o cristão deve relacionar-se bem com todos os membros da comunidade. Devemos ter relacionamentos corretos não apenas dentro da igreja, mas também fora dela e com os não-crentes.
O apóstolo Paulo menciona quatro atitudes que um cristão deve cultivar:

a) não difamar a ninguém.
Não destruir a reputação das pessoas. A difamação é um assassinato moral. É usar a espada da língua para ferir e destruir a reputação das pessoas. O cristão não deve caluniar ninguém. Aqueles que foram alvos da benignidade de Deus não podem ser instrumentos de maldade para ferir as pessoas.

b) não ser contencioso, "nem sejam altercadores".
Altercar é criar confusão, provocar contendas, envolver-se em discussões que ferem as pessoas e destroem os relacionamentos. Devemos usar o diálogo em vez de sermos geradores de conflitos.

c) não cavar abismos
Mas construir pontes de contato com as pessoas. O cristão precisa ser uma pessoa moderada. Sua língua deve ser bênção e não maldição. Precisamos tratar uns aos outros com dignidade e respeito. Precisamos viver em paz uns com os outros.

d) “... mostrando toda mansidão para com todos os homens”. A mansidão não é um atributo natural. Ser manso não é ser frouxo ou ficar impassível diante dos problemas. Ser manso não é ser tímido ou covarde. Não é manter a paz a qualquer custo. Uma pessoa mansa é aquela que entregou seus direitos a Deus,por isso, mantém-se tranquilo.

Em Tito 3:3, Paulo faz um diagnóstico da nossa condição antes de sermos salvos:
Ele diz a Tito que, antes da salvação, éramos ”… insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros, mas, quando apareceu a benignidade e a caridade de Deus, nosso Salvador, para com os homens, não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a Sua misericórdia, fomos salvos pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, que abundantemente Ele derramou sobre nós por Jesus Cristo, nosso Salvador, para que, justificados pela Sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna” (Tt.3:3-7).

Vejamos:
1) Insensatez.
Nossa mente estava corrompida pelo pecado. A estultícia e a imprudência marcavam a nossa vida. Nossos conceitos estavam errados, nossos valores distorcidos e nossos desejos corrompidos.

2) Desobediência.
Nosso coração era indisciplinado e rebelde à autoridade divina e humana. Nossa inclinação era toda para o mal.

3) Extraviado.
Sem Deus e sem a salvação, o homem é um perdido.

4) Servindo a “várias concupiscências e deleites”.


Éramos escravos de toda sorte de paixões e prazeres carnais.

5) Vivendo em Malícia e inveja.
Nossa mente era cheia de maldade e sujeira. A malícia ou maldade é o que se faz quando se deseja o mal a alguém; a inveja é ressentir-se e desejar o bem que outros têm.

6) Odiosos.
Quando o nosso relacionamento com Deus está rompido, não conseguimos conviver conosco nem com as outras pessoas.

Mais uma vez o apóstolo enfatiza que a modificação da conduta do homem, que o torna santo e nova criatura, é resultado único e exclusivo da graça de Deus, da “benignidade e caridade de Deus, para com os homens”. Somente alcançamos a santidade porque fomos salvos pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo, porque nascemos da água e do Espírito (Jo.3:5). Para vermos o reino de Deus, faz-se necessário nascer de novo (Jo.3:3).

Vamos entender?
Primeiro o homem precisa da Palavra de Deus para que possa crer e para crer, primeiro é preciso ouvir acerca da fé (evangelho) que é poder de Deus. Portanto, ao escrever a Tito, Paulo demonstra que Deus lava e renova o homem por meio da sua Palavra e do seu Espírito.

2.3. A prática das boas obras (Tt 3:8).
Fiel é a palavra, e isto quero que deveras afirmes, para que os que creem em Deus procurem aplicar-se às boas obras; estas coisas são boas e proveitosas aos homens”.

Todos aqueles que creem em Deus procuram aplicar-se às boas obras. As boas obras não são a causa, mas a evidência da salvação. Não somos salvos pelas boas obras, mas para as boas obras. Não são as nossas boas obras que nos levam para o céu; nós é que as levamos para o céu.

2.4. Como tratar com os hereges (Tt 3:10,11). 
Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está pervertido e peca, estando já em si mesmo condenado”.

