domingo, 22 de novembro de 2015

O INÍCIO DO GOVERNO HUMANO


4º Trim. 2015 – LIÇÃO Nº 8 – O  INÍCIO DO  GOVERNO  HUMANO
O COMEÇO DE TODAS AS COISAS  Estudos  sobre  o  livro de  Gênesis

INTRODUÇÃO
Na sequência do livro do Gênesis, analisaremos hoje o estudo da primeira parte do capítulo 9, quando se institui a dispensação do governo humano.
No recomeço da humanidade, Deus entregou ao homem a administração da justiça.

I – O PACTO NOAICO
Deus havia destruído a humanidade com o dilúvio, mas havia poupado Noé e sua família, porque ele havia sido achado justo aos olhos do Senhor (Gn.7:1).
Quando o Senhor autorizou Noé e sua família a sair da arca, mais de um ano depois do início do dilúvio, Noé tomou a iniciativa de adorar a Deus, sacrificando animais limpos em gratidão pelo livramento de que fora alvo (Gn.8:20). É a primeira menção de sacrifício de adoração desde os dias de Caim. Assim, entende-se que esta prática foi perpetuada pela linhagem das pessoas de fé. Por causa desta iniciativa, o Senhor tomou a deliberação de nunca mais destruir a Terra com um dilúvio, tendo, então, Noé se tornado uma bênção para toda a humanidade (Gn.8:21,22).
Antes do dilúvio, Deus já havia dito que estabeleceria um pacto entre Deus e ele (Gn.6:18).
Deus sempre dá o primeiro passo em direção ao homem pecador, tendo por objetivo o restabelecimento da sua comunhão e salvação.
Ao mesmo tempo que Deus destruiria aquela geração rebelde antediluviana, faz um pacto com Noé, mantendo de pé a promessa da redenção feita ao primeiro casal, também indicando que se mudaria a dispensação, tratando o homem de um outro modo, forma, outra maneira.
 
OBS: Deus promete que este juízo esmagador não se repetiria, não até o juízo final (II Pedro 2:4-9).
Segundo Cyrus Scofield (1843-1921) conceitua dispensação como “um período de tempo durante o qual o homem é provado quanto à obediência a alguma revelação específica da vontade de Deus”. “cada dispensação pode ser considerada uma nova prova do homem natural, e cada uma termina em juízo, evidenciando o completo fracasso do ser humano.”
A dispensação, portanto, é uma forma de Deus administrar o Seu plano de salvação para a humanidade.
Observamos, portanto, que, mesmo mudando de dispensação o propósito de Deus é o mesmo, o de frutificação, multiplicação e enchimento da Terra. Deus não muda e nele não há variação de mudança (Ml.3:6; Tg.1:17).
 
OBS: Não podemos, de modo algum, querer “contextualizar” a Palavra de Deus, no sentido de entender que devam as Escrituras Sagradas adquirir novos significados e novos parâmetros por causa da “mudança dos tempos”. A Palavra de Deus não se altera por causa da passagem do tempo, pois ela permanece para sempre (I Pe.1:25).

Noé tinha o encargo de repovoar a terra, juntamente com a sua família, portanto, deveria atender a todos os propósitos divinos, que permaneciam os mesmos.
Deus não muda, isto não ocorre com o homem. Noé agora estava numa terra diferente, que, por causa do dilúvio, sofreu muitas alterações. 

1º) Haveria diversidade de climas, como também as estações do ano, já que a camada de águas que havia na atmosfera não mais existia, derramada que havia sido perante a superfície da Terra (Gn.8:22).

2º) Todos os animais teriam pavor e temor em relação ao homem, pois este permanecia tendo domínio sobre a criação terrena (Gn.9:2).
OBS: Tem-se aqui um distanciamento entre o homem e a natureza, conseqüência da intensificação do pecado.

3º) Além do pavor e temor, Deus, também, passava a autorizar o consumo de carne. O homem e outros animais (e até alguns vegetais) deixavam de ser herbívoros, para serem carnívoros e onívoros (Gn.9:3,4). No entanto, nesta modificação de dieta, o Senhor proibiu o consumo de sangue, onde estava a “vida” dos animais. O que se demonstrou posteriormente pela ciência, que 
mostra ser o sangue que leva o oxigênio e os nutrientes a todo o corpo, possibilitando a vida.
 
Obs: Esta proibição de ingestão de sangue nada tem que ver com a consideração do sangue como “alma” do corpo, como ensinam equivocadamente as Testemunhas de Jeová. A alma do homem é imaterial e, portanto, não se confunde com o sangue. A vedação diz respeito à alimentação e não transfusão de sangue. Porque tudo que representa a manutenção da vida é algo que deva ser prestigiado e defendido pelos servos do Senhor.
Além disto, a proibição do consumo do sangue era um indicador de como se daria a redenção da humanidade, pelo derramamento do sangue inocente da “semente da mulher”, que daria a sua vida pelo homem.


4º) O Senhor Se apresenta como o dono da vida, dizendo que o ser humano jamais poderia derramar o sangue de outro ser humano (Gn.9:6), ou seja, o Senhor toma para Si a aplicação da morte. Deus dá mais valor ao ser humano, do que qualquer outra criatura viva, porque o ser humano possui a imagem de Deus. A vida é algo dado pelo próprio Senhor (I Sm.2:6).

5º) Deus, ao excluir a vida do domínio humano, estava pondo os limites daquilo que viria a ser o “governo humano”.

6º) A frutificação tem a ver com o estabelecimento de uma comunhão com Deus, com a construção de uma vida agradável a Deus. Trata-se de produção do fruto do Espírito (Gl.5:22), de frutos de justiça (Fp.1:11).

7º) A multiplicação tem a ver com a reprodução, com o repovoar da Terra. Deus quer que as famílias tenham filhos.

