3º TRIM. 2016 – LIÇÃO Nº 4 – O TRABALHO E ATRIBUTOS DO GANHADOR DE ALMAS
O DESAFIO DA EVANGELIZAÇÃO – Obedecendo
ao ide do Senhor Jesus de levar as boas novas a toda criatura
INTRODUÇÃO
O trabalho
de ganhar almas é de iniciativa divina e somente quem tem comunhão com o Senhor
pode fazê-lo, tendo de preencher alguns requisitos para realizar seu trabalho
de evangelização.
I – O TRABALHO DO
GANHADOR DE ALMAS
1.1. Definição de
Evangelista.
Aquele que é chamado para pregar o Evangelho em muitos
lugares.
1.2. Evangelista no
Antigo Testamento.
Portador de Boas-Novas.
1.3. Evangelista no Novo Testamento.
Apesar de Filipe receber o título, a Igreja como um todo
evangelizava.
A expressão “ganhador de almas” é
bíblica, pois, em
Pv.11:30, Salomão nos diz que “quem ganha almas sábio é”, sentença que se
encontra em paralelismo com “o fruto do justo é árvore de vida”, e, como
sabemos, o “paralelismo hebraico” traz a mesma ideia por meio de palavras
diferentes. Portanto, “O significado certamente é que o sábio ganhe a vida de
outras pessoas por meio do seu exemplo, da mesma forma que a sua justiça seja
uma árvore de vida para outros como também para si mesmo” (frutifica).
Antes de falarmos dos atributos do ganhador de almas,
faz-se preciso, dentro do propósito de nossa lição, entender qual é o trabalho
do ganhador de almas.
Como já vimos nas lições anteriores que a evangelização é o
ato de evangelizar e evangelizar é pregar o Evangelho e pregar o Evangelho é
pregar o reino de Deus, pregar Jesus Cristo, pregar a Palavra de Deus.
Vemos, pois, que o
trabalho do ganhador de almas é:
1) Manejar bem a Palavra de Deus (conhecer bem as Escrituras).
É o que vemos tanto em Jesus quanto nos apóstolos: total domínio
do conteúdo da Bíblia Sagrada. Podemos ver nos trabalhos
evangelísticos dos apóstolos e dos demais integrantes da igreja primitiva, o
conhecimento das Escrituras como um elemento basilar nas pregações (I
Co.15:3,4; Lc.24:45-48). Não há como evangelizar
se não tivermos conhecimento da Palavra de Deus. Portanto, Paulo bem disse a
Timóteo (II Tm.2:15).
O estudo da Palavra de Deus, além de ser fundamental para o
nosso crescimento espiritual, para a nossa santificação (Jo.17:17; Hb.12:14),
para que possamos chegar à glorificação, visto que sem a santificação ninguém
verá o Senhor, além de ser indispensável para a nossa sobrevivência espiritual,
vez que a Palavra de Deus nos é tão essencial para o homem interior como é o
pão para o nosso corpo físico (Mt.4:4), é também uma atitude imprescindível
para que possamos cumprir a Grande Comissão, para que possamos ganhar almas
para o Senhor Jesus. Eis um dos fatores pelos quais hoje a evangelização vem
sendo tão negligenciada e há um déficit muito impressionante nas igrejas locais
em relação a este ponto: o desconhecimento da Palavra de Deus.
Obs: O
conhecimento das Escrituras não é um mero conhecimento intelectual. “Manejar bem a Palavra da
verdade” envolve não só habilidade para encontrar textos bíblicos, saber
interpretá-los e relacioná-los com outras passagens bíblicas, mas, também, ter
uma vida condizente com o que é pregado (At.1:1; Ed.7:6,10). Estamos aqui no
sentido hebraico da palavra “conhecer”, que significa ter intimidade, ter experiência,
vivenciar o que consta nas Escrituras.