Um herege é uma pessoa que decidiu que está certa e todos os demais estão errados. Tito deveria evitar pessoas que gostavam de criar partidos dentro da igreja e semear heresia, e discórdia. Nada machuca mais a igreja do que aqueles que se apartam da verdade e vivem criando mal-estar, ferindo a comunhão, falando mal das pessoas e denegrindo sua honra.
Paulo ensina que não devemos nos envolver com as discussões tolas dos falsos mestres. As pessoas que estão ocupadas fazendo a obra do Senhor não têm tempo para discussões inúteis. Infelizmente, muitos acabam dando atenção aos ensinos que são contrários a Palavra de Deus e acabam tendo um fim trágico: a apostasia.

CONCLUSÃO
“A graça seja com vós todos. Amém!” (Tt 3:15).
Paulo termina a Epístola pastoral de Tito rogando a graça de Deus sobre todos os crentes. A graça é a fonte da vida, é melhor do que a vida. Por ela somos salvos, por ela vivemos e por ela entraremos no céu.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Online.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Plenitude.
Dicionário online de Português.
Dicionário de Bíblia, Teologia e Filosofia – R.N. CHAMPLIN.
Dicionário wycliffe.


Dicionário Teológico – Claudionor Corrê Andrade – CPAD.
Pequena Enciclopédia Bíblica – Orlando Boyer – IBAD.
Lições Bíblicas CPAD – 3º Trimestre – 2015.
Revista Ensinador Cristão – nº 64 – CPAD.
As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Elinaldo Renovato de Lima. CPAD.
Portal EBD – Dr. Caramuru Afonso Francisco.
                  EV. Luiz Henrique de Almeida Silva.
Portal da Teologia: http://www.institutogamaliel.com/portaldateologia
Consultas a sites de Estudos Bíblicos.
  

sábado, 19 de setembro de 2015

EXORTAÇÕES GERAIS



3º TRIM. 2015 – LIÇÃO Nº 12 – EXORTAÇÕES GERAIS

A Igreja e o seu Testemunho – As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais

      
INTRODUÇÃO
Continuando o estudo da Epístola de Paulo a Tito, estaremos analisando a primeira parte do segundo capítulo. O texto em estudo, revela quanto o apóstolo Paulo era cuidadoso com a igreja local e que se preocupava com a doutrina, com o ensino, com as exortações de caráter espiritual propriamente dito. Paulo, mais uma vez, em uma carta, tece considerações e ensinos sobre diversas faixas etárias de crentes em Jesus. Já fizera recomendações semelhantes em sua primeira carta a Timóteo (5:1,2), agora, o apóstolo dá   orientações a Tito a respeito do comportamento que deveriam ter os diversos membros da igreja local, bem como a conduta que deveria ser seguida pelos pastores, responsáveis pelo rebanho do Senhor.

I – EXORTAÇÕES AOS DIVERSOS MEMBROS DA IGREJA
A igreja local, como já vimos, quando estudamos as cartas a Timóteo, é uma diversidade, isto é, um grupo social heterogêneo. Por isso, não pode ser tratada de maneira uniforme, como se todos os crentes fossem apenas números. Pois cada um é um indivíduo, alguém que não pode ser reduzido a outro, uma singularidade criada por Deus. Portanto, a primeira exortação feita pelo apóstolo Paulo diz respeito:

1.1. Ao próprio Tito.
Depois de ter orientado seu cooperador a não dar espaço aos falsos mestres, o apóstolo diz a seu filho na fé pra falar o que convêm à sã doutrina (Tt. 2:1).
A igreja local não pode viver apenas do evitar ouvir o que não convém, mas precisa se alimentar da Palavra de Deus (Mt.4:4; Lc.4:4).

OBS: “…O que contradiz a sã doutrina deve ser coibido, o que lhe corresponde deve ser favorecido. Pessoas convalescerão e amadurecerão quando aprenderem a reconhecer e praticar a vontade de Deus. Adoecerão na fé quando agirem ignorando as orientações de Deus, e igualmente quando mesmo conhecendo a vontade de Deus não a cumprirem.…’ (BÜRKI, Hans. Tito Comentário Esperança. Trad. de Werner Fuchs, p.15).