OBS: Cuidado com a mentalidade de controle da natalidade, que tem raízes no “espírito do anticristo”.
O “pacto noaico” é chamado pelos doutores da lei judeus de “os sete preceitos dos descendentes de Noé”, onde estariam as bases e os parâmetros estabelecidos por Deus a toda a humanidade, as bases da ética e da moralidade. Tanto assim é que, quando do concílio de Jerusalém, tais preceitos foram reafirmados e ditos que deveriam ser seguidos por todos os cristãos (At.15:28,29).
Este pacto, segundo estes doutores da lei, continham as mesmas disposições que Deus havia dado ao primeiro casal no Éden, com a inclusão da proibição do consumo de carne, a nos mostrar,
uma vez mais, a imutabilidade da Palavra de Deus.

OBS: Ler o comentário escrito.
Ao delegar a administração da justiça ao homem, o Senhor mostra toda a Sua misericórdia e graça, abstendo-se de destruir toda a carne sobre a face da Terra, abrindo um tempo para que o homem tivesse a oportunidade de servir a Deus. A partir deste pacto, Deus somente atuaria pontualmente, quando a Sua longanimidade chega ao limite. Portanto, nesta última hora, devemos, sim, obedecer as autoridades, interceder diante de Deus por elas (I Tm. 2:1-3), porém jamais compactuar com medidas delas provenientes que afrontem a Palavra de Deus, que contrariem os princípios bíblicos, devendo neste caso, manter nossa obediência ao Senhor.
 
II – O SINAL DO PACTO NOAICO
Deus não iria falar com o homem apenas através da consciência, mas que se incluíam agora elementos objetivos, situados fora do ser humano. Foi dado um sinal cósmico para este pacto, a saber, o arco-íris, “o arco do Senhor posto na nuvem” (Gn.9:13). Para que o homem pudesse lembrar do que Deus havia prometido, que nunca mais destruiria a Terra com água.
O que é o arco-íris?
Também chamado arco-celeste, arco-da-aliança, arco-da-chuva, arco-da-velha) é um fenômeno óptico e meteorológico que separa a luz do sol em seu espectro contínuo quando o sol brilha sobre gotas de chuva. É um arco multicolorido com o vermelho no seu exterior e o violeta em seu interior; a ordem completa é vermelho, laranja,
amarelo, verde, azul, anil e violeta”.
Vemos, pela própria definição científica do arco-íris, que ele somente foi possível depois do dilúvio, vez que se trata de um fenômeno óptico e meteorológico que separa a luz do sol das gotas de chuva, ou seja, algo somente possível depois da modificação relativa ao ciclo da água ocasionado pelo dilúvio, com a extinção da camada de águas que havia na parte superior da atmosfera e que mantinha a Terra sob uma uniformidade climática.

CONCLUSÃO
Deus não estaria a consentir com o pecado, mas estaria a dar uma oportunidade de salvação ao pecador. Tanto, que não toleraria o pecado, determinando ao homem que elaborasse um sistema de administração da justiça, criando leis que levassem os homens, na sua convivência com o próximo a obedecer aos preceitos estabelecidos pelo próprio Deus.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Online.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Plenitude.
Dicionário online de Português.
Dicionário da Bíblia, Teologia e Filosofia – R.N. CHAMPLIN.
Dicionário wycliffe.
Comentário Bíblico Através da Bíblia (Gênesis) - Itamir Neves de Souza; John Vernon McGee.
Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.
Pequena Enciclopédia Bíblica – Orlando Boyer – IBAD.
Lições Bíblicas CPAD – 4º Trimestre – 2015.
Revista Ensinador Cristão – nº 64 – CPAD.
O Começo de Todas as Coisas. Claudionor de Andrade – CPAD.
Portal EBD – Dr. Caramuru Afonso Francisco.
Consultas a sites de Estudos Bíblicos.

 


domingo, 15 de novembro de 2015

A FAMÍLIA QUE SOBREVIVEU AO DILÚVIO



4º TRIM. 2015 – LIÇÃO Nº 7 – A FAMÍLIA QUE SOBREVIVEU AO DILÚVIO

O Começo de Todas as Coisas – Estudos sobre o livro de Gênesis


INTRODUÇÃO
Continuando os estudos sobre o livro de Gênesis, abordaremos na aula de hoje sobre o dilúvio, o juízo de Deus sobre a humanidade, pondo fim à dispensação da consciência e poupando como sempre seus servos fiéis.

I – O AVISO DO DILÚVIO
Como vimos na lição anterior, o mundo se encontrava totalmente perdido, influenciado pela mentalidade da civilização caimita. O mundo decidira dar as costas para Deus, viver como se Ele não existisse, vivendo no pecado sem qualquer atenção à Sua Palavra, mesmo diante das profecias de Enoque e do sinal de sua trasladação (Jd.1:14,15).
Neste ponto, temos dois fatores que ocasionaram a iniquidade do mundo antigo:

1) O crescimento da raça humana (Gn. 6:1).
Conforme o homem foi se multilplicando, como em (Gn. 1:28), com ele também multiplicaram-se as transgressões (Pv.29:16).

2) Casamentos mistos (Gn. 6:2).
A linhagem de Sete, inicialmente piedosa, misturou-se com a civilização caimita e adotaram todas as práticas pecaminosas destes. O texto sagrado diz que os descendentes de Sete se encantaram com a beleza das filhas dos caimitas e tomaram para si tantas mulheres quantas escolheram (Gn.6:2).

Como foi esta escolha?
a) Apenas pela aparência.
b) Seguiram as suas próprias escolhas, prendendo-se a um jugo desigual com pessoas desconhecidas (infiéis) – II Co. 6:14).
c) Desconsideraram o casamento como fizera Lameque (Gn.4:19).
A primeira vítima desta degeneração moral foi a família, que continua sendo o alvo predileto do inimigo.

OBS: A família é uma instituição divina e é a base da sociedade.
Quando se destrói a família, são destruídos os seus integrantes, a igreja, pois ela é composta de famílias e é destruída a própria sociedade, porque a família é a sua “célula mater” (primeira sociedade da qual o indivíduo faz parte).