Vemos que o Senhor Jesus vivia orando em todo o Seu
ministério terreno. A oração era tanta na vida de Cristo que os Seus discípulos
resolveram pedir que Ele os ensinasse a orar (Lc.11:1). Vejamos outras
referências quanto a necessidade da oração (Lc.6:12,13; At.1:14; At.3:1;
At.2:42; At.10:1,2 e 9; At.9:11,19-21). Portanto, não há como evangelizar sem
que se tenha uma vida de oração, sem que se mantenha uma comunhão estreita com
o Senhor Jesus e se desfrute da companhia do Espírito Santo.
3) Oração reforçada
com o jejum.
Depois da partida de Cristo para os céus, o jejum é
necessário para os discípulos do Senhor Jesus (Mt.9:15; Mc.2:20; Lc.5:35). O jejum fortalece o espírito do ganhador de
almas, mortifica a carne e lhe dá condições, inclusive, de enfrentar
toda a sorte de hostes espirituais da maldade, já que, no trabalho de
evangelização, é imperioso que se esteja apto para expulsar demônios e curar
enfermos (Lc.9:1; 10:1,9) e há espíritos malignos que somente podem ser
expulsos com jejum e oração (Mt.17:21; Mc.9:29).
4) Um desejo ardente de ganhar almas para o Senhor Jesus.
Este, deve ter o amor de Deus em seu coração. O Senhor Jesus veio ao mundo para
salvar a humanidade (Jo.3:17) e sentia compaixão pelas almas (Mc.6:34) e este
mesmo amor divino foi derramado pelo Espírito Santo no coração dos salvos
(Rm.5:5), de modo que o membro em particular do corpo de Cristo tem, também,
este mesmo desejo ardente de levar a mensagem da salvação para toda a criatura.
É imbuído deste amor que o ganhador de almas chega a fazer-se ‘tudo para todos,
para por todos os meios chegar a salvar alguns’, I Co.9:19,23. Portanto, a
maior prova de que possuímos a natureza de Deus é que queremos ganhar almas
para Ele ainda que para tal tenhamos de colocar em risco a nossa vida:
At.20:23,24.
Como já
temos visto, O conteúdo da evangelização é a pregação do Evangelho, que é a
pregação do reino de Deus, de Jesus Cristo e da Palavra de Deus. Portanto, pregar o Evangelho:
_ não
é uma profissão;
_ não
é dar esmolas,
_ não
é reformar as pessoas.
A
salvação não é adquirida pelo fato de alguém levantar a mão, deixar de fumar,
recusar a bebida forte, e abandonar todos os vícios. Se o homem pudesse
salvar-se, só exercendo o poder da vontade, Deus não teria dado Seu Filho para
sofrer no Calvário. Mas é promover uma transformação (Rm.12:2), o surgimento de
uma nova criatura.
_ não
é atrair alguém ao pregador, mas, sim, levá-lo a Cristo Jesus.
A alma é
atraída pela personalidade ou eloquência do pregador, que permanece fiel só
durante o tempo que o pregador fica presente. O grande número de almas que
Paulo ganhou para Cristo, não foi atraída pela personalidade de apóstolo. “Sua
presença corporal é fraca’ (II Co.10:10).
_ É
pescar.
Quando
Jesus chama Pedro, Tiago e João para O seguir, no episódio da pesca
maravilhosa, o Senhor lhes diz que eles seriam “pescadores de homens”
(Lc.5:10). “…A palavra nesta passagem no original traduzida literalmente, quer
dizer: ‘Apanhar homens vivos’, dando a ideia de salvá-los completamente.
Quando
verificamos a atividade da pesca, vemos que é possível a pesca com anzol, em
que se pescam os peixes um a um, como também a pesca com redes, em que há uma
pesca coletiva de peixes. Pedro, mesmo, é apresentado, no texto sagrado, em
ambas as situações: pescando um peixe com anzol (Mt.17:27) e com rede
(Lc.5:5,6; Jo.21:6,8,11).
A causa formal da evangelização é a sua maneira de ser, o modo pelo
qual ela se apresenta e, quando o Senhor Jesus disse que Seus discípulos seriam
“pescadores de homens”, de pronto nos apresenta dois modos de evangelismo, dois métodos de evangelização:
1) O
evangelismo pessoal (a pesca individual, “com anzol”).