O apóstolo Paulo insiste em suas cartas pastorais, a respeito da extrema necessidade de priorizar a Palavra na Igreja, pois é a Palavra que transmite a fé para os incrédulos alcançarem a salvação, faz com que os crentes se santifiquem e cresçam espiritualmente, indo em direção à glorificação, quando alcançarão a estatura completa de Cristo, a estatura de varão perfeito (Jo.17:17; Hb.12:14; Ef.4:11-13).
OBS: “…Específica e particularmente, ele instrui Tito a aplicar essa sã doutrina às diversas classes de pessoas (v. 2-10). Os ministros não devem ficar nas generalidades, mas devem dar a cada um a sua porção, o que pertence à sua idade, ou lugar, ou condição de vida. Eles devem ser específicos e práticos em sua pregação. Eles devem ensinar os deveres às pessoas de modo geral, mas também especificamente a cada um…” (HENRY, Matthew. op.cit., p.730).
Contudo, Paulo nos mostra que as “cartas pastorais” não se dirigem apenas aos pastores, aos obreiros, mas também a todos os membros.
1.2. Aos idosos.
Por terem mais experiência de vida, devem ser referenciais para toda a membresia da igreja, por isso, a conduta deve ser exemplar, para que possam ser seguidos pelas novas gerações que virão.
Paulo diz a Tito que deveria orientar as pessoas idosas de forma que elas fossem sóbrias, graves, prudentes, sãs na fé, na caridade e na paciência (Tt.2:2).

a) Sóbrias
Devemos entender o termo “sóbrios” no sentido de temperantes ou moderados; isto em relação ao uso do vinho, mas também na atitude em todos os prazeres da vida (incluindo gostos e hábitos).


b) Graves
Sugere seriedade de propósito (seriedade x carranca), dignos de confiança e respeito (na conversa e no comportamento).

c) Prudentes
Significa autodisciplinados, sensatos, que tenham autodomínio, ou seja, homens de juízo maduro e que saibam refrear-se.

d) Sãos na fé, na caridade (amor) e na paciência
Estas virtudes cristãs também constam em I Co. 13:13 (fé, esperança e amor), mas com a substituição da esperança  por paciência. Talvez pensando na esperança inclusa na fé, ou pode ser que ele coloque  a paciência no lugar da esperança.
Sadios (…) não mórbidos, que comuniquem saúde: que em toda a direção difundam saúde moral e espiritual. Essa saúde deve ser demonstrada em relação à fé, ao amor e à paciência…”

“…Velhos discípulos de Cristo devem conduzir-se de acordo com a doutrina cristã. Eles não podem achar que com a decadência da natureza, ao sentirem a idade avançando, eles são desculpáveis se cometerem alguma irregularidade ou intemperança. Na verdade, eles devem comportar-se de acordo com a sua idade, tanto em relação à saúde quanto a outros aspectos, servindo de conselho e exemplo para os mais jovens. Graves: a leviandade é imprópria em qualquer pessoa, mas especialmente nos idosos. Eles devem ser serenos e firmes, respeitosos no hábito, na conversa e no comportamento. Berrantes no vestir, levianos e vaidosos no comportamento, como são inconvenientes em sua idade! Prudentes, moderados e controlados, alguém que controla bem suas paixões e sentimentos, para não ser arrastado por eles para algo mau ou indecente. Sãos na fé, sinceros e firmes, constantemente seguindo a verdade do evangelho, não afeiçoados por novidades, nem dispostos a se envolverem em opiniões corruptas ou facções, nem dando ouvidos a fábulas ou tradições, ou às caduquices dos rabinos. Aqueles que estão em boa velhice devem estar cheios da graça e bondade, onde o homem interior se renova mais e mais à medida que o exterior se corrompe. Na caridade, ou amor. O amor se une harmoniosamente com a fé, que opera por amor e deve ser vista em amor, amor por Deus e pelos homens. Esse amor deve ser sincero, sem dissimulação: amor de Deus por si mesmo e pelos homens por causa de Deus …” (HENRY, Matthew. op.cit., p.730).