Esta característica dos “dias de Noé”, que são os dias que estamos estudando, foi observada pelo Senhor Jesus, afirmando que, naqueles dias, as pessoas “casavam-se e davam-se em casamento” (Lc. 17:26,27; Mt. 24:38), a mostrar como o casamento, elemento fundante da família, era completamente desconsiderado e desprezado naqueles dias.
O Senhor também não deixou de ressaltar outra característica da geração antediluviana, dizendo que eles “comiam e bebiam” (Mt.24:38; Lc.17:27), num verdadeiro culto ao prazer, à satisfação dos desejos terrenos, numa total desconsideração com respeito à eternidade.
Atualmente, não tem sido diferente. O hedonismo, ou seja, a doutrina que entende ser o prazer o bem supremo, é um assunto principal em nossos dias. As pessoas, descrentes de que haja uma vida além desta peregrinação terrena, querem “aproveitar”, “desfrutar do que está aqui”, pouco se importando em obedecer à Palavra de Deus.
Por viverem debaixo da pecaminosidade, a geração antediluviana passaram a viver violentamente (Gn.6:11), pois passou-se a dar fama aos “valentes” (Gn.6:4), a valorizar o uso da força, em mais uma influência da civilização caimita, onde a violência havia se banalizado (Gn.4:23).
Diante deste quadro, houve uma multiplicação do pecado, a ponto da imaginação dos homens ser má continuamente (Gn.6:5), chegando a corrupção a tal ponto (Gn.6:12), que se chegou ao limite da longanimidade divina, que, por isso, resolveu destruir a humanidade (Gn.6:6,7).

1.1. O Arrependimento de Deus.
Muitos se perguntam porque as Escrituras afirmam que “Deus Se arrependeu de ter feito o homem sobre a terra” (Gn.6:6), se Deus não muda (Ml.3:6; Tg.1:17) e, por isso mesmo, não seria capaz de Se arrepender (Nm.23:19; I Sm.15:29)?

a) Conceito
Segundo o dicionário online da Língua Portuguesa, arrependimento é remorso ou mágoa por se ter cometido um mal; contrição: era o arrependimento por ter cometido aquele crime que o atormentava.
Ação de mudar de opinião ou de comportamento em relação ao que já aconteceu: Ex: o arrependimento de não ter viajado.

A palavra hebraica “Na·hhám” ou “naham” (arrepender-se) significa literalmente:
·                                 Arrependimento – mudança de posição. Mudança de mentalidade.

O verbo no hebraico que traduziu “arrepender” pode também ser traduzido como “entristeceu”. Que seria o mais correto para o assunto que estamos estudando.
Na linguagem bíblica nada mais é que uma mudança de atitude (modo de agir) - (não de planos) devido a um contristamento, desgosto ou misericórdia.
Como o hebraico (língua original do Antigo Testamento) é pobre em termos abstratos (expressões, idéias), por isso a palavra mais próxima para expressar esse sentimento foi “arrepender-se”. Contudo o significado não é literalmente o mesmo que essa palavra tem em nosso idioma, como já vimos. Foi usada, então, uma figura de Linguagem antropopáticaatribuição de sentimentos humanos a algum ser que não é humano (dicionário Michaellis).
Outras passagens onde aparece a linguagem antropopática: (Jr.18:7-10; Jn.3:9,10).

Portanto, Deus pelo seu conhecimento infinito não se arrepende porque o seu entendimento é imensurável (não se pode medir) – Sl.147:5. O conhecimento de Deus ultrapassa o presente, vai até o futuro, como também tem conhecimento do passado. O homem se arrepende porque não possui o atributo que chamamos de onisciência (saber, conhecimento de tudo) – Rm.11:33-35).
Deus tem acesso a todas as informações antes mesmo que elas existam. Então, os julgamentos que Deus realiza são sábios e conhecedores antes da existência.
Deus pelo seu conhecimento não pode se arrepender, pois o arrependimento é um ato humano, vem de não ter conhecimento do que poderia acontecer. O resultado de um ato só traz arrependimento para quem não o conhece anteriormente.

Ex: O ser humano se arrepende porque não conhecia o que iria acontecer após realizar tal ato.

Resumindo:
A diferença entre o arrependimento do homem e o “arrependimento” de Deus é que o homem geralmente se arrepende por ter cometido um erro, mas Deus não comete erros. Quando a bíblia diz que “Deus se arrependeu”, o que ela quer dizer é que Deus tomou uma atitude de juízo ou misericórdia mediante o erro ou o arrependimento do ser humano.
Deus, por outro lado, muda sua atitude de acordo com o que observa no comportamento humano, e a palavra “arrependimento” nunca está relacionada com um erro por parte Dele.
Diante de determinada situação, Deus pode sentir extremo desgosto e resolver castigar, ou sentir compaixão e resolver anular o castigo.  
Ele age e reage de acordo com a sua justiça e santidade.