É o
evangelismo feito individualmente, num contato direto com uma pessoa. Foi este
o evangelismo praticado pelo Senhor Jesus com a mulher samaritana (Jo.4:1-28),
com Nicodemos (Jo.3:1-21), com o paralítico do tanque de Betesda (Jo.5:1-15),
entre outros episódios.
Vantagem:
É que todos podem evangelizar. Além de contribuir para o crescimento quantitativo da
igreja, contribui, também, para o crescimento qualitativo do crente. Pois
quando ele ganha uma alma para Cristo, além de se sentir útil e realizado,
também ganha autoconfiança.
Neste
evangelismo, o ganhador de almas alcançará as pessoas pelo método direto, através de perguntas (At.8:30-35), aproveitando circunstâncias ocasionais,
tais como situação mundial à luz das profecias; pelo método da literatura, utilizando literatura selecionada e
objetiva, aproveitando comemorações (Natal, Páscoa etc.), usando literatura
conforme a idade, orando para a semente germinar, falando algo para a pessoa a
quem se pretende dar a literatura; aproximando-se
das almas no plano em que se encontram (At.8:26,29; Jo.4:7; At.8:30); sendo atenciosos (Jo.4:18 – “disseste
bem”; Lc.10:28 – “respondeste bem’); usando
o tato (I Co.9:19-22); falando
com convicção (At.27:25); Jo.9:25; II Tm.2:12); sendo positivo; não
discutindo (II Tm.2:24,25); dando
ênfase ao Salvador nunca à igreja (At.4:12; Jo.14:6; 4:20-29); no aconselhamento, enfatizando a maior necessidade (Jo.3:13);
fazendo o diagnóstico e aplicando o
remédio (Mc.10:17-21); usando de
sabedoria (Pv.11:30) na
aproximação (Rm.10:19), nas
palavras (Mt.10:16) e nos
métodos (Tg.1:5,6); tendo conhecimento
próprio da Palavra de Deus (II Tm.3:15,16); tendo perseverança (Tg.5:7).
2) O
evangelismo em massa, também chamado de “evangelismo impessoal” (pesca coletiva
- rede).
“…Por
evangelismo impessoal, refiro-me ao ato em que, embora o pecador possa até
estar presente ao crente, ele não tem contato direto com ele. Dois exemplos
dessa modalidade estão em Mateus 5:1-12, em que se relata o Sermão da Montanha
realizado pelo Senhor Jesus e Atos 2:14-36, em que se relata o discurso de
Pedro no dia de Pentecoste. Queremos destacar aqui que toda modalidade de
evangelismo em massa é impessoal. Evangelismo por meio de filmes, de
literatura, do rádio, da televisão; todas essas formas também são impessoais,
tanto para os que falam como para os que ouvem. Em face dessa definição, fica
claro que a maior parte das modalidades de evangelização praticadas hoje em dia
são impessoais, pois não há qualquer contato individual do evangelizador com o
evangelizado.…” (MARINHO, Espedito Nogueira. op.cit., p.26)
A
causa eficiente da evangelização, ou seja, “…aquela que, por sua ação-física, produz o
efeito…” é o Espírito Santo.
Há,
também, a chamada causa eficiente instrumental, aquela que “esteja ao
serviço da principal. O próprio evangelizador, aquele que se põe à
disposição do Senhor Jesus para divulgar a mensagem da salvação, que tem
atributos indispensáveis, que é o que veremos a seguir.
II – OS ATRIBUTOS DO GANHADOR DE ALMAS
Tendo em vista no que
consite o trabalho da evangelização, é preciso que verifiquemos quais os atributos,
ou seja, quais as qualidades, características que deve ter o ganhador de almas.
Só pode ganhar almas:
1) O
crente que tem a certeza da salvação: “…Há muitos que querem salvar o próximo, sendo eles
mesmos perdidos. É-nos impossível elevar o próximo a um grau mais alto do que
aquele em que estamos. O indivíduo que quer ganhar almas, deve ter,
primeiramente, uma experiência definida com Cristo (I Tm.1:15), e a certeza de
que Cristo levou os seus pecados no Seu corpo, na cruz e que Ele está
diariamente libertando-o do poder do pecado...”