1.3. As mulheres idosas.
Paulo está a mostrar como a doutrina cristã é igual para homens e mulheres. A orientação às mulheres começa com as mulheres idosas, que, como os homens, deveriam ser:

a) Sérias no seu viver
A mesma sobriedade e equilíbrio que se exigiam aos idosos eram também requerido às idosas, em mais uma demonstração de que Deus não faz acepção de pessoas.
As mulheres idosas devem ser santas e esta santidade exige sobriedade, seriedade no viver. “…Em toda a sua paciência (não só em seu vestuário – I Tm.2:9),  em seu comportamento, as mulheres mais idosas devem ser reverentes, conduzindo-se como se fossem servas no templo de Deus, porque na verdade é isso que são!
As mulheres idosas deveriam ser dignas em suas atitudes. Estas, abrangem todo o ser, a unidade da constituição interior e da aparência exterior.

b) Não caluniadoras
Dois defeitos têm em relação às mulheres, especialmente as zelosas; e ambos os defeitos existem nas idosas que, em razão da idade, são desconfiadas e ciumentas, em razão do sexo…” (AQUINO, Tomás de. op.cit.).

c) não ser dadas a muito vinho
“…Note como não caluniadoras (…) e ‘não escravizadas a muito vinho’ são combinados. Beber vinho e gracejo malicioso vão juntos. (…). As anciãs, pois, devem ser temperadas, justamente como os anciãos. Não devem deixar-se escravizar a (…) muito vinho. Ao contrário, mediante seu exemplo piedoso, devem ser ‘mestras daquilo que é excelente’ (cfe. I Pe.3:1,2)…” (HENDRIKSEN, William. op.cit., p.445).

Observamos aqui, mais uma vez, que a expressão “não dadas a muito vinho” não significa uma autorização bíblica para o consumo de bebidas alcoólicas. O vinho usado aqui, é o suco de uva não fermentado. As Escrituras são claras a proibir o uso da “bebida forte” (Lv.10:9; Nm.6:3; Dt.29:6; Pv.20:1; 31:4; Is.5:22; 28:7) , que é o vinho fermentado, a bebida alcoólica, que, na Antiguidade, tinha um teor alcoólico bem inferior ao dos vinhos atualmente existentes no mercado, que estão completamente fora da possibilidade de consumo para um servo do Senhor.

d) “Mestras no bem”
Elas deveriam ser mulheres exemplares, cuja vida pudesse ser um referencial para as mulheres mais jovens: “…elas podiam e deviam ensinar, ou seja, pelo exemplo e vida regrada. Observe que: As mulheres que apresentam comportamento e atitudes santos são mestras do bem; .…” (HENRY, Matthew. op.cit., p.731).
Através do exemplo, as mulheres idosas ensinam as mais jovens a serem prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos (Tt.2:4). O exemplo sempre é um grande professor e, nas igrejas locais, as mulheres idosas têm de se tornar referências para que as mais jovens tenham estas importantes qualidades.
As mulheres novas têm que aprender a ser “moderadas”, palavra que, no original, significa “sensatas”. “… devem evitar escrupulosamente toda imoralidade de pensamento, palavra e ação…” (HENDRIKSEN, William. op.cit., p.446).
- As mulheres devem concentrar a sua atenção nas famílias. Seu papel de mãe e de esposa exigem delas um cuidado todo especial na administração da casa, é esta a sua principal função na família. Por isso, o apóstolo diz que elas devem ser “boas donas de casa” e isto nos faz lembrar a “mulher virtuosa” cantada em Provérbios 31, que enfatiza este papel da mulher que, assim fazendo, edificará a casa (Pv.14:1).
O apóstolo diz a Tito que as mulheres devem ser sujeitas a seus maridos e esta sujeição nada tem a ver com o machismo que se costuma atribuir a este princípio bíblico.
A sujeição de que fala a Bíblia é bem explicada em Ef.5:22-24, quando o apóstolo Paulo faz um paralelo entre a sujeição que temos em relação ao Senhor e a sujeição que as mulheres devem ter em relação a seus maridos. A sujeição nada mais é que a reação à iniciativa amorosa. Assim como nos sujeitamos a Cristo porque Ele nos amou primeiro (I Jo.4:19), as mulheres devem se sujeitar a seus maridos se eles demonstrarem amor por elas. Paulo é bem claro ao dizer que os maridos devem amar suas mulheres assim como Cristo amou a Igreja e a Si mesmo Se entregou por ela.
A sujeição não é uma demonstração de inferioridade nem tampouco uma ditadura exercida pelo marido.