Concluindo a questão de Gn.6:6: A expressão indica que Deus ficou com “o coração pesado”, triste ou angustiado diante do comportamento pecaminoso do homem, o que fez com que Ele tomasse uma
atitude de juízo. Foi exatamente isso o que aconteceu no episódio do dilúvio. Por causa do trágico pecado da raça humana, Deus mudou a sua disposição para com as pessoas; sua atitude de misericórdia e de longaminidade, passou à atitude de juízo, e Ele enviou o dilúvio.
II – NOÉ E SEU CARÁTER
Ao contrário dos demais homens, Noé era um varão justo e reto em suas gerações (Gn.6:9) e, por isso, achou graça aos olhos do Senhor (Gn.6:8).
·   “Justo”, no texto original, é “tsadiq” (צדיק), que a Bíblia de Estudo Palavra Chave diz ser aquele que “ …é considerado justo ou reto em virtude da conformidade com determinado padrão (…) estava de acordo com o padrão de Deus…” (Dicionário do Antigo Testamento, n.6662, p.1882).
Ser justo é viver de acordo com o padrão estabelecido por Deus, é viver em função de Deus, querendo realizar a vontade divina, ser um instrumento do querer divino neste mundo. Noé queria fazer a vontade do Senhor e, por isso, “achou graça aos Seus olhos”.
·   “Reto”, no texto original, é “tāmim” (תמים) que a Bíblia de Estudo Palavra Chave diz ser aquele que está associado “…à verdade, virtude, retidão justiça…” (Dicionário do Antigo Testamento, n.8549, p.2006), que bem se relaciona com Deus e com o próximo.
Ser reto é ter comunhão com Deus e com o próximo, o que somente é possível mediante o amor e todas as suas consequências, querendo bem ao Senhor e ao próximo, buscando, em seus relacionamentos, reproduzir os parâmetros e diretrizes decretados por Deus na sua conduta, no seu comportamento.
Em meio a tantos pecados, a tanta corrupção, Noé apresentava-se como “filho de Deus inculpável no meio duma geração corrompida e perversa, entre os quais, resplandecia como astro no mundo” (Fp.2:15). Diante de tal conduta, que já durava quinhentos anos, Noé é avisado por Deus da iminente destruição que haveria sobre a face da Terra. Confirmando e complementando a profecia de Enoque, o Senhor diz a Noé que viria o dilúvio sobre a terra e deveria ele, então, construir uma arca para ser livre daquele juízo, assim como a sua família (Gn.6:13,14).
Noé cuidava da sua família e impedia que seu lar caísse no pecado. Seus filhos eram casados com uma só mulher, a provar que, na família de Noé, não se havia adotado o desprestígio do casamento nem a imoralidade reinante em todo o mundo.

III – A ARCA E SUA ESTRUTURA
Deus mandou que Noé construísse uma arca de madeira de Gofer, fazendo nela compartimentos e a betumando por dentro e por fora. A arca deveria ter trezentos côvados de comprimento, cinquenta côvados de largura e trinta côvados de altura, ter uma janela, situada um côvado antes do topo da arca, tendo ao lado uma porta, com três andares no seu interior (Gn.6:13-16). Esta arca seria o refúgio para Noé e sua família, assim como parte da criação terrena.

Análise de sua estrutura:

1) O Construtor (Deus escolheu Noé para a criação daquilo que seria o meio de sua preservação).
Assim foi para testar a sua fé, obediência, quanto para nos ensinar que seremos salvos por Cristo se trabalharmos por nossa própria salvação. Nós não podemos fazer isso sem Deus, e Ele não o pode fazer sem nós.

2) A arca deveria ser construída de madeira de Gofer.
Noé sabia qual era esse tipo de madeira, embora nós não saibamos.
A construção da arca de madeira nos mostra que, para escapar da ira divina, devemos nos edificar espiritualmente, seguir o “modelo divino”, que é instituído pela Sua Palavra. Sem a santificação, não veremos o Senhor (Hb.12:14), e, para nos santificar, devemos atender à Sua Palavra (Jo.17:17). 


A Palavra salva aqueles que nela creem, mas, também, condena todos quantos a recusam (Jo.12:48; Hb.11:7).

3) A arca deveria ser betumada por dentro e por fora.
O betume, como se vê no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, é a “mistura, escura e viscosa, de hidrocarbonetos (carbono e hidrogênio) pesados com outros compostos oxigenados, nitrogenados e sulfurados; usado como impermeabilizante, na pavimentação de estradas, na fabricação de borrachas, tintas etc.; asfalto.
Era, portanto, uma cobertura que deveria ser feita (por fora) para escoar a chuva, impedindo a entrada da água no interior da embarcação. (Por dentro) para diminuir o mau cheiro dos animais, quando mantidos em recinto fechado.
É interessante verificar que, primeiro, se mandou revestir o betume por dentro, a nos indicar que, antes de mais nada, devemos ser revestidos do Espírito Santo no interior de nosso ser, em nosso espírito e alma, pois a santificação deve se dar de dentro para fora (I Ts.5:23).

4) A arca tinha somente uma janela e perto do seu topo.
Para entrar a luz. A indicar que o único contato com quem Noé deveria ter, durante o dilúvio, seria com Deus, a nos indicar que, para nos livrarmos da ira futura, temos de guardar contato com Deus, buscarmos as coisas que são de cima (Cl.3:1-3).

5) A arca também era organizada, em andares.
Onde seriam abrigados os animais conforme a sua espécie, ficando Noé e sua família no andar superior, em mais uma demonstração de que o ser humano era um ser especial e distinto dos demais. A ordem, instituída por Deus, mostra-nos que, na igreja, devemos sempre observar os princípios bíblicos, organizar a Igreja da forma determinada pelo Senhor, que é a cabeça da Igreja (Ef.1:22; 5:23).

6) A arca não tinha um leme.
Porque quem guiaria a arca seria o Senhor. O piloto da arca era o próprio Deus. A Igreja é guiada pelo Senhor, que é a Sua cabeça e o Espírito Santo é quem guia os servos do Senhor em toda a verdade (Jo.16:13).
Deus anuncia a Noé que mandaria um dilúvio sobre a Terra, desfazendo toda carne em que havia espírito de vida debaixo dos céus, fazendo expirar tudo quanto havia na Terra, mas, com Noé estabeleceria um pacto (Gn.6:17,18). Noé, pela sua obediência, seria o portador do compromisso divino de restabelecer a comunhão com a humanidade, de salvá-la do pecado.
Noé, ao receber esta mensagem, tomou duas iniciativas: obedeceu ao Senhor, construindo a arca, como também pregou ao povo antediluviano, alertando-os da proximidade do juízo divino que já havia sido profetizado por Enoque.
A mensagem dada por Noé era completamente improvável aos olhos humanos. Noé dizia que Deus faria chover sobre a face da Terra e toda a carne em que houvesse espírito de vida se desfaria e que somente os que entrassem na arca se salvariam. Não é diferente em nossos dias. Quando dizemos que Jesus voltará para arrebatar a Sua Igreja, que os mortos em Cristo ressuscitarão e os que estiverem vivos serão transformados num abrir e fechar de olhos, deixando esta Terra, muitos acham que isto é fantasia, mito, algo que jamais aconteceu antes e que, portanto, não acontecerá. No entanto, assim como choveu sobre a Terra, o dilúvio ocorreu e toda aquela geração incrédula pereceu, de igual modo, o Senhor Jesus arrebatará a Igreja e os que não crerem sofrerão todos os juízos que estão previstos na Bíblia Sagrada.