2) O que tem bom testemunho, citando I Tm.3:7. Como já
dissemos supra, não há como se pregar o Evangelho eficiente e eficazmente se
não se viver o Evangelho. Pregar sem vivenciar a Palavra de Deus é ser um
hipócrita religioso, é repetir a triste experiência de escribas e fariseus, que
foram o alvo principal da indignação do Senhor Jesus em todo o Seu ministério
terreno. É absolutamente imprescindível viver aquilo que se prega. Uma das
razões pelas quais a Palavra de Deus não dá o fruto que o Senhor Jesus diz ser
ela capaz de dar na parábola do semeador é a falta de compromisso do pregador
com a Palavra que prega. A definição do pregador é a vida e o exemplo
(Mt.13:3).
Neste
atributo de viver aquilo que se prega, tem-se que o ganhador de almas passa a
ser irrepreensível,
ou seja, alguém que não é reprovado pelos que o cercam, a não ser nas próprias
atitudes que revelam ser ele um servo de Cristo Jesus (Cf. I Pe.2:12), um
legítimo “filho de Abraão”, a quem o Senhor exigiu que andasse em Sua presença
e fosse perfeito (Gn.17:1), exigência que é ainda hoje imposta a cada salvo,
que devem ser “irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio
duma geração corrompida e perversa entre a qual resplandeceis como astros no
mundo” (Fp.2:15).
3) O que está em santidade.
Ou seja,
a cada dia se aproxima mais do Senhor, pois é uma pessoa que conhece e medita
nas Escrituras, ora e jejua como já vimos anteriormente.
4) O que está cheio do Espírito
Santo.
Este também apresenta amor pelas almas, como já
vimos.
Estando cheios do Espírito Santo, Ele nos prepara: guiando-nos em toda a verdade:
Jo.16:13; ensinando-nos o que falar: Lc.12:12; lembrando-nos da Palavra:
Jo.12:26; ajudando as nossas fraquezas: Rm.8:26; II Co.3:5,6; ajudando-nos a
orar como convém: Ef.6:18; Rm.8:26; dando-nos autoridade para falar: At.4:33;
capacitando-nos a falar com convicção: At.2:37.
CONCLUSÃO
Como afirma o
missionário Orlando Boyer: “…Já ganhaste uma alma para Cristo? Já
experimentaste? Conheces alguém atualmente na glória, com Cristo, levado por ti
a Ele? Ou conheces alguém que está no caminho para o céu, porque o informaste
do Salvador?
Se fossem desvendados os teus olhos, neste momento, para
contemplar a eternidade, e se te fosse revelado que tens de passar para lá,
neste ano não desejarias depositar aos pés do Salvador algum presente como
prova de teu amor? Pode haver um presente tão precioso ou aceitável ao Mestre,
como uma alma ganha para Ele, durante um ano? As palavras dos maiores, na
história da Igreja de Cristo, revelam como o coração os abrasava com este
desejo…” (op.cit., p.8).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Bíblia Online.
Bíblia de Estudo
Pentecostal.
Bíblia de Estudo – Aplicação Pessoal.
Bíblia de Estudo
Plenitude.
Dicionário online de
Português.
Dicionário da Bíblia, Teologia e
Filosofia – R.N.
CHAMPLIN.
Dicionário wycliffe.
Dicionário Houaiss.
Comentário Bíblico Beacon - William M. Greathouse Donald S. M – CPAD
Comentário Bíblico popular (Novo Testamento) - William
Macdonald.
Pequena Enciclopédia Bíblica –
Orlando Boyer – IBAD.
Lições Bíblicas CPAD – 3º Trimestre – 2016.
Revista Ensinador
Cristão – nº 67 – CPAD.
O desafio da Evangelização – Pr.
Claudionor de Andrade – CPAD.
Esforça-te para ganhar almas –
Orlando Boyer.
Manual
de Evangelismo – Valdir
Bícego
Guia do Leitor da Bíblia – Lawrence O. Richards.
Portal EBD – Dr. Caramuru Afonso Francisco.