1.4. Aos jovens
A virtude fundamental destaca-se pela ênfase dada à sobriedade e à discrição, como no caso das mulheres jovens (v. 5). Precisam ter domínio próprio, conter os “desejos da mocidade” (II Tm.2:22), algo que, também, tem sido contrariado pela mentalidade vigente em nossos dias, em que se tem um hedonismo, ou seja, um comportamento que privilegia o prazer, a incontinência. “…Eles têm uma inclinação para serem ansiosos e fogosos, irrefletidos e precipitados. Portanto, eles devem ser seriamente exortados a serem ponderados e não tempestuosos; aconselháveis e submissos, não teimosos e obstinados; humildes e moderados, não arrogantes e orgulhosos; porque há mais jovens sendo destruídos pelo orgulho do que por qualquer outro pecado. Os jovens devem ser sérios e sólidos na sua conduta e nos seus modos, unindo a seriedade da velhice com a vivacidade e o vigor da mocidade. Isso fará com que esses anos da juventude sejam significativos e sirvam para uma reflexão tranquila quando chegarem os maus dias. Esse tipo de atitude impedirá que ocorra muito pecado e tristeza na vida deles e servirá de fundamento para se fazer muitas coisas boas e se desfrutar delas. Esses jovens não gemerão no fim, mas terão paz e conforto na morte e depois disso uma coroa gloriosa de vida.…” (HENRY. Matthew. op.cit., p. 732).

1.5. Os servos
Lembrando aqui o que já havia ensinado aos efésios, ou seja, que os servos deveriam ser sujeitos a seus senhores, devendo agradá-los em tudo e não contradizê-los (Tt.2:9).
O apóstolo estava a falar para uma sociedade em que ainda havia a escravidão e, neste particular, repete o que já havia ensinado a Timóteo – que a condição do servo não deveria ser confundida com a de irmão em Cristo que havia, na igreja, pois todos aqueles que estão sob autoridade na sociedade devem assumir a sua condição de subalternos.
Tito deveria orientar os servos a serem submissos e a agradar em tudo a seus senhores. Como diz o  apóstolo Paulo aos efésios, que o dever que assumimos diante de nossos superiores não deve ser cumprido propriamente para o superior, mas para Deus (Ef.6:5,6).
Temos de cumprir todas as obrigações que assumimos diante de nossos superiores, não defraudando (enganando), mas mostrando toda a boa lealdade, para que sejamos ornamento da doutrina de Deus, nosso Salvador (Tt.1:10). “…Aos servos duas faltas comuns são destacadas: não sejam respondões, responder ou discutir; e não furtem, roubar. Fidelidade é a palavra frequentemente usada para a fé no N.T.…” (HARRISON, Everett F. op.cit., p.6).

II – EXORTAÇÃO AOS OBREIROS
Agora, Paulo fala a respeito não só da conduta que Tito deveria ter em Creta, mas de todos aqueles que forem chamados para o ministério na igreja.

2.1. Deveria se dar por exemplo de boas obras.
O ministro deve ser sempre exemplo para os fiéis (Fp.3:17; II Ts.3:9; I Tm.4:12; I Pe.5:3). Paulo podia exigir isto de Tito pois ele era um exemplo para todos os que o acompanhavam (I Co.11:1).

2.2. Mostrar incorrupção na doutrina.
Deveria ser um fervoroso observador da Palavra de Deus. O ministro não pode corromper a doutrina, seja introduzindo, seja retirando elementos que não se encontram nas Escrituras, mas deve viver o que ensina.

2.3. Apresentar gravidade (seriedade) na doutrina.
“…Eles devem deixar claro que o intento da pregação deles visa única e exclusivamente promover a honra de Deus, o interesse de Cristo e o bem-estar e felicidade das almas.
  
2.4. Mostrar sinceridade na doutrina.
Para poder mostrar a doutrina de modo incorrupto, grave e sincero, Tito deveria usar linguagem sã e irrepreensível, para que o adversário se envergonhasse não tendo nenhum mal que dizer da igreja. O ministro deve ter cuidado com o seu falar, pois a língua é um membro que resiste ao domínio do Espírito Santo (Tg.3:6).
É preciso que o ministro procure sempre apresentar uma linguagem sadia, acima de qualquer censura.