IV – O DILÚVIO

 Durante o tempo de construção da arca, Noé pregou a respeito da justiça de Deus, conclamando o povo para o arrependimento de seus pecados. Entretanto, os homens só se preocupavam em comer, beber, casar-se e dar-se em casamento.
Deus é longânimo. Pacientemente, durante todo esse tempo, aguardou o arrependimento daquele povo. O Senhor acrescentou à profecia de Enoque, ao sinal da sua trasladação e ao próprio significado do nome de Matusalém, o homem mais velho da Terra, a pregação de Noé, querendo a salvação de todos, mas em resposta a esta iniciativa divina, houve tão somente incredulidade e desprezo.
Chegou o momento do juízo. Construída a arca, determinou o Senhor que Noé e sua família nela entrassem, família constituída pela mulher de Noé, pelos seus três filhos (Cão, Sem e Jafé), cada um com suas respectivas mulheres. Tanto Noé quanto seus filhos eram monogâmicos, tinham uma família constituída segundo os parâmetros divinos.
Para que não tivesse dificuldade em reuni-los, os animais vieram até Noé (Gn.6:20), e todos entraram na arca, sete pares dos animais limpos e um par dos animais imundos. Noé cumpriu integralmente o que Deus lhe mandou e, quando entrou na arca, depois que os animais foram ali devidamente abrigados, as Escrituras dizem que o Senhor fechou por fora a porta (Gn.7:1-16). Isto, para que Noé não a abrisse, quando, iniciada a chuva e o povo viesse pedir para entrar.
Noé entrou na arca e ali ficou por sete dias sem que houvesse chuva (Gn.7:10), até que as águas do dilúvio vieram sobre a face da Terra, aos dezessete dias do mês segundo, do ano seiscentos da vida de Noé, durante quarenta dias e quarenta noites (Gn.7:11,12).
A inundação foi total. As águas cresceram e prevaleceram sobre toda a Terra, sendo cobertos todos os montes (Gn.7:19). Esta expressão mostra, claramente, que o dilúvio foi total, abrangeu toda a Terra e não um “dilúvio parcial”, como defendem alguns. Não confundamos o dilúvio com as enchentes, nem com os tsunamis. O dilúvio foi total, desfazendo toda substância que havia sobre a face da Terra (Gn.7:23). Um outro argumento é que Deus prometeu nunca mais destruir a Terra com água (Gn.8:21), e, se o dilúvio tivesse sido parcial, ante as enchentes e tsunamis que temos presenciado, veríamos uma “quebra de promessa” por parte de Deus, o que, evidentemente, é um absurdo, pois Deus é fiel (I Co.1:9).
O dilúvio difere de toda e qualquer chuva que tenha ocorrido antes ou depois deste evento. As Escrituras dizem que as águas de cima foram derramadas sobre a Terra (Gn.7:11), como também vieram as águas do abismo, ou seja, águas subterrâneas também vieram para a superfície, causando esta inundação total da parte seca do planeta.
Este cataclismo (Catástrofe ambiental de grandes proporções; dilúvio.
Grande alteração que muda a organização de uma sociedade.
Tragédia; transformação intensa na vida de uma pessoa.
Geologia. Grandes modificações, ou alterações, na crosta terrestre), fez com que se desfizesse a estrutura até então da atmosfera terrestre, que permitia que o vapor caísse diariamente sobre a superfície (Gn.2:6) e mantivesse uma mesma temperatura em todo o planeta, uma circunstância que, inclusive, permitia que os homens tivessem a longevidade demonstrada entre os descendentes de Sete, ainda que a expectativa de vida tivesse se reduzido para cento e vinte anos a partir do momento da mistura entre as linhagens de Sete e de Caim (Gn.6:3), o que decorreu do aumento da imoralidade sexual e da violência.
Esta circunstância explica porque, depois do dilúvio, passaram a ocorrer as estações do ano ( Gn.8:22), com as mudanças de clima e de temperatura, circunstâncias até hoje existentes e que servem para uma grande diminuição da vida humana.
Depois de quarenta dias e quarenta noites, tudo que tinha fôlego de espírito de vida em seus narizes, tudo o que havia no seco morreu (Gn.7:22). Isto mostra, que a destruição não afetou os animais e vegetais aquáticos, porque depois do dilúvio, brotaram novamente e reviveram. Por isso, não havia este tipo de seres na arca.
Quanto mais chovia, mais a arca subia. Depois de quarenta dias e quarenta noites, as águas ainda prevaleceram sobre a Terra por cento e cinquenta dias (Gn.7:24).
Após ter sido desfeita toda carne, é dito que o Senhor Se lembrou de Noé e de toda a criação que estava na arca e mandou passar um vento sobre a Terra para que as águas se aquietassem (Gn.8:1).
Temos, novamente, uma expressão “antropopática”. Deus não havia Se esquecido de Noé e da criação. Esta expressão não quer dizer que Deus é “esquecido”, mas que, realizado o juízo, o Senhor Se voltou para Noé e sua família e pelas criaturas que com ele estavam na arca e iniciou o processo de restabelecimento da parte seca, para que a vida prosseguisse na face da Terra.
No sétimo mês, no dia dezessete, cinco meses após, quando se deu o término do período de cento e cinquenta dias, a arca repousou sobre os montes de Arará (Gn.8:4). Isto mostra que o minguar das águas do dilúvio tiveram início, tanto que a arca atracou sobre um monte, prova de que ainda havia ainda muita água sobre a face da Terra. Ainda durou três meses para aparecer os cumes dos montes (Gn.8:5).
Noé percebeu, naturalmente, que a chuva cessou, mas somente depois de quarenta dias é que abriu a janela da arca. Não poderia abrir a porta, pois havia sido fechada por Deus.
Noé soltou um corvo pela janela e como não havia local para que pousasse, ele ia e voltava, dando a indicação a Noé de que as águas ainda não haviam baixado sobre a Terra (Gn.8:7). Depois soltou uma pomba (Gn.8:8). Por não ter encontrado repouso para a planta de seu pé, a pomba retornou (Gn.8:9). Esperou Noé outros sete dias e soltou novamente a pomba e ela trouxe uma folha de oliveira no seu bico, dando a entender a Noé que as águas haviam minguado sobre a face da Terra. Esperou Noé outros sete dias, soltou novamente a pomba, mas ela não mais voltou (Gn.8:10-12).
As águas somente secaram no dia primeiro do mês primeiro, quase um ano depois do dilúvio. Então, Noé abriu a cobertura da arca e pôde ver que a terra estava enxuta, algo que se deu totalmente no segundo mês, ao vinte e sete dias (Gn.8:14), ou seja, um ano e dez dias depois do início do dilúvio. Só, então, Deus mandou que Noé saísse da arca, abrindo a porta. Noé e sua família saíram da arca, assim como todos os animais e o primeiro gesto de Noé foi edificar um altar ao Senhor, fazendo um sacrifício para agradecer pelo livramento.
Como resultado deste gesto de Noé, que muito agradou ao Senhor (Gn.8:21), Deus abençoou a Terra, dizendo que não mais a destruiria novamente com um dilúvio e que, a partir de então, haveria a sequência das estações do ano, sem qualquer nova destruição com água. Noé, com seu ato de adoração, tornou-se uma bênção para toda a Terra.

CONCLUSÃO
O Senhor quer que sejamos uma benção: sal da terra e luz do mundo (Mt.5:13-16). Que façamos a diferença neste mundo corrompido.
Noé havia obedecido a Deus e sido poupado do juízo divino. O Senhor disse que, com ele, estabeleceria um pacto. Um novo tempo se iniciava para a humanidade, a chamada dispensação do governo humano e é sobre isto que falaremos na próxima lição.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Online.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal.
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Dicionário da Bíblia, Teologia e Filosofia – R.N. CHAMPLIN.
Dicionário wycliffe.
Comentário Bíblico Através da Bíblia (Gênesis) - Itamir Neves de Souza; John Vernon McGee.
Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.
Pequena Enciclopédia Bíblica – Orlando Boyer – IBAD.
Lições Bíblicas CPAD – 4º Trimestre – 2015.
Revista Ensinador Cristão – nº 64 – CPAD.
O Começo de Todas as Coisas. Claudionor de Andrade – CPAD.
Portal EBD – Dr. Caramuru Afonso Francisco.
Consultas a sites de Estudos Bíblicos.


 

 

sábado, 7 de novembro de 2015

O IMPIEDOSO MUNDO DE LAMEQUE



4º TRIM. 2015 – LIÇÃO Nº 6 – O IMPIEDOSO MUNDO DE LAMEQUE

O Começo de Todas as Coisas – Estudos sobre o livro de Gênesis


INTRODUÇÃO
Na sequência do estudo do livro de Gênesis, estudaremos o final do capítulo 4 até o capítulo 6.

I – A CIVILIZAÇÃO CAIMITA
Deixamos Caim, na lição anterior, saindo da presença de Deus e indo habitar na terra de Node, que ficava na banda do oriente do Éden (Gn.4:16). Apesar de lhe ter sido dado um sinal (Gn.4:15) que o impedia de ser morto por quem o achasse, mostrava a grande misericórdia de Deus. Ele manteve sua decisão de se esconder da face do Senhor (Gn.4:14). Indo morar na terra de Node, que ficava da banda do oriente do Éden, era desse lado que se encontrava a espada inflamada que impedia o acesso à árvore da vida (Gn.3:24), como que a justificar que não havia mais solução para ele.

OBS: O homem sem Deus e sem salvação, muitas vezes é convencido por Satanás que não há mais solução para ele.
Trata-se de mais uma mentira satânica, pois o apóstolo Paulo afirma que alcançou a salvação em Cristo (I Tm.1:13-16) – onde abundou o pecado, superabundou a graça (Rm.5:20). Portanto, não há limite para a ação da graça de Deus.

Caim casa-se, forma uma família e tendo um filho (Gn.4:17). O filho de Caim chamou-se Enoque, cujo significado é “iniciado”, “ensino”, “professor”, “treinado” e “dedicado”, segundo os estudiosos.
Caim mostra, com a nominação de seu filho, a intenção de dar início a uma geração que vivesse sem precisar de Deus, que mantivesse Deus fora de sua mentalidade.
O sinal que Deus lhe havia dado, em vez de levá-lo ao arrependimento, serviu para endurecer ainda mais seu coração e aproveitar esta imunidade que lhe havia sido dada pelo Senhor para construir uma descendência que o perpetuasse na face da Terra.
Caim, sabendo que não poderia mais lavrar a terra, ante a maldição divina (Gn.4:11,12), resolveu edificar uma cidade e temos aí a primeira cidade criada na história da humanidade, dando à esta o nome de Enoque, dando início a uma posteridade que seria independente de Deus.
Aparentemente, Caim foi bem sucedido em seu intento. Sua descendência proliferou e a civilização foi tomando forma (Gn.4:18). Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “o conjunto de aspectos peculiares à vida intelectual, artística, moral e material de uma época, de uma região, de um país ou de uma sociedade”, é o estabelecimento de um modo de viver por parte do ser humano.
Enoque teve como filho primogênito a Irade, nome cujo significado é “fugitivo”, a reforçar a ideia de que este povo viveria alheio ao Senhor, fugindo de Sua presença.
Irade, por sua vez, teve como primeiro filho Meujael, cujo significado é “destruído de Deus” ou “ferido por Deus”, mais um nome que indica a persistência da intenção de Caim em sua linhagem, a mostrar uma mentalidade de descrença em Deus e de consideração de que Deus não Se importava com o ser humano, não estava disposto a perdoá-lo.
Meujael teve como primogênito a Metusael Seu significado é “homem de Deus” ou “homem de deus”, que Russell Norman Champlin entende ser “…talvez alusivo ao antigo deus Selah, também chamado Sin. Em tal nome, vemos, pela vez primeira, uma tendência de se considerar o homem como divino, mais uma indicação de que se cria, na civilização caimita, que o homem era “igual a Deus, sabendo o bem e o mal”. Era o predomínio da autossuficiência, da crença de que se poderia viver sem Deus.
Metusael, por sua vez, teve como primogênito a Lameque, que é considerado o protótipo, o ícone, o modelo de toda esta civilização, tanto que foi escolhido para representar este povo no título da lição. “Lameque” significa “poderoso”, “moço forte”, “selvagem”, “derrubador”.
Lameque, como a quinta geração de Caim foi de mal a pior.