CONCLUSÃO
O líder precisa ser exemplo. Se Deus nos confiou autoridade e responsabilidade, precisamos ter uma vida irrepreensível. Ser irrepreensível não significa ser perfeito, dessa forma nenhum ser humano poderia assumir tal posição. Ser irrepreensível significa ter um padrão de conduta elevado e maduro, segundo os princípios bíblicos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Online.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Plenitude.
Dicionário online de Português.
Dicionário wycliffe.
Comentário Bíblico do Novo Testamento - Beacon.
Lições Bíblicas CPAD – 3º Trimestre – 2015.
Revista Ensinador Cristão – nº 64 – CPAD.
As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Elinaldo Renovato de Lima. CPAD.
Portal EBD – Dr. Caramuru Afonso Francisco.
Blogger do professor Luciano de Paula Lourenço                
Consultas a sites de Estudos Bíblicos.

domingo, 13 de setembro de 2015

A ORGANIZAÇÃO DE UMA IGREJA LOCAL



3º TRIM. 2015 – LIÇÃO Nº 11 – A ORGANIZAÇÃO DE UMA IGREJA LOCAL

A Igreja e o seu Testemunho – As ordenanças de Cristo nas cartas pastorais

     
INTRODUÇÃO
Seguindo o estudo do trimestre, iniciaremos a Epístola de Paulo a Tito, onde estaremos estudando o seu primeiro capítulo.
Timóteo recebeu a incumbência de exortar uma igreja que estava sofrendo com os ataques dos falsos mestres. A missão de Tito era semelhante a de Timóteo, mas com um encargo a mais: que foi o de estabelecer presbíteros, “em cada cidade”, pondo “em ordem” a igreja. Portanto, Paulo mostra que não era apenas pregador, ensinador e “doutor dos gentios”, mas também um administrador eclesiástico.

I – SOBRE TITO
Tito era um dos principais cooperadores de Paulo (II Co.8:23), um gentio que havia se convertido a Cristo e passado a auxiliar o apóstolo (Gl.2:3). Era um auxiliar tão importante, que foi levado por Paulo e Barnabé para participar do concílio de Jerusalém (Gl.2:1), tendo sido mesmo um exemplo, uma referência de que os gentios não deviam se circuncidar e que não estavam obrigados a seguir a lei de Moisés (Gl.2:3).
Pelo que se verifica das Escrituras, Tito era um cooperador a quem o apóstolo Paulo sempre incumbia de missões especiais nas igrejas que haviam sido fundadas por ele, como em Corinto, para onde Tito foi enviado muito provavelmente assim que Paulo teve notícia de irregularidades naquela igreja (II Co.2:13; 7:6,13,14) e também para realizar a coleta em favor dos pobres de Jerusalém (II Co.8:6; 12:18). Foi, também, mandado para pôr em ordem as igrejas de Creta (Tt.1:5) e, por fim, foi mandado para a Dalmácia, quando Paulo estava preso pela segunda vez (II Tm.4:10).

OBS: Concílio de Jerusalém (descrito em Atos dos Apóstolos 15: 6-29).                  
Foi a reunião das principais lideranças das comunidades cristãs, em Jerusalém,quando discutiram a questão da necessidade ou não da circuncisão aos cristãos de origem não judaica. 
Quando a Boa Nova foi  anunciada aos gentios  e estes fizeram sua opção de fé, a Jesus Cristo, como o Filho de Deus, e depois  de  batizados, passavam a  conviver  também com os cristãos de origem judaica, que eram circuncidados, isso poderia ser um problema. Alguns cristãos de origem judaica entenderam que os gentios que se tornavam cristãos, também precisavam ser circuncidados e, por isso, a reunião em Jerusalém das principais lideranças cristãs, para decidir a respeito do assunto.

II – A CARTA DE PAULO A TITO
Esta carta foi escrita na mesma época em que a primeira carta a Timóteo foi escrita, ou seja, após o apóstolo ser solto de sua primeira prisão em Roma.
Pelo que podemos perceber nesta epístola, os cristãos viviam um estado de completa desorganização. Após ir a Filipos, Paulo foi com Tito para a ilha de Creta, a fim de organizar as igrejas locais ali existentes.
Depois de deixá-lo em Creta, Paulo sentiu a responsabilidade de escrevê-lo uma carta, dando-lhe orientações de como proceder em tal missão de organização dessas igrejas.