1º) Foi o primeiro polígamo da história da humanidade. Mesmo Caim mantendo a instituição familiar, sendo marido de uma mulher, no entanto, sua descendência sem Deus, não demora a destruir esta instituição criada

por Deus – a família. Nesta nossa sociedade ou civilização temos visto proliferar em nações que se dizem cristãs (algumas até se rotulam como “pós-cristãs”), uma série de leis para destruir a instituição famíliar, permitindo a união de pessoas do mesmo sexo, uniões alternativas ao casamento e até defender a poligamia como algo normal, como é o caso de projetos de lei existentes no Brasil, a chamada “união poliafetiva” e a própria descriminalização do crime de bigamia, como consta no projeto de Código Penal em tramitação no Congresso Nacional.

2º) Banalizou a violência para a vida social (Gn.4:23). Lameque tornou-se um assassino contumaz, alguém que resolvia seus litígios e desavenças com o derramamento de sangue. Não são diferentes os nossos dias, que o próprio Senhor Jesus denominou de “os dias de Noé” (Lc.17:26). 

3º) Era autossuficiente, soberbo, egoísta e individualista, mesmo conhecendo o ensino divino, pois gaba-se para suas duas mulheres por ter matado duas pessoas (Gn.4:23).Alguns dizem que isso era um poema para elas. Hoje em dia, vemos muitas pessoas desse mesmo tipo, gabando-se com o que faz com os outros.

4º) Lameque põe-se no lugar de Deus e encara uma sentença (Gn. 4:23,24). Ele rejeita que Deus é o dono da vida.

5º) Deus quando coloca o sinal em Caim é porque o amava e tinha misericórdia dele.
Lameque conta os dois crimes comoum “protegido”,” impune”, um valentão que se considerava maior que Deus, capaz de ser mais protegido que Caim. Até que ponto chegou a descendência de Caim! Flávio Josefo chega a afirmar que a posteridade de Caim se afundou em toda a espécie de crimes, não se contentaram em praticar os crimes dos pais, mas inventaram outros novos. Só havia entre eles assassinos e latrocínios, e os que não mergulhavam suas mãos no sangue, estavam cheios de orgulho e avareza.
Lameque, teve como filho primogênito a “Jabal”, nome cujo significado é “rio torrente” ou “derramamento”. É apresentado como sendo “o pai dos que habitam em tendas e têm gado” (Gn.4:20). Os caimitas, deixando as coisas espirituais de lado, não querendo buscar a presença de Deus, focou toda a sua criatividade, toda a sua racionalidade e inteligência nas “coisas da terra”, nas coisas materiais. Não demorou para que alcançassem êxito em suas habilidades e invenções, com isso teve um inegável desenvolvimento material.
Jabal deu início à mais ampla domesticação dos animais e à instituição da pecuária como atividade econômica, promovendo a domesticação de outras espécies animais. Como também providenciou a tecnologia das tendas, permitindo condições melhores nos deslocamentos, já que eram um povo nômade.
Mas Ada teve outro filho, chamado “Jubal”, nome cujo significado é “torrente região úmida”, “música”, “riacho”.
Jubal é apresentado como sendo “o pai de todos os que tocam harpa e órgão” (Gn.4:21) e o inimigo de nossas almas era provavelmente o encarregado da música na dimensão celestial.
Zila, a outra mulher de Lameque, teve como filho primogênito a Tubal-Caim, nome cujo significado é “tumulto, ferreiro”, “produto de forjas”. Ele é chamado de “mestre de toda a obra de cobre e de ferro”, ou seja, “pai da metalurgia”, “pai da tecnologia”.
O homem, criado por Deus como ser pensante e inteligente, é capaz de criar uma “tecnologia”, ou seja, como diz o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, “teoria geral e/ou estudo sistemático sobre técnicas, processos, métodos, meios e instrumentos de um ou mais ofícios ou domínios da atividade humana.
O texto sagrado diz que Zila teve uma filha, chamada “Naamá”, nome cujo significado é “agradável”, “doce”, “deleite”, “prazer”. A tradição judaica identifica Naamá como a primeira prostituta da face da Terra. Seu nome revela o protagonismo que tinha, a civilização caimita, o prazer, a busca da satisfação dos desejos, dos instintos, ou seja, uma civilização dominada pela concupiscência, pelos desejos incontrolados, pela vontade da carne, algo típico de quem vive na carne.
Nas genealogias, os autores não enfatizam os nomes das mulheres, a não ser se tivesse algo relevante. Naamah, no hebraico é "A bela, a graciosa". No rodapé da Bíblia de Jerusalém, diz que Caim é o construtor da primeira cidade, o pai dos pastores, dos músicos, dos ferreiros e das meretrizes.

II – A LINHAGEM DE SETE (OS FILHOS DE DEUS)
O primeiro casal teve um outro filho, que foi dado por Deus em substituição a Abel. Este filho foi chamado de Sete, cujo significado é “compensação”, “fundador”, “broto” ou “designado”.