2.1. SAUDAÇÕES INICIAIS DE PAULO A TITO
A saudação inicial desta carta é a mais longa das cartas de Paulo (Tt. 1:1-4), com exceção da carta aos Romanos (Rm. 1:1-7). Tem-se aqui uma verdadeira “confissão apostólica”, onde Paulo, em termos concisos, como que explica a natureza e a própria razão de ser não só de seu ministério mas de toda a vida cristã.
No início desta carta, diferente das outras epístolas, Paulo apresenta-se como “servo de Deus”.  
“...O título “servo de Deus” é antigo, sendo usado somente para os profetas, para Abraão, Moisés, Davi: II Sm. 7:5; Sl.105:42; Dn.9:11. Por meio desse título (incomum para o NT) Paulo se posiciona ao lado dos patriarcas e profetas. Além de “servo de Deus”, Paulo apresenta-se como apóstolo de Jesus Cristo, mesmo nome com que se apresenta nas outras duas cartas pastorais (I Tm.1:1; II Tm.1:1), a demonstrar que as orientações que estava a dar a seus cooperadores decorria de exigências e da responsabilidade de seu ministério apostólico.
Este ministério apostólico era exercido segundo a fé dos eleitos de Deus e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade (compaixão) - Tt.1:1. 
Paulo mostra a razão de ser do ministério: promover a fé dos salvos em Cristo Jesus, fazer - lhes conhecer a verdade, que são as Escrituras Sagradas (Jo.17:17) e transformar a vida de cada um dos membros da igreja local numa vida de virtude cristã, numa real vida de dedicação e comunhão com Deus.
Paulo identifica Tito como seu verdadeiro filho, mostrando que tinha uma relação paternal para com seus cooperadores, pois da mesma forma, se dirige também a Timóteo. Embora Tito (extrovertido e alegre – 2 Co. 7:13) e Timóteo (Tímido – 2 Tm. 1:7, emotivo – 2 Tm. 1:4 e pouca eloquência) fossem bem diferentes, é certo que Paulo tratava a ambos como filhos, sem qualquer predileção, mesmo comportamento que devem ter os ministros nas igrejas locais.
Como em todas as cartas pastorais, o apóstolo usa na saudação da epístola a Tito, as expressões “graça, misericórdia e paz”, como a lembrar aos ministros que, além da graça e da paz é preciso lembrar, também, da misericórdia, pois, no exercício do ministério, é fundamental que se ponha a bondade de Deus em ação, que é o que significa a misericórdia.
III – A RESPONSABILIDADE DE ORGANIZAR A IGREJA DE CRETA E COMBATER FALSOS DOUTORES
Depois da longa saudação, o apóstolo Paulo explica os motivos pelos quais estava a escrever esta epístola, qual seja, dar orientações a Tito de como deveria proceder para cumprir a missão de pôr em boa ordem a situação de anarquia, de falta de governo que as igrejas locais em Creta estavam passando e que de, cidade em cidade, estabelecesse presbíteros como já mandara (Tt.1:5).
Esta determinação de Paulo mostra-nos que a igreja local precisa ser devidamente organizada e que o governo na igreja é uma exigência do próprio Senhor Jesus, não havendo qualquer cabimento para se defender que, como Cristo é a cabeça da Igreja (Ef.1:22; 5:23), não haja qualquer necessidade de lideranças humanas. Os chamados “desigrejados”, têm aumentado na atualidade. São pessoas arrogantes e soberbas, que se acham superiores a todos os demais e que admitem não pertencer a uma igreja local, achando que podem apascentar a si mesmas, o que contraria completamente o que se encontra nas Escrituras Sagradas. Os cretenses pareciam ser pessoas desta mesma índole, pois não havia qualquer governo nas igrejas locais. Não haviam sido separados presbíteros e a obra de Deus em Creta estava prejudicada. Então, Paulo dá a Tito as qualificações que devem ter estes presbíteros a serem postos em cada igreja local de cada cidade de Creta, qualificações que são bem similares às que Paulo dá em sua primeira epístola a Timóteo. Por isto, não nos deteremos na sua explicação, apenas, observaremos que Paulo chama os presbíteros de “despenseiros da casa de Deus”, mesma expressão que utilizara em I Co.4:1, lembrando que os presbíteros são ministros de Cristo e que, como tal, devem ser fiéis na distribuição do “alimento espiritual” (a Palavra de Deus) que é a sua missão primordial.
Após apresentar as qualificações necessárias para a escolha ao exercício do ministério pastoral, Paulo lembra que os ministros devem reter firmes a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que possam ser poderosos (Tt.1:9).
Um ministro somente terá autoridade se ele for alguém que pratique e viva a Palavra de Deus, que não a distorça e não apenas ensine-a.O ministro deve ser o primeiro a seguir a Palavra e a mostrar através de suas obras, a fé que tem nas Escrituras Sagradas. Deve ser um homem piedoso, um homem sincero, reto, temente a Deus e que se desvia do mal. Deve ter uma vida de meditação nas Escrituras, oração e jejum, pois, assim, receberá da parte de Deus autoridade e poder, que será evidenciada através de uma pregação em que se sentirá a unção do Espírito Santo, bem como a realização de sinais, prodígios e maravilhas. Os apóstolos vivenciavam esta realidade (At.5:12), inclusive o apóstolo (I Co.2:4,5; I Ts.1:5).
Um ministro de Cristo não pode apenas falar bem, ou ser um bom administrador, mas deve ser alguém que tenham intimidade com Deus e que mostre esta intimidade na condução do rebanho do Senhor. Mas em nos dias atuais, há muitos que estão no ministério por causa de sua capacidade administrativa, embora nada apresentem em termos espirituais. Não era este tipo de gente que Tito deveria colocar à frente de cada igreja local nas cidades de Creta, pois esta, estava vivendo a perturbação doutrinária dos crentes judaizantes e não poderia pôr à frente das igrejas locais pessoas que não tivessem intimidade com o Senhor, mas pessoas que pudessem não só ensinar a verdadeira doutrina aos crentes fiéis, como também trazer de volta à fé aos que estavam a contradizer a própria Palavra de Deus.
Logo, o apóstolo passa a descrever como eram os “falsos mestres” que estavam perturbando os cristãos em Creta.
1) “Desordenados”, ou seja, desobedientes à Palavra de Deus.
Buscam satisfazer os seus próprios interesses através de “inovações”, atraindo pessoas que lhes seguem, obtendo, com isso, posição social, fama, popularidade, perturbando a fé daqueles que estão a servir Cristo Jesus.
2) “faladores”, ou seja, preocupavam-se com o uso de palavras para convencer os seus ouvintes, exatamente como fazem os falsos pregadores da atualidade.
3) “vãos”, ou seja, vazios espiritualmente.
Não apresentam a excelência do poder de Deus nem em suas vidas nem tampouco em suas palavras.
4) “Enganadores”, ou seja, enganando e sendo enganados” (II Tm. 3:13).
Crêem estarem no caminho certo, iludidos por Satanás, que usa outros homens para fazê-los acreditar que são homens de Deus.
Entre os falsos mestres, os que tinham maior notoriedade em Creta, eram os judaizantes, aqueles que defendiam o “partido da circuncisão” (Tt.1:10), e que, por estarem ainda a defender esta posição, mesmo diante das deliberações do concílio de Jerusalém, que ocorrera quase que quinze anos antes destes fatos (e no qual Tito tomara parte), revelava quão desobedientes eram eles, que simplesmente se recusavam a acatar as deliberações tomadas pela liderança da Igreja, deliberações que não eram fruto da vontade dos apóstolos e anciãos, mas, sim, do Espírito Santo (At.15:28).
OBS: Falar sobre esse grupo na atualidade.
Paulo manda que Tito os combata e coloque nas cidades cretenses obreiros que os contradigam.
A atitude a ser tomada com estes falsos mestres, era tapar-lhes a boca, impedindo que tivessem espaço nas igrejas locais para ensinarem ou pregarem as suas falsas doutrinas. Por serem fingidos e espertos, gostavam de ir aos lares, transtornando casas inteiras com seus inconvenientes ensinos, movidos quase sempre por ganância (Tt.1:11).

CONCLUSÃO
Tais circunstâncias não deveriam intimidar Tito, igualmente a nós, nestes últimos dias da dispensação da graça. Devemos levar o Evangelho, a genuína e autêntica Palavra de Deus, denunciando o pecado e pondo em ordem as igrejas locais para que possamos cumprir o nosso papel de sal da Terra e luz do mundo (Mt.5:13-16), de sermos astros em meio a uma geração perversa (Fp.2:15).


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Online.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Plenitude.
Dicionário online de Português.
Dicionário wycliffe.
Pequena Enciclopédia Bíblica – Orlando Boyer – IBAD.
Lições Bíblicas CPAD – 3º Trimestre – 2015.
Revista Ensinador Cristão – nº 64 – CPAD.
As Ordenanças de Cristo nas Cartas Pastorais. Elinaldo Renovato de Lima. CPAD.
Portal EBD – Dr. Caramuru Afonso Francisco.
                  EV. Luiz Henrique de Almeida Silva.
Consultas a sites de Estudos Bíblicos.