Eva, mais uma vez atribuindo a Deus a bênção da maternidade, disse que Deus lhe havia dado uma semente em lugar de Abel. Vemos que, quando Sete nasceu, Caim já havia iniciado a sua civilização, de modo que não chegou a conviver com Sete.
Não é de imaginar que, pelo próprio nome dado a Sete, cria o primeiro casal que, com Sete, se renovaria a esperança do cumprimento da vinda da “semente da mulher” que restabeleceria a comunhão entre Deus e o homem.
Sete mostrou-se, mesmo, ser a “compensação” da perda de Abel. Construiu uma vida que deu prioridade a Deus, buscou servir ao Senhor, seguindo o exemplo de Abel e foi o primeiro homem a usar o livre-arbítrio para servir ao Senhor.
Quando teve o seu primeiro filho, deu-lhe o nome de Enos, cujo significado é “homem”, “humanidade”, “mortal”, “decadência”, onde , a partir de então, se começa a invocar o nome do Senhor (Gn.4:26).
Sete tinha mentalidade e demonstração de buscar a Deus em primeiro lugar, já que fora criado a imagem e semelhança de Adão (Gn. 5:3), sete tinha a confiança que dependemos de Deus. Enos também é conhecido como o “primeiro amante da esperança”.
Sete demonstrou, assim, ter não somente crido na promessa da redenção, mas ter despertado a esperança de seu cumprimento, que poderia ser o seu filho Enos, daí ter lhe dado o nome de “homem” ou de “mortal”. Criando seu filho nesta esperança, começou a construir uma linhagem de pessoas piedosas, uma civilização que punha Deus em primeiro lugar na vida, que entendia que a vida só tem sentido se houver um relacionamento com Deus, se se buscar superar esta existência terrena mediante uma eternidade juntamente com o Criador.
Sete dá, assim, origem ao primeiro povo de Deus. Um povo que aceitava  o senhorio divino, a prioridade espiritual sobre a vida material, um povo que busca estar com o seu criador e obedecê-lo.
Enos teve como filho primogênito a Quenã (Gn.5:9), nome cujo significado é “fixo”, “adquirido” ou “gerado”. Temos aqui a ideia de que os filhos são “herança do Senhor” e de que havia uma intenção de se buscar sempre a presença do Senhor, de tudo se atribuir a Deus.
O filho primogênito de Quenã foi Maalalel, cujo significado é “louvor de Deus”, a reafirmar o intento de se construir uma civilização baseada no senhorio de Deus, para louvor e adoração.
Maalael teve como filho primogênito Jarede, cujo significado é “descida”, “terra baixa”, que dá a ideia da incapacidade humana e da absoluta necessidade de Deus. Também fala da humildade. O Senhor Jesus disse: aprendei de mim que sou manso e humilde de coração (Mt.11:29).
Jarede teve como filho primogênito Enoque, que significa “iniciado”, “ensino”, “professor”, “treinado” e “dedicado”. Ao contrário do primogênito de Caim, tem o início da comunhão com o Senhor. Na sexta geração da linhagem de Sete, chegava-se a uma intimidade com Deus, pois o texto sagrado diz que “Enoque andou com Deus” (Gn.5:22).
Muito provavelmente, neste período os filhos de Sete começam a ser contato com os filhos de Caim, que os dois povos iniciam uma mistura (Gn.6:1), porém Enoque continuou firme, andando com Deus, não abandonando os princípios estabelecidos desde Sete.
Enoque é o primeiro profeta (Jd.14,15), aquele que foi o primeiro porta-voz do Senhor. Viveu ele, trezentos e sessenta e cinco anos sobre a face da Terra e não foi mais visto, pois Deus o tomou para Si (Gn.5:23,24). Enoque foi trasladado para não ver a morte, pois alcançou testemunho de que agradara a Deus (Hb.11:5,6).

III – A DEGENERAÇÃO COMPLETA DA HUMANIDADE

1º) O primeiro resultado da miscigenação foi o abandono dos princípios piedosos da linhagem de Sete e a absorção da mentalidade materialista e profana da linhagem de Caim. O resultado de tudo isto, foi o Senhor estabelecer um limite de idade de vida para os homens (Gn.6:4).

2º) Admiração pela valentia, pelo uso da violência. Os gigantes varões de fama (Gn. 6:4) era a prevalência do terreno sobre o celestial. Não pode haver comunhão entre luz e trevas (II Co.6:14).

3º) Tem início, então, a apostasia por parte do primeiro povo de Deus, apostasia que lança o fim da dispensação da consciência. Temos, então, os chamados “dias de Noé” (Mt.24:38; Lc.17:27). Jesus disse: Comiam e bebiam, buscavam tão somente satisfazer seus desejos e necessidades relativo as coisas desta vida.


4º) Este estado de coisas motivou o juízo divino. Mas Noé achou graça aos olhos do Senhor (Gn.6:8), porque era varão justo e reto, seguindo o exemplo de Enoque, o pregoeiro da justiça (II Pe. 2:5).

5º) Durante cem anos, Noé pregou, visto que tinha quinhentos anos quando o Senhor lhe falou e quando veio o dilúvio, ele estava com seiscentos anos. 

CONCLUSÃO
Vivemos nos dias de Enoque e Noé.Tempos difíceis! Que possamos estar firmes na presença do Senhor, para não sermos pegos de surpresa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Online.
Bíblia de Estudo Pentecostal.
Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo Plenitude.
Dicionário online de Português.
Dicionário da Bíblia, Teologia e Filosofia – R.N. CHAMPLIN.
Dicionário wycliffe.
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Comentário Bíblico popular (Antigo Testamento) - William Macdonald.
Pequena Enciclopédia Bíblica – Orlando Boyer – IBAD.
Lições Bíblicas CPAD – 4º Trimestre – 2015.
Revista Ensinador Cristão – nº 64 – CPAD.
O Começo de Todas as Coisas. Claudionor de Andrade – CPAD.